sobre livros e a vida

28/09/2013

Aleatoriedades e um café, por favor #16 – Perdida nas Escolhas

Hey, Tchucos 🙂

Tudo bem com vocês?

                                                 

Perdida nas Escolhas
Tomando
café na varanda, sentindo um dia de verão, mesmo estando em plena primavera,
28 92013 

Eu menti para você.
Quando lhe enviei a primeira carta, legando que estava sentindo saudades do que
tínhamos e tal, era uma grande mentira. Há um motivo maior por trás do envio
daquela primeira carta – e em conseqüência todas as outras.
Você pode ficar furioso, mas …
Eu preciso lhe contar a verdade, então leia isso até o final, por favor.

Eu escolhi.

Eu sei,
vaga a minha resposta, mas tem toda uma história por trás dessa escolha que me
fez chegar ao envio da carta a você.
Tudo começou em um dia de sol, era verão, as pessoas saiam na rua com suas
roupas leves, toalhinhas em punhos para afastar o suor e com olhares em busca
de uma brisa gélida que fosse para lhe refrescar. Eu caminhava naquela rua
imune de tudo aquilo. Se estiva sol ou chuva, pouco me importava, eu só queria
que aquele dia, como os outros, terminassem.
Naquela tarde foi a minha primeira sessão de terapia.
Eu escolhi freqüentar um terapeuta por motivos óbvios.
Não posso lhe dizer hoje, se tem funcionado, mas que estou muito mais aberta a
falar de meus sentimentos, estou. Cheguei ao ponto de recomendar as minhas
amigas mais perdidas, como eu, a freqüentarem um, claro, não o meu, pois ele é
só meu. Odeio dividir achados.

Eu o chamo de Holmes, escolha minha também que ele aceitou sem torcer o nariz.

Eu e Holmes
falamos de tudo um pouco.
Tudo que eu precisava, alguém com quem pudesse falar abertamente sobre o que me
desse na telha, sem ser julgada, apenas questionada, mas nunca apontada,
humilhada ou acusada por tais pensamentos. Quando contei a ele sobre o meu
desejo do mundo simplesmente acabar, como os Maia tanto previram e não
aconteceu, ele assentiu, concordando com a minha visão rebuscada sobre um novo
mundo. Sabe o que houve quando eu contei isso aos meus amigos? Eles pularam em
cima de mim feito uma horda de zumbis com seus iphones em mãos, sapatos de
marcas, corpos fissionados no que é atraente e olhos psicodélicos.

Mas que droga, Holmes! Eu disse naquela sessão, irritada. “Estamos
vivendo em uma falsa liberdade de expressão e isso é uma droga. Dizem que
podemos falar, pensar e sentir o que desejamos, até mesmo postar isso em
jornais, revistas, blog’s, twitters e tumblr, mas na hora H, na hora de ser
lido e observado como uma opinião, as pessoas sabem apenas pular em cima da
pessoa com ofensas, os egos inflados e dedos apontados em riste gritando em
coro: Burn, Witch, Burn. Quando digo que quero que o mundo acabe é por causa de
gente assim. Cega de pensamento. Mente pequena, num mundo tão grande. E daí que
o John, dono da padaria da esquina é gay. O senhor não sabia? Pois bem, ele é
gay. E daí? Adoro ele, amo os pães que ele faz, o namorado dele, Adam, é um
amor de sujeito, os dois fazem um lindo casal. Mas tem gente que não vai mais
lá pois acha, nas palavras dessas pessoas: “pecado”. Mas oshe, e se for? O que
você, eu e sicrana tem a ver com isso? Se for pecado, isso é problema deles com
Deus. Mas vejo Deus como um homem tão tranqüilo que não consigo vê-lo
castigando duas pessoas só por se amarem. Se essa gente, que fica apontando
dedos para o que acham errado, jogasse essa energia no que realmente fosse
errado como a política bandida que temos, pais que trazem seus filhos ao mundo
e os largam, abandono de animais, pessoas sem um lar, injustiça … Nossa, com
certeza descobriríamos o que é essa tal de paz mundial.”

