sobre livros e a vida

18/05/2013

Aleatoriedades e um café, por favor #2 – Curtindo o Amor – e o chocolate – Adoidado

Hey, Folks 🙂
Tudo bem com vocês?

Curtindo o amor – e o chocolate – adoidado
Naquela livraria perto do mercadinho, em 18/05/2013
Olá, como você está?
A última carta chegou a você? Espero que sim, não recebi
nenhuma sua ainda, mas deve ser algum problema com o correio, sabe como eles
são, atrapalhados e com tendências compulsivas a perderem suas correspondências
mais importantes, mas não perdem as minhas dividas, e fico muito chateada com
isso.
Estava aqui, lendo o volume novo de um livro de uma colega
autora, tomando um café bem forte e amargo – o dia não foi bom –  e me peguei ouvindo a conversa da mesa ao
lado, uma adolescente de cabelos rebeldes, bochechas sardentas e com uma
espinha em crescimento em seu nariz, chorava copiosamente, ao seu lado, uma
amiga de rosto arredondado, alguns quilos a mais para seu tamanho e de longos
cabelos loiros, a consolava. Fiquei interessada. Sabe como adoro um drama, ver
uma adolescente chorando logo ativa um setor do meu cérebro separado para
novelas e filmes dramáticos, e assim, mantive minhas antenas ligadas para a
conversa das duas.
Ele vai ligar, e vai tentar concertar toda essa
idiotice que cometeu com você. O idiota gosta de você, mesmo que diga o contrario.
E sabe o que você vai fazer? Vai mandá-lo para aquele lugar onde o sol não bate
e desligar o telefone na cara dele.”
disse a loira, confiante, acariciando
os cabelos da amiga, que começou a chorar mais ainda, sem ter medo de olhares
julgadores. “Você sabe como os garotos são idiotas?”
Mas eu amo ele, Ty. Amo muito mesmo, não posso
imaginar minha vida sem ele
.”
Abafei uma risada, recebi um olhar julgador da loira, e
com medo de ser chutada dali até o hospital, me virei de costas para a mesa
delas, mostrando que não estava rindo da conversa delas – imagina! – e sim, do
livro, muito interessante. Fiquei ainda achando graça das palavras da
adolescente apaixonada. Quantos anos ela deveria ter? 14, 15 anos? Quem ela era
para saber que ela não podia viver sem aquele garoto? Quer dizer, eu com 14, 15
anos brincava de bonecas, escrevia histórias, estudava, via desenho animado,
lia quadrinhos e sonhava com o meu presente de natal, tinha meus paqueras, mas
não dizia por ai que ele era o amor da minha vida. Esse termo é muito forte,
intenso e desnecessário. Muitos dizem que amor não existe. Estão errados, o que
não existe é essa história de um amor para a vida inteira. Isso é muito
relativo, posso passar a vida inteira achando que P. é o grande amor da minha
vida, nós terminarmos, ele começar a namorar o G. e eu me descobrir apaixonada
por M. e ele ser no fundo o homem que morrerá ao meu lado. Só deixando claro,
não existe nem um P ou M em minha vida, muito menos um G, estava olhando uma
coleção de calças em uma revista e me baseei na letra de seus tamanhos. A
questão é nunca vamos saber se a pessoa com quem estamos será o amor de nossa
vida, só o tempo dirá isso. Destino? Almas gêmeas? Talvez, no entanto, devemos
deixar o fluxo da vida nos levar e aceitar os desafios da vida, além do mais,
precisamos sofrer por causa de um namoradinho idiota com 15 anos para com o
próximo sabermos muito bem como agir, e não cometermos os mesmos erros. A
garota deve ter me entendido mal, quando ri, não estava debochando dela, mas
sim, de uma memória antiga minha, que você deve se lembrar bem: eu e aquele meu
garoto, não lembro o nome, só sei que eu o endeusava, e para mim, ele era o
garoto mais lindo, maravilhoso, inteligente, engraçado e perfeito do mundo, ele
me olhava, eu gelava, então, ele virava o corredor e eu achava que era um
sinal, de que isso queria dizer que era amor para sempre. Dei o primeiro passo,
ele disse não, e eu fiquei chorando, como aquela garota, deixando claro para o
mundo que havia perdido minha alma gêmea, e nem me conhecer, ele conhecia.
Sorri. Parece bobo, mas viver um amor não correspondido pode ser bom de vez em
