sobre livros e a vida

28/09/2013

Aleatoriedades e um café, por favor #16 – Perdida nas Escolhas

Hey, Tchucos 🙂

Tudo bem com vocês?

                                                 

Perdida nas Escolhas
Tomando
café na varanda, sentindo um dia de verão, mesmo estando em plena primavera,
28 92013 

Eu menti para você.
Quando lhe enviei a primeira carta, legando que estava sentindo saudades do que
tínhamos e tal, era uma grande mentira. Há um motivo maior por trás do envio
daquela primeira carta – e em conseqüência todas as outras.
Você pode ficar furioso, mas …
Eu preciso lhe contar a verdade, então leia isso até o final, por favor.

Eu escolhi.

Eu sei,
vaga a minha resposta, mas tem toda uma história por trás dessa escolha que me
fez chegar ao envio da carta a você.
Tudo começou em um dia de sol, era verão, as pessoas saiam na rua com suas
roupas leves, toalhinhas em punhos para afastar o suor e com olhares em busca
de uma brisa gélida que fosse para lhe refrescar. Eu caminhava naquela rua
imune de tudo aquilo. Se estiva sol ou chuva, pouco me importava, eu só queria
que aquele dia, como os outros, terminassem.
Naquela tarde foi a minha primeira sessão de terapia.
Eu escolhi freqüentar um terapeuta por motivos óbvios.
Não posso lhe dizer hoje, se tem funcionado, mas que estou muito mais aberta a
falar de meus sentimentos, estou. Cheguei ao ponto de recomendar as minhas
amigas mais perdidas, como eu, a freqüentarem um, claro, não o meu, pois ele é
só meu. Odeio dividir achados.

Eu o chamo de Holmes, escolha minha também que ele aceitou sem torcer o nariz.

Eu e Holmes
falamos de tudo um pouco.
Tudo que eu precisava, alguém com quem pudesse falar abertamente sobre o que me
desse na telha, sem ser julgada, apenas questionada, mas nunca apontada,
humilhada ou acusada por tais pensamentos. Quando contei a ele sobre o meu
desejo do mundo simplesmente acabar, como os Maia tanto previram e não
aconteceu, ele assentiu, concordando com a minha visão rebuscada sobre um novo
mundo. Sabe o que houve quando eu contei isso aos meus amigos? Eles pularam em
cima de mim feito uma horda de zumbis com seus iphones em mãos, sapatos de
marcas, corpos fissionados no que é atraente e olhos psicodélicos.

Mas que droga, Holmes! Eu disse naquela sessão, irritada. “Estamos
vivendo em uma falsa liberdade de expressão e isso é uma droga. Dizem que
podemos falar, pensar e sentir o que desejamos, até mesmo postar isso em
jornais, revistas, blog’s, twitters e tumblr, mas na hora H, na hora de ser
lido e observado como uma opinião, as pessoas sabem apenas pular em cima da
pessoa com ofensas, os egos inflados e dedos apontados em riste gritando em
coro: Burn, Witch, Burn. Quando digo que quero que o mundo acabe é por causa de
gente assim. Cega de pensamento. Mente pequena, num mundo tão grande. E daí que
o John, dono da padaria da esquina é gay. O senhor não sabia? Pois bem, ele é
gay. E daí? Adoro ele, amo os pães que ele faz, o namorado dele, Adam, é um
amor de sujeito, os dois fazem um lindo casal. Mas tem gente que não vai mais
lá pois acha, nas palavras dessas pessoas: “pecado”. Mas oshe, e se for? O que
você, eu e sicrana tem a ver com isso? Se for pecado, isso é problema deles com
Deus. Mas vejo Deus como um homem tão tranqüilo que não consigo vê-lo
castigando duas pessoas só por se amarem. Se essa gente, que fica apontando
dedos para o que acham errado, jogasse essa energia no que realmente fosse
errado como a política bandida que temos, pais que trazem seus filhos ao mundo
e os largam, abandono de animais, pessoas sem um lar, injustiça … Nossa, com
certeza descobriríamos o que é essa tal de paz mundial.”

Pois é, eu nunca disse isso a ninguém, mas eu sonho com a paz mundial, mesmo
que ache a guerra necessária, mas é … eu quero a paz mundial.
Eu escolhi a paz mundial, mas num mundo onde as pessoas apenas falam o que
querem, mas correm na outra direção por medo de serem julgados, eu me encolhi
em medo.
Mas não mais …
Agora vou falar o que penso e sinto.
Eu escolhi assim.
Eu escolhi ser uma diarreia verbal tagarelante e ambulante.
Da mesma forma que Adam escolheu o John no meio daquela feira vintage ao sul da
cidade.do mesmo modo que eu escolhi aquele rapaz bonitinho da livraria como meu
próximo interesse amoroso ou como aquela senhora escolheu não amar mais ninguém
além dela mesma.
São escolhas. Independente se são certas ou erradas aos olhos de alguém o que
importa é que para nós, no momento que escolhemos, é o que nos cabe como certo.
Todos temos direitos infinitos sobre as nossas escolhas, mas isso não quer
dizer que devemos desperdiçá-las por ouvir fulano, ouvir sicrano ou por ouvir a
voz do medo.
São nossas escolhas, apenas nossas, ninguém tem nada a ver com isso, só você.

Holmes disse que eu precisava escolher entre um diário e você.

Bom, …

Você.

Um grande beijo, daquela que é sua pessoa hoje e sempre,

Ann

Ann nunca foi muito boa em escolher.

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