Pois é, eu nunca disse isso a ninguém, mas eu sonho com a paz mundial, mesmo
que ache a guerra necessária, mas é … eu quero a paz mundial.
Eu escolhi a paz mundial, mas num mundo onde as pessoas apenas falam o que
querem, mas correm na outra direção por medo de serem julgados, eu me encolhi
em medo.
Mas não mais …
Agora vou falar o que penso e sinto.
Eu escolhi assim.
Eu escolhi ser uma diarreia verbal tagarelante e ambulante.
Da mesma forma que Adam escolheu o John no meio daquela feira vintage ao sul da
cidade.do mesmo modo que eu escolhi aquele rapaz bonitinho da livraria como meu
próximo interesse amoroso ou como aquela senhora escolheu não amar mais ninguém
além dela mesma.
São escolhas. Independente se são certas ou erradas aos olhos de alguém o que
importa é que para nós, no momento que escolhemos, é o que nos cabe como certo.
Todos temos direitos infinitos sobre as nossas escolhas, mas isso não quer
dizer que devemos desperdiçá-las por ouvir fulano, ouvir sicrano ou por ouvir a
voz do medo.
São nossas escolhas, apenas nossas, ninguém tem nada a ver com isso, só você.

Holmes disse que eu precisava escolher entre um diário e você.

Bom, …

Você.

Um grande beijo, daquela que é sua pessoa hoje e sempre,

Ann

Ann nunca foi muito boa em escolher.

22/09/2013

Aleatoriedades e um café, por favor #15 – Dar e Fazer

Ciao, Folks 🙂
Tudo bem? 

                                             


Dar é fazer
Esperando o ônibus, 21/09/2013

Algumas
nascem para dar amor, outros para fazer.
Acordei com
essa frase hoje.
Não sei da onde surgiu, mas agora que está aqui, não quer me deixar.
Tomei banho, café da manhã, li o que achei de importante no jornal, conversei
com meus pais no telefone, respondi uma mensagem do meu melhor amigo, a frase
estava ali, sussurrante em meu ouvido, grudada em minha mente como um chiclete,
não daqueles macios e gostosos de mascar, que nos fazem esquecer da vida, mas
do tipo que é duro e que não desgruda, que a cada mascada parece que estamos
pagando uma penitência.
Quando a frase brotou em minha mente novamente estava no ponto de ônibus, a
encarei de frente, cheia de ginga e de marra, odiava ficar com essas frases sem
respostas em minha mente.
Sempre fui do tipo direta, essa coisa de deixar para depois é para gente
preguiçosa e com medo da verdade, prefiro mil vezes uma verdade dolorosa do que
uma mentira bem contada, sobre a preguiça … sempre gostei da preguiça, temos
uma relação de cumplicidade, logo, ela me deixa ser direta e eu a deixo me
dominar por pelo menos 2 hrs por dia.
”Que que foi, o que que há?”
”Que paranaue é esse o seu? Dar amor, fazer amor? O que você quer me dizer?”

O silêncio dominou minha mente.
Olha, é simples. Eu sempre acreditei que existe dois tipos de pessoas no mundo,
as que tem sorte e bem, as que não tem, e isso vale em todas as casas de nossas
vidas, principalmente a amorosa. Dar e Fazer.
É a isso que se resume o amor.
Tem pessoas que nasceram exclusivamente para dar amor.
Para se apaixonar por alguém, se dedicar a ela, ser a pessoa que ela necessita,
seja como amigo, irmão, namorado, que lhe de amor, paixão, felicidade, momentos
de risada e de choro, porque a vida é feita de tristeza para a felicidade valer
cada minuto de sua existência. Sabe aqueles filmes românticos, com cenas
apaixonadas no meio da chuva ou com passeios românticos em dias ensolarados?
Então, pessoas que nasceram para dar amor irão viver esse tipo de momentos,
irão em seus momentos finais relembras deles com sorrisos nos lábios, olhos
brilhantes e um coração agitado. Pessoas que nasceram para fazer amor nasceram
para viver um amor que transcenderá os tempos.

