sobre livros e a vida

20/08/2018

Tá na estante :: ‘O Tempo Desconjuntado’ #807

Oi gente!

Vamos falar de sci-fi?

Livro: O Tempo Desconjuntado
Autor: Philip K. DickEditora: Suma de Letras
Páginas: 272
Sinopse: Ragle Gumm tem um trabalho bastante peculiar: ele sempre acerta a resposta para um concurso diário do jornal local. E quando ele não está consultando seus gráficos e tabelas para o trabalho, ele aproveita a vida tranquila em uma pequena cidade americana em 1959. Pelo menos, é isso que ele acha. Mas coisas estranhas começam a acontecer. Primeiro, Ragle encontra uma lista telefônica e todos os números parecem ter sido desconectados. Depois, uma revista sobre famosos traz na capa uma mulher belíssima que ele nunca tinha visto antes, Marilyn Monroe. E para piorar, objetos do dia a dia começam a desaparecer e são substituídos por pedaços de papel com palavras escritas, como “vaso de flores” e “barraca de refrigerante”. A única alternativa que Ragle encontra para descobrir o que está acontecendo é fugir da cidade e de todos esses acontecimentos bizarros, contudo, nem a fuga nem a descoberta serão tão fáceis quanto ele imaginava.

Ragle Gumm tem 46 e vive com sua irmã Margo, seu cunhado Victor, e o filho deles, Sammy. Ragle ganha sua vida basicamente acertando respostas de um concurso diário do jornal através das análises de padrões das respostas anteriores e daquelas possíveis que virão. Mas, de repente, sua vida pacata começa a mudar e tudo sai de seu controle. 
As coisas trocam de lugar e desaparecem, ficando em seu lugar papéis criptografados com apenas uma palavra descrevendo o que antes estava ali. Ao ponto de um colapso por acreditar que sua sanidade está em jogo, nosso protagonista resolve fugir dessa realidade.
Mas quanto mais foge, mais ele percebe que as coisas tornam-se estranhas, se encontrando fora de sua realidade e do tempo em que acredita estar vivendo. A partir desse seu deslocamento, nosso personagem principal começará a acreditar que fora desta realidade, existe outra, mais sombria e desconhecida por nós, a qual ele não pode ter acesso (ou ao menos não deveria).

Lembra do filme Matrix? Pois bem, esta narrativa tem a mesma pegada. Com coisas absurdas acontecendo o tempo todo, nosso protagonista acaba por questionar a realidade (o que, cá entre nós, pode mexer muito com nossa sanidade algumas vezes).

O começo da leitura, ao meno para mim, foi arrastado e você não consegue se apegar a qualquer um dos personagens. A escrita de PKD é bem simples e com o tempo passar a aprisionar nossa atenção, mas até lá, bom, isso me demandou um certo esforcinho e insistência.

A empatia com os personagens surge a medida que a trama se desenrola e os acontecimentos absurdos começam a ser cada vez mais bizarros, criando angústia, desespero e paranoia (sim, paranoia é a palavra que resume bem esta história). O Tempo Desconjuntado vai trazer reflexões e questionamentos sobre o que é a realidade de uma forma diferente do que encontramos na literatura.

Deixo aqui um adendo a quem tem depressão ou síndrome do pânico: se você já se questionou sobre isso e seus medos são aflorados por questionamentos a cerca da realidade do mundo, evite esta leitura. Digo isso por experiências anteriores antes de meu tratamento. Esta narrativa mexe com pontos que nos deixam desconfortáveis se ainda não superamos os momentos de crise.

Com muitas mensagens nas entrelinhas trazidas da época em que foi escrito (fim da década de 1950), a tradução, apesar de boa, faz com que algumas coisas sejam perdidas, mas o leitor que se atentar a ambientar a história naquela época e rememorar os acontecimentos que estavam movimentando o mundo, consegue pegar as críticas de PKD. 
A atmosfera do medo, das paranoias, dos anseios e das incertezas que a população mundial viveu entre as décadas de 50 e 60 são presentes nessa narrativa (lembrando que estamos falando do período do fim da 2ª Guerra Mundial e a ocorrência da Guerra Fria).
Esta edição da Suma de Letras está impecável, com uma capa dura linda e bem colorida, trazendo a ilustração de Deco Farkas, com projeto gráfico de Celso Longe. Devo dizer que esta capa é bem mais bonita e digna da obra de K. Dick do que as trazidas pela editora Aleph. As páginas são amareladas (como a gente ama) e a diagramação do texto está ótima para leitura em qualquer momento do dia.

De modo geral, gostei do livro, mas não me apaixonei. Este não é o tipo de ficção científica que mais me atrai, mas não tiro o mérito do autor e da história. E vocês leem ou já leram Philip K. Dick? E que acham do autor?

BEIJÃO E ATÉ MAIS!

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