quando, nos dá lições preciosas, a primeira: a se valorizar; a segunda, a se
arriscar, e a terceira e mais importante: que amar vem com o tempo, e não com
uma troca de olhares. Precisei de muitos amores não correspondidos para chegar
a essa conclusão e sabia que aquela garota também precisaria, mas não me
contive, fui até a mesa, à garota loira me olhou desafiadora, mas repousei a
mão no ombro da outra, que ainda chorava, ela me olhou assustada, por trás dos
óculos de fundo de garrafa, me observou de modo curioso, tentando ver se me
conhecia, sorri leve, me agachei para ficar na sua altura e disse:
“Sua amiga tem razão, garotos são idiotas, ainda mais
quando ferram o coração de garotas boas, como nós, mas não se desespere, se ele
tiver que ser o seu cara, ele vai ser, mas não hoje e nem amanhã, apenas deixe
acontecer. Chore, grite, deixe o mundo saber que você perdeu o grande amor da
sua vida, mas amanhã quando acordar, se vista como uma princesa, chegue no
colégio e não faça o que ele espera: não o olhe, não fale com ele, finja que
ele é invisível, se tiver que ser seu, ele verá o erro que cometeu, e virá até
você como naqueles filmes de John Hughes
?”
John quem …?” A loira questionou com o cenho
enrugado.
A personagem da Emma Stone fala desse cara no “Easy
A”, ele sempre termina os filmes dele como ele acha que a vida deve ser: com
uma parada musical, um garoto erguendo o braço em vitória por ter conquistado a
garota que ama,os cinco desajustados que acabam sendo amigos,
…”
E você terá esse final um dia, mas não hoje, então
chore sim, mas supere, e use isso como lição. Ele é um idiota, mas só o tempo
dirá se ele é um idiota com concerto, e se ele for, bom, quem sabe ele seja o
grande amor da sua vida, mas agora, é a vez dele tentar, e é a sua vez de
brilhar. E enquanto isso .
..” Tirei da minha bolsa uma edição pocket
velhinha de “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, um dos meus livros
favoritos, entreguei a ela, e a jovem sorriu, tocando a capa desenhada: duas
irmãs de braços dados, sorrindo leve. “Se apaixone por personagens fictícios,
principalmente os criados pela Jane Austen, eles nos ensinam muito sobre viver;
eles nos ensinam coisas únicas, não machucam nosso coração e podem estar
conosco a qualquer momento.
“ Entreguei o livro, e me ergui, me afastando
esperava que a garota fosse zombar do meu conselho ou tacar o livro na minha
cabeça, mas fui surpreendida com um toque no meu ombro, ao me virar, era ela,
limpando as lágrimas e em um obrigado sussurrante, ela se afastou tímida,
folheando o livro. Talvez, ela nem fosse o ler, mas Jane Austen tem um poder de
hipnotizar as pessoas, tinha certeza que ela encontraria ali, e em algumas
marcações e comentários meus, as respostas para todas suas dúvidas e questões
sobre amor e quem é. Passei na cafeteria da livraria, paguei minha conta e
inclui dois milk shakes na conta, pedindo que Bob – sim, ele ainda
trabalha aqui – entregasse na mesa das garotas: feito com muito amor e
chocolate
, eu disse sorrindo.
Porque nada é mais gostoso que sentir uma (nova) chance no
amor,  um recomeço e ter o gostinho de
chocolate na boca durante tal jornada, adocicando os lábios, a vida e o coração.
Um grande beijo, daquela que é sua pessoa hoje e sempre,

Ann.  

Espero que tenham gostado desse conto 🙂
Adorei os comentários do últimos conto, aguardo mais comentários, e prometo tentar sempre responder a expectativas de vocês.
Ann, como sempre, mostrando uma visão sobre o amor interessante, gostei muito de trabalhar com o tema “Amor Não Correspondido”, sugerido pelo Lauro Moura.
E aí? 
Gostaram do tema da semana? Gostariam de indicar algum? Pode ser qualquer coisa.
 É só falar que a Ann escuta 😀
Um beijão, Bárbara Herdy 

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Ei, eu sou a Barb, tenho 27 anos, sou baiana, estudei Letras e compartilho conteúdo desde 2010 na internet. Por aqui, escrevo sobre tudo que faz meu coração bater mais forte.

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