Agora, tem
pessoas que nasceram para dar amor.
Selvagem,
com puxões de cabelos, gritos, beijos nos ombros, mãos nos quadris alheio, apertando,
sentindo, corpo colado e montado no outro, costas grudadas na parede,
arranhões, chupões, tudo com –ão. Tudo grande, tudo intenso, tudo … agora.
Quem faz amor, vive isso continuamente, capítulo por capítulo.
Quem dar amor, faz agora. Nada de amanhã, pois isso pode não existir.
Fazer, nós fazemos com alguém que não é transitório, alguém que está entre nós
há muito tempo, um grande amor que se tornou uma pessoa indispensável em sua
vida: um amigo, um amante.
Dar, é como um romance de banca. Nós lemos cada página querendo viver aqueles
amores cheios de intensidade e paixão, queremos dar o nosso coração àquele cara, dar nosso corpo, dar nossa alma, suspiro, palavras, gritos, berros, mas na vida real, quando olhamos ao
nosso arredor, queremos o amor, queremos … fazer.
Então,
seria no fundo, o dar apenas um caminho para fazer?
Ou o
contrário?
Ou nada
disso faz sentido e estou apenas entediada nesse dia de sol divagando sobre o
nada com o tudo.
Um grande
beijo, daquela que é sua pessoa hoje e sempre,

Ann 

A autora não sabe se faz ou dá.  

03/08/2013

Aleatoriedades e um café, por favor #11 – Viver Sem Tempo

Hello, folks 🙂
Tudo bem?

Viver Sem tempo

Não sei nem onde estou, pois estou sem tempo de olhar se quer para o lado, no
dia 03/08/2013
Estou sem tempo.
Uma amiga virou para mim com um olhar sábio, olhos de quem
dormiu às 8 horas de sono recomendadas pelos melhores médicos e um sorriso
jovial: Você faz seu tempo. Se você está se sentindo sufocada, é
porque não está sabendo administrar TODO o tempo que você tem
.
Que todo tempo, menina? Me diz aonde na minha vida existe
esse TODO tempo? Porque eu não to vendo!
Respondi, a olhando nervosa, cheia de livros e textos
para ler, com milhões de afazeres em casa, na rua, no trabalho, na
Universidade, até em um Colégio, na esquina de casa, eu tinha uns afazeres, e
já sai do colégio há muito tempo.
Eu mal tenho tempo para pentear os meus cabelos, agora
faço um nó e digo que é um coque chique para a vida social e aí das pessoas se
não acreditarem, minhas blusas nem passo, uso o mesmo coturno há semanas e o
mesmo vale para a minha jaqueta de couro, maquiagem? Faço dentro do ônibus,
espelho é luxo hoje em dia, comer? As vezes um fast food, as vezes um copo de
yogurt, as vezes nem isso.
Gente, eu realmente estou sem tempo, não é falta de
organização ou exagero de minha parte, eu não estou parando por nenhum segundo,
nem para dormir, porque quando durmo, minha mente é tomada pelos afazeres que
preciso realizar e adivinhe só? Eu as faço em meus sonhos, ou seja, nem
sonhando, eu consigo relaxar ou ter tempo.

Falta de tempo deveria ser doença, mas também deveria ser algo benéfico. Eu
escuto tanta gente falando que odeio estar ocupada sem tempo, mas eu gosto, por
mais que eu reclame que não tenho tempo para as minhas coisas, estar ocupada
quer dizer uma coisa: que eu estou em movimento. Seguindo com minha vida.
Caminhando na minha jornada ou o famoso: seguindo em frente. Viver sem rotina é
como se permitir, quando você vive em rotina, em algum momento, ao perceber
isso, você notará que sua vida está estagnada, como se você vivesse dentro de
uma caixa sabe? Você, sua vida e seu ciclo de amizades/ familiares vivem ali
dentro com você, não há caminhos, opções ou oportunidades inesperadas. É como
quando terminamos um relacionamento de anos com aquela pessoa, você a vê
seguindo em frente e você continua ali, na porcaria da sua vida, vivendo tudo que
vocês passaram juntos e se proibindo de se permitir viver o inesperado, e se
prendendo as migalhas do que restou de seguro daquela velha rotina. Isso, essa
é uma ótima forma de descrever a vida com e sem rotina: 
Com = Segurança

