sobre livros e a vida

16/12/2016

Tá Na Estante Premiada :: ‘Wicked’ #620

Olá, pessoal. Tudo bem?

Aqui quem fala é a Ana Karina, do Blog Da Literatura, e hoje estou de volta aqui no SEA a pedido do Leo, para falar de um livro que eu gostei demais. Vamos ver?!

Livro: Wicked
Autor: Gregory Maguire
Editora: LeYa
Páginas: 496
Sinopse: Você nunca mais vai enxergar Oz da mesma forma. Quando Dorothy se vê diante do desafio de derrotar a Bruxa Má do Oeste, no clássico Mágico de Oz, vemos a história se desenrolando pelo lado da heroína. Mas e a história de sua arqui-inimiga, a misteriosa bruxa? De onde ela surgiu? Como se tornou tão perversa? Em Wicked, Gregory Maguire revela tudo isso por meio de um mundo fantástico tão rico e intenso que você nunca mais vai olhar para Oz da mesma forma. Viajando por uma terra encantada, descobrimos todos os detalhes da história dessa garota de pele verde que cresce em meio a desafios e preconceitos, até se tornar uma bruxa infame – uma esperta, irritadiça e incompreendida criatura que desafia todas as noções sobre a natureza do bem e do mal. Recriando com riqueza espantosa o mundo de Oz, este livro conduz o leitor à inesquecível estrada de tijolos amarelos, atravessando um mundo fantástico repleto de conflitos e transformando de maneira surpreendente a reputação de um dos mais sinistros personagens da história da literatura.

Wicked, livro de Gregory Maguire, conta a história da Bruxa Má do Oeste. A obra foi publicada em 1995 e, aqui no Brasil, com o título de Maligna, em 2007, pela Ediouro. Após o grande sucesso do musical da Broadway, inspirado no texto de Maguire, e com as apresentações se encerrando esse fim de semana em São Paulo, a editora Leya fez essa linda edição mantendo o título original.

Wicked conta a história de Elfaba, uma menina insegura e rejeitada logo em seu nascimento tanto pela mãe, Melena, quanto pelo pai, Frex, um sacerdote unionista (a principal religião de Oz) que acreditava em um mito sobre o retorno do mal à humanidade. Algumas situações do nascimento de Elfaba contribuíram para que seu pai desconfiasse que ela era e encarnação deste mito, isto é, como se o mal do mundo tivesse nascido com ela: a menina não chorou após o parto, sua pele era verde e possuía dentes tão afiados que a mãe se negou a amamentá-la com medo de que ela decepasse o seio.

Os pais, que não sabiam como lidar com a situação, recorreram à velha Babá de Melena, a fim de que esta os ajudasse na criação de Elfaba. A Babá achou a menina adorável mas percebia que ela estava começando a desenvolver algumas características um tanto intrigantes. Então, tratou de cuidar da menina o melhor possível, para que esta pudesse ter uma vida normal em contato com outras crianças.

O início do livro trata, então, da infância de Elfaba e como ela cresceu sendo menosprezada por essa família, que a considerava um castigo vindo do Deus Inominável, e por todos ao seu redor. Alguns anos depois, encontramos Elfaba – ou Elfinha, como passou a ser chamada pelos amigos – já adolescente, vai para Shiz, uma escola para garotas localizada no centro econômico e político de Oz, Esmeralda. Em Shiz, ela conhece Galinda, sua colega de quarto mimada e orgulhosa, que se preocupa somente com dinheiro, roupas, joias e amizades que combinem com o seu nível social.

Como sempre, Elfinha continua sendo desprezada pelas pessoas que convive na e sente-se, muitas vezes, como alguém muito diferente dos seus colegas. Elfaba é bastante engajada em assuntos políticos e científicos, desenvolvendo um interesse no estudo sobre Animais (com A maiúsculo mesmo), que são animais falantes e com raciocínio lógico. A partir de suas pesquisas, Elfaba acaba por se envolver em discussões que dizem respeito aos direitos dos Animais pois, pelo que diziam, o Mágico restringiu a liberdade deste grupo e ameaça transformá-los em seres que podem ser negociados pelos habitantes de Oz, transformá-los realmente em animais. 

Descontente com essa situação, Elfaba passa a trabalhar escondida com o seu professor, o Doutor Dillamond, um Bode que pesquisa as semelhanças e as diferenças entre humanos e Animais. Suas experiências científicas resultam na comprovação da igualdade entre humanos e Animais, ou seja, os Animais são seres dotados de inteligência e, por isso, devem ter os mesmos direitos que os humanos. Doutor Dillamond, no entanto, morre sob circunstâncias misteriosas e Elfaba acredita que ele foi assassinado, possivelmente pela diretora de Shiz, Madame Morrorosa, a qual tentou recrutar Elfaba, Glinda e Nessa – irmã de Elfaba e a futura Bruxa Má do Leste – como agentes para o Governo.
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Frente a essa situação, Elfinha abandona a escola e torna-se uma militante contra o regime opressor, corrupto e responsável pela ruína econômica do povo de Oz. Vive escondida e participa de várias revoltas e protestos. Após o assassinato de seu amante, Fiyero por soldados do Mágico, Elfaba resolve isolar-se com um grupo de monjas a fim de tentar se recuperar da tristeza da perda, auxiliando os fracos e doentes.

A trajetória de Elfaba até a sua transformação em Bruxa Má do Oeste é, no mínimo, surpreendente! Para quem, como eu, estava acostumada com o universo do livro criado por Baum em 1900 e o ambiente alegre e colorido do filme de 1939, deparar-se com uma Oz repleta de desigualdade social, fundamentalismo religioso e sistema político corrupto é totalmente inesperado. A temática política está muito presente no texto de Maguire que cria um cenário nada amistoso e bastante perturbador.

A crítica social contida no livro é o ponto crucial da trama pois é a partir da visão que Elfaba possui sobre Oz que a personagem se desenvolve psicologicamente. O leitor acompanha suas lutas, seus medos e seus ideais. A construção da personagem é incrível pois em momento algum podemos realmente dizer que ela é uma bruxa inteiramente má. Aliás, questionei bastante essa visão que possuía da personagem durante a leitura de Wicked. Em alguns momentos pensei em quem realmente seria o vilão: Elfaba? Madame Morrorosa? O Mágico? 

A verdade é que o escritor mostra a relatividade do conceito de maldade e deixa os leitores decidirem se a protagonista é essencialmente má ou se ela se tornou má. Acredito, também, que Maguire tenta mostrar ao leitor como esses conceitos de bondade e maldade não são definitivos, limitadores e que a vida real é muito complicada. Elfinha seria vítima de uma sociedade preconceituosa, corrupta e intolerante? Talvez. Mas em diversos momentos questionamos seus atos e suas reflexões sobre a vida.

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Wicked, de Gregory Maguire, é um livro obrigatório para os fãs de O Mágico de Oz. O escritor nos traz uma releitura instigante e surpreendente, superando as expectativas dos leitores. Recomendo para quem gosta de histórias ambientadas em Oz, para quem gosta de histórias políticas e filosóficas e, também, para toda pessoa que acredita que nem todas as bruxas são realmente más.


*Esta resenha foi publicada originalmente no blog Da Literatura.


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Beijos e até mais!

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