sobre livros e a vida

12/08/2015

Tá Na Estante :: ‘One Man Guy’ #435

Oi, gente. Tudo bem?

Estou de volta com mais uma resenha fresquinha pra vocês. O livro escolhido de hoje é um romance LGBT lançado em junho pela editora LeYa. Vamos conferir?!

Livro: One Man Guy
Autor: Michael Barakiva
Editora: LeYa
Páginas: 272
Sinopse: Um romance sobre dois garotos, dois mundos e um encontro. Ethan é tudo o que Alek gostaria de ser: confiante, livre e irreverente. Apesar de estudarem na mesma escola, os dois garotos pertencem a mundos diferentes. Enquanto Ethan é descolado e tem vários amigos, Alek tem apenas uma, Becky, e convive intensamente com sua família e a comunidade armênia. Mesmo com tantas diferenças, os destinos de Ethan e Alek se cruzam ao precisarem frequentar um mesmo curso de férias. Quando Ethan convence Alek a matar aula e ir a um show de Rufus Wainwright no Central Park, em Nova York, Alek embarca em sua primeira aventura fora de sua existência no subúrbio de Nova Jersey e da proteção de sua família. E ele não consegue acreditar que um cara tão legal quer ser seu amigo. Ou, talvez, mais do que isso. One Man Guy é uma história romântica, comovente e engraçada sobre o que acontece quando as pessoas saem de suas zonas de conforto e ajudam o outro a ver o mundo (e a si mesmo) como nunca viram antes.



Alek é um garoto de 14 anos, filho de descendentes de armênios. Desde pequeno Alek precisa aguentar as excentricidades dos pais e vive na sombra de seu irmão mais velho, Nik. A família não aceita nada menos que a perfeição e enquanto Nik atinge tudo isso, Alek não consegue, causando diversas frustrações nos pais.

Numa certa tarde, a família leva Alek em seu restaurante favorito para dar uma notícia. Como as notas do garoto não estavam perfeitas, estavam só muito boas, ele não conseguiria entrar pra turma especial, algo que Alek nem queria. Mas para os pais isso era muito importante e por isso eles matricularam o filho na escola de verão, para que melhorasse e finalmente entrasse na tal turma. Só que com Alek frequentando a escola de verão ele não poderia participar das férias em família e ficaria sozinho em casa durante uma semana, enquanto os pais e o irmão viajam.

Que garoto de 14 anos quer passar as férias de verão na escola? Aliás, quem quer passar o verão na escola? Ninguém. Alek só queria passar seus dias com sua melhor amiga Becky, mas sua vontade nunca é levada em consideração e logo ele precisa iniciar as aulas mais uma vez.

Na escola de verão também está Ethan, um garoto skatista que vive se metendo em confusão, matando aula e pegando o trem para Nova Iorque. E num dia, Ethan convida Alek para ir junto e os dois passeiam por toda cidade, com direito a um show do cantor favorito de Ethan, Rufus Wainwright, em meio ao Central Park.

Um comentário “infeliz” de Ethan a respeito de dois caras se beijando faz com que Alek fique com raiva e queira ir embora. Sua nova amizade com Ethan fica estremecida, mas tudo vem às claras quando Ethan revela ser gay. Essa revelação a princípio choca Alek, pois ele não esperava isso de Ethan, mas tudo fica bem na sequência.

Agora Alek e Ethan ficam bem próximos, mas os receios de Alek impedem muito o avanço dessa amizade. Ethan é popular e anda com caras com essa mesma característica. Alek é um garoto nerd, mais na dele e muitas vezes alvo de bullying, assim achando que Ethan não vai querer conversar com ele em público por ter vergonha e etc..

Mais uma vez os dois acabam brigando e é Becky a voz da razão que faz Alek abrir os olhos. Após um mal-entendido ter estremecido a relação dos dois, ela percebeu algo sobre o amigo que nem mesmo ele sabia. Alek está apaixonado por Ethan e essa mudança em sua vida pode ser exatamente o que ele precisava.

Quando Alek enfim se declara para Ethan e os dois começam a namorar, cada segundo que passam juntos é precioso. Com os pais de Alek viajando, o casal se vê cada vez com mais frequência e os sentimentos vão desabrochando cada vez mais. Mas e o futuro? O que vai acontecer quando o verão acabar ou, antes disso, quando os pais de Alek voltarem? Esse relacionamento sobreviverá às inseguranças e anseios do menino?

Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler.

Quando eu recebi a newsletter de maio da editora LeYa, quase tive um surto psicótico. Tinha ouvido falar muito bem de One Man Guy e sabia que minha tradutora favorita, Regiane Winarski, estava adaptando esse livro para o português, mas não tinha ideia de qual editora lançaria, tampouco quando. Assim que vi o livro entre os disponíveis, tratei de solicitar o e-book, mas meu surto foi tão grande que Andréa, do marketing da editora, acabou me dando o físico de presente de aniversário atrasado.

Assim que o livro chegou aqui em casa, larguei tudo que estava fazendo e corri para ler, não parando até virar a última página. A escrita de Michael Barakiva é simplesmente sensacional. Ele narra tudo em terceira pessoa, pela visão de Alek, mas de uma forma doce e metafórica, linda e poética. Incrivelmente incrível.

Há pouco tempo a literatura LGBT vem ganhando seu espaço no mercado editorial brasileiro. Poucas editoras têm apostado nesse tipo de livro e a aposta da LeYa foi certeira. One Man Guy é um livro que lida com as descobertas ao mesmo tempo que mostra o que elas acarretam em uma vida com uma cultura diferente e faz uma crítica àquele velho conceito do que é certo e errado quando se trata de amor.

Os personagens foram muito bem construídos. Eu super me identifiquei com Alek e suas frustradas tentativas de ser alguém que não é. O garoto sempre viveu sendo ignorado pelos pais, que mais se preocupavam com o status da família perante a sociedade armênia do que com a felicidade dos próprios filhos. Foi extasiante ver sua libertação, vê-lo deixando de lado aquilo que não acreditava para ser o verdadeiro Alek.

E Ethan? Bom, Ethan é um fofo. Um garoto que de mau só tem a fama. Ele é incrivelmente compreensivo e adora Alek de uma forma que poucos já adoraram. Ethan sofreu muito no passado e é agora que está se abrindo para uma nova relação. Também é muito bom vê-lo finalmente se abrir para o amor e enfrentar os riscos que essa relação pode trazer.

Michael Barakiva mesclou sua narrativa com referências às músicas do cantor Rufus Wainwright. Rufus é um ícone da música LGBT e suas canções sempre refletem sobre sentimentos, inclusive a que dá o título ao livro. Fiz questão de escutar cada uma das citadas, mas a minha favorita ainda é Across the Universe, que não aparece na história. Impossível não amar.

Sobre a edição física, a editora LeYa está de parabéns. A capa é a mesma original e a tradução está impecável, como todas que Regiane Winarski faz. A revisão também está ótima, não lembro de ter encontrado nenhum erro durante a leitura. A diagramação é simples, é fonte é grande e as páginas são amareladas.

Em suma, One Man Guy é um livro lindo que deve ser lido por todos. Dispam-se de seus preconceitos e se entreguem a essa narrativa. Eu com certeza recomendo.

Beijos e até a próxima!


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