Sem = Inesperado, o Surpreendente, a Vida

A minha falta de tempo não é para algo especifico. Ta, isso pode ser uma
mentira, mas vejamos de um modo geral, tudo bem?
Minha falta de tempo é para tudo. Não tenho tempo para comer, pentear meus
cabelos, estudar, comer, tomar banho, conversar, sentar, ouvir música, pensar
… E assim vai, várias ações em verbo infinitivo deixando claro a
intensificação da situação. E essa minha amiga, me diz que é tudo questão de
ponto de vista, organização e controle. Mais controlada e organizada que sou,
impossível, se eu não fosse, não conseguiria encaixar tempo para tantas coisas
que preciso fazer. Tudo bem, esqueço de encaixar nesse meio tempo os afazeres
essenciais, mas as vezes precisamos nos sacrificar para conseguir seguir o
modelo de vida que desejamos. Eu, por exemplo, odeio rotina, estou reclamando
que estou sem tempo, mas estou amando essa minha vida agitada, cheia de coisas
novas para fazer diariamente, várias pessoas me ligando e mandando mensagem
pois precisam de minha ajuda, e eu tendo que me virar em duas para conseguir
corresponder a expectativa de todos, talvez seja essa parte ruim disso tudo, a
pressão e é por isso que estou me sentindo tão sufocada pela falta de tempo que
estou vivendo, pois sinto que uma falha minha e tudo vai desmoronar, mas eu
gosto dessa falta de rotina. Rotina é chato. Tedioso. Sem vida. Todos os dias
ir ao mesmo lugar, viver as mesmas situações, claro que tem seus diferenciais,
às vezes conhecemos alguém, às vezes vemos algo diferente, mas não é uma coisa
de movimento, Rotina é uma linha de nylon reta, que nem uma brisa a balança.
Viver sem rotina é uma linha de nylon, que está reta, mas é de qualidade ruim,
então se você pisa com força, ela arrebenta, você desaba na incerteza e no
inesperado. Viver sem rotina é viver fora da caixa, jogada ao inesperado. 
Tem coisa mais maravilhosa? Viver sem rotina é como se apaixonar, confuso, sem
segurança alguma, sem tempo se quer para pensar em outra coisa, apenas naquela
pessoa, mas isso é assunto para outra carta …

Talvez, eu só precise de um tempo.
Um grande beijo, daquela que é sua pessoa hoje e sempre,
Ann

Ann está vivendo fora da caixa e em busca de alguém para acompanhá-la nessa
trajetória, e está vivendo a base de café.

***
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23/06/2013

Aleatoriedades e um pouco de café, por favor #6 – Esquizofrenia Social

Hey, Folks 🙂
Tudo bem com vocês?

Esquizofrenia Social
No engarrafamento, em 22/06/2013

Ela me chamou de nojenta.

Ainda soletrou cada letra ao ver minha expressão de choque
ao ela dizer tais palavras, quase cuspi meu café na cara dela, o meu choque foi
por um motivo simples, de acordo com ela, mas para mim, foi algo sério.
Ela simplesmente achou no direito de me considerar nojenta
porque eu não tenho neuroses com meu corpo e minha beleza. Nas palavras dela:
“TODAS as mulheres do PLANETA tem alguma insatisfação em quem aparentam ser.” Eu
respondi: “Eu tenho insatisfação com quem criou essas neuroses a partir desses
conceito do que é “bonito” e o que é “feio”, e eu não sou todo mundo.” Odeio
generalização. Em tudo.
– Porque as mulheres precisam ser delicadas;

– Porque se um na turma tira 10, TODOS tem que ficar no
nível daquele aluno;
– A mulher precisa ser cortejada, e não ir em busca de um
par;
ARGH! Eu, na época romana, seria apedrejada em praça
pública porque eu não conseguiria ser uma bonequinha, controlada, sendo sempre
educada, calada e linda, para se casar com um homem mais velho, qualquer, sem
amor, apenas para procriar, e com o passar dos anos, as coisas não melhoraram
para nós, mulheres, se acham que hoje em dia, estamos vivendo o nosso auge de
liberdade gargalho para a sua ingenuidade. Olhar pro espelho, e não gostar do que
ver, é só mais um meio de controle, que a sociedade descobriu por meio do
inconsciente de nos controlar. Como a moda, os costumes e até mesmo pequenas
regrinhas do tipo: esperar o cara chegar em você, no entanto, pode se divertir
ficando com outros em uma balada que você não será chamada de “vadia”, apenas
de fácil dependendo da situação; Esses tipos de modelos que devem ser seguidos
são hipocrisias que nos tornam inseguras e quando seguimos isso, robôs.

E ai, surge uma mulher como eu, que diz não ter neurose em
NADA, e pronto, automaticamente, todas as mulheres ao seu arredor, do seu
bairro, do estado, do pais, do continente, do mundo, se unem contra você, te
olham, te julgam e gritam em uníssono: IMPOSSÍVEL! Você tem que ter alguma
neurose, você PRECISA ser insegura em algo.
E ai começa o momento maldoso, de apontar os defeitos que
você tem para tentar te levar para o grupinho das neuróticas:
– seu cabelo tem pontas duplas;
– Sua pele é oleosa;
– Você tem mal hálito.

– Você tem uma gordurinha escrota aqui;
– Você é alta demais;
– Você é baixa demais;
– Seu nariz é grande e a arredondado, e não combina com
seu rosto;
– Você deveria … mudar isso, aquilo, usar esse creme, se
maquiar menos, mais, pentear seu cabelo, deixá-lo crescer, cortar, pintar,
deixa na cor natural, e seus olhos: óculos são feios, bonitos, lentes nem
pensar, só colorido, da cor natural, se não, você fica fútil.
Gritei.
Desmaiei.
Acordei e elas continuaram com a listinha.
Gritei denovo, e corri como se fugisse de uma horda de
zumbis, mas estava era fugindo daquelas frases, neuras, conceitos da sociedade
que começaram a me assombrar enquanto fugia; um olhar torto para mim e sentia
que tinha algo errado com meu corpo, aquela ruiva na capa de revista de
exercício moveu a sobrancelha para mim com as letras em vermelho gritando
“tenha o corpo perfeito”, abafei um grito e corri direto para minha casa, me
tranquei lá dentro, aflita, com medo, começando … começando a ficar
neurótica, gritei, começando a sentir que havia algo de errado em mim. Como eu
poderia nunca ter notado tantos defeitos em mim, como eu achava que estava tudo
bem e não tinha nenhuma neurose, quando estava tudo errado?
Parei em frente do espelho, procurando e caçando cada um
daqueles detalhes destacados pela sociedade, e nada.
Eles não me incomodavam.
Nem os cabelos (era só hidratá-los), as gordurinhas não eram lá grandes coisas,
e nem me incomodavam, como minha pele, nariz, minha altura … Eu era assim. Eu
era uma garota de 1.80, de 68 kg, sobrancelhas grossas, olhos escuros, pele
parda e seca, cabelos longos, as vezes enrolados, as vezes lisos, nariz grande,
pequeno e arredondado, dependia do ângulo, e eu me amava assim, e isso deveria
bastar, não só para mim, mas para toda a sociedade. Ser assim faz parte da
pessoa que eu sou, e eu me amo assim.
Não estou dizendo que não devemos nos moldar, no entanto, vejo tantas pessoas
se moldando porque a sociedade diz isso, a sociedade aponta o que é “bonito”
para eles e as pessoas, inseguras e querendo ser parte da tendência, se arriscam
a fazerem parte daquilo. Se você quer mudar seu corpo, porque seu nariz não lhe
faz bem, seus seios são pequenos demais e você queria mais, você tem uns quilos
a mais e quer perdê-los de um modo saudável – ou cirúrgico – e você quer fazer
isso, porque você quer, e não porque alguém disse que é bonito.

As minhas imperfeições que a sociedade aponta são lindas
para mim e elas me definem, e se alguém não gosta delas ou me diz que devo
mudá-las para se adequar, é como se estivessem dizendo: Você não é boa o bastante
e precisa mudar quem é. E não, quem não é bom o bastante é quem não aceita você
da forma que você é, e enquanto todas as mulheres – e homens – não perceberem que
ser do modo que vocês são: altos, baixos, cabeludos, loiros, carecas, de
cabelos enrolados, lisos, gordos, magros, normais, flácidos, gostosos,
narigudos, nariz de boneca, lábios de Jolie, com seu tipo de lábios, etc …
fazem parte de você e que ser assim é um modo que te define, o mundo vai
continuar assim, julgador, vazio e cheio de inseguranças invalidas. Ah, e sabe
aquela história de que você precisa se amar primeiro, para depois, amar o
próximo? É verdade, depois que eu comecei a me amar, me apaixonar se torno um
ato muito prazeroso, respeitador e impar. Todos deveriam tentar.
Não se apaixonar.
Quer dizer, devem se apaixonar sim, mas antes
Devem se amar, como se não houvesse amanhã.
“Então, sou nojenta sim, pois gosto de ser assim, de ser
eu.”
Um grande beijo, daquela que é sua pessoa hoje e sempre,

Ann

Pessoal, desculpe não ter postado semana passada um novo conto da Ann, estou sofrendo com uma gripe e é semana de provas na Universidade, então já conseguem imaginar como a minha vida está gostosinha nesse momento, só que infelizmente, não :/
Desculpem pela falta de Ann semana passada, mas não abandonei vocês, nunca faria isso, juro 🙂

Aguardo comentários de vocês, um beijão!

18/05/2013

Aleatoriedades e um café, por favor #2 – Curtindo o Amor – e o chocolate – Adoidado

Hey, Folks 🙂
Tudo bem com vocês?

Curtindo o amor – e o chocolate – adoidado
Naquela livraria perto do mercadinho, em 18/05/2013
Olá, como você está?
A última carta chegou a você? Espero que sim, não recebi
nenhuma sua ainda, mas deve ser algum problema com o correio, sabe como eles
são, atrapalhados e com tendências compulsivas a perderem suas correspondências
mais importantes, mas não perdem as minhas dividas, e fico muito chateada com
isso.
Estava aqui, lendo o volume novo de um livro de uma colega
autora, tomando um café bem forte e amargo – o dia não foi bom –  e me peguei ouvindo a conversa da mesa ao
lado, uma adolescente de cabelos rebeldes, bochechas sardentas e com uma
espinha em crescimento em seu nariz, chorava copiosamente, ao seu lado, uma
amiga de rosto arredondado, alguns quilos a mais para seu tamanho e de longos
cabelos loiros, a consolava. Fiquei interessada. Sabe como adoro um drama, ver
uma adolescente chorando logo ativa um setor do meu cérebro separado para
novelas e filmes dramáticos, e assim, mantive minhas antenas ligadas para a
conversa das duas.
Ele vai ligar, e vai tentar concertar toda essa
idiotice que cometeu com você. O idiota gosta de você, mesmo que diga o contrario.
E sabe o que você vai fazer? Vai mandá-lo para aquele lugar onde o sol não bate
e desligar o telefone na cara dele.”
disse a loira, confiante, acariciando
os cabelos da amiga, que começou a chorar mais ainda, sem ter medo de olhares
julgadores. “Você sabe como os garotos são idiotas?”
Mas eu amo ele, Ty. Amo muito mesmo, não posso
imaginar minha vida sem ele
.”
Abafei uma risada, recebi um olhar julgador da loira, e
com medo de ser chutada dali até o hospital, me virei de costas para a mesa
delas, mostrando que não estava rindo da conversa delas – imagina! – e sim, do
livro, muito interessante. Fiquei ainda achando graça das palavras da
adolescente apaixonada. Quantos anos ela deveria ter? 14, 15 anos? Quem ela era
para saber que ela não podia viver sem aquele garoto? Quer dizer, eu com 14, 15
anos brincava de bonecas, escrevia histórias, estudava, via desenho animado,
lia quadrinhos e sonhava com o meu presente de natal, tinha meus paqueras, mas
não dizia por ai que ele era o amor da minha vida. Esse termo é muito forte,
intenso e desnecessário. Muitos dizem que amor não existe. Estão errados, o que
não existe é essa história de um amor para a vida inteira. Isso é muito
relativo, posso passar a vida inteira achando que P. é o grande amor da minha
vida, nós terminarmos, ele começar a namorar o G. e eu me descobrir apaixonada
por M. e ele ser no fundo o homem que morrerá ao meu lado. Só deixando claro,
não existe nem um P ou M em minha vida, muito menos um G, estava olhando uma
coleção de calças em uma revista e me baseei na letra de seus tamanhos. A
questão é nunca vamos saber se a pessoa com quem estamos será o amor de nossa
vida, só o tempo dirá isso. Destino? Almas gêmeas? Talvez, no entanto, devemos
deixar o fluxo da vida nos levar e aceitar os desafios da vida, além do mais,
precisamos sofrer por causa de um namoradinho idiota com 15 anos para com o
próximo sabermos muito bem como agir, e não cometermos os mesmos erros. A
garota deve ter me entendido mal, quando ri, não estava debochando dela, mas
sim, de uma memória antiga minha, que você deve se lembrar bem: eu e aquele meu
garoto, não lembro o nome, só sei que eu o endeusava, e para mim, ele era o
garoto mais lindo, maravilhoso, inteligente, engraçado e perfeito do mundo, ele
me olhava, eu gelava, então, ele virava o corredor e eu achava que era um
sinal, de que isso queria dizer que era amor para sempre. Dei o primeiro passo,
ele disse não, e eu fiquei chorando, como aquela garota, deixando claro para o
mundo que havia perdido minha alma gêmea, e nem me conhecer, ele conhecia.
Sorri. Parece bobo, mas viver um amor não correspondido pode ser bom de vez em
quando, nos dá lições preciosas, a primeira: a se valorizar; a segunda, a se
arriscar, e a terceira e mais importante: que amar vem com o tempo, e não com
uma troca de olhares. Precisei de muitos amores não correspondidos para chegar
a essa conclusão e sabia que aquela garota também precisaria, mas não me
contive, fui até a mesa, à garota loira me olhou desafiadora, mas repousei a
mão no ombro da outra, que ainda chorava, ela me olhou assustada, por trás dos
óculos de fundo de garrafa, me observou de modo curioso, tentando ver se me
conhecia, sorri leve, me agachei para ficar na sua altura e disse:
“Sua amiga tem razão, garotos são idiotas, ainda mais
quando ferram o coração de garotas boas, como nós, mas não se desespere, se ele
tiver que ser o seu cara, ele vai ser, mas não hoje e nem amanhã, apenas deixe
acontecer. Chore, grite, deixe o mundo saber que você perdeu o grande amor da
sua vida, mas amanhã quando acordar, se vista como uma princesa, chegue no
colégio e não faça o que ele espera: não o olhe, não fale com ele, finja que
ele é invisível, se tiver que ser seu, ele verá o erro que cometeu, e virá até
você como naqueles filmes de John Hughes
?”
John quem …?” A loira questionou com o cenho
enrugado.
A personagem da Emma Stone fala desse cara no “Easy
A”, ele sempre termina os filmes dele como ele acha que a vida deve ser: com
uma parada musical, um garoto erguendo o braço em vitória por ter conquistado a
garota que ama,os cinco desajustados que acabam sendo amigos,
…”
E você terá esse final um dia, mas não hoje, então
chore sim, mas supere, e use isso como lição. Ele é um idiota, mas só o tempo
dirá se ele é um idiota com concerto, e se ele for, bom, quem sabe ele seja o
grande amor da sua vida, mas agora, é a vez dele tentar, e é a sua vez de
brilhar. E enquanto isso .
..” Tirei da minha bolsa uma edição pocket
velhinha de “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, um dos meus livros
favoritos, entreguei a ela, e a jovem sorriu, tocando a capa desenhada: duas
irmãs de braços dados, sorrindo leve. “Se apaixone por personagens fictícios,
principalmente os criados pela Jane Austen, eles nos ensinam muito sobre viver;
eles nos ensinam coisas únicas, não machucam nosso coração e podem estar
conosco a qualquer momento.
“ Entreguei o livro, e me ergui, me afastando
esperava que a garota fosse zombar do meu conselho ou tacar o livro na minha
cabeça, mas fui surpreendida com um toque no meu ombro, ao me virar, era ela,
limpando as lágrimas e em um obrigado sussurrante, ela se afastou tímida,
folheando o livro. Talvez, ela nem fosse o ler, mas Jane Austen tem um poder de
hipnotizar as pessoas, tinha certeza que ela encontraria ali, e em algumas
marcações e comentários meus, as respostas para todas suas dúvidas e questões
sobre amor e quem é. Passei na cafeteria da livraria, paguei minha conta e
inclui dois milk shakes na conta, pedindo que Bob – sim, ele ainda
trabalha aqui – entregasse na mesa das garotas: feito com muito amor e
chocolate
, eu disse sorrindo.
Porque nada é mais gostoso que sentir uma (nova) chance no
amor,  um recomeço e ter o gostinho de
chocolate na boca durante tal jornada, adocicando os lábios, a vida e o coração.
Um grande beijo, daquela que é sua pessoa hoje e sempre,

Ann.  

Espero que tenham gostado desse conto 🙂
Adorei os comentários do últimos conto, aguardo mais comentários, e prometo tentar sempre responder a expectativas de vocês.
Ann, como sempre, mostrando uma visão sobre o amor interessante, gostei muito de trabalhar com o tema “Amor Não Correspondido”, sugerido pelo Lauro Moura.
E aí? 
Gostaram do tema da semana? Gostariam de indicar algum? Pode ser qualquer coisa.
 É só falar que a Ann escuta 😀
Um beijão, Bárbara Herdy