sobre livros e a vida

17/07/2018

Tá Na Estante :: ‘Nunca Houve um Castelo’ #798

OI, MATES! TUDO BEM?

Vamos conversar sobre um livro brasileiro fantástico?

LIVRO: Nunca Houve um Castelo
AUTORA: Martha Batalha
EDITORA: Companhia de Letras
PÁGINAS: 251
SINOPSE: Em seu segundo romance, Martha Batalha recria a trajetória dos descendentes de Johan Edward Jansson, cônsul da Suécia no Brasil. Em 1904, ele construiu um castelo em Ipanema. Rio de Janeiro, 1968. Estela, recém-casada, mancha com choro e rímel a fronha bordada de seu travesseiro. Uma semana antes ela estava na festa de Réveillon que marcaria de modo irremediável seu casamento. Estela sabia decorar uma casa, receber convidados e preparar banquetes, mas não estava preparada para o que aconteceu. Setenta anos antes, Johan Edward Jansson conhece Brigitta também em uma festa de Réveillon, em Estocolmo. Eles se casam, mudam-se para o Rio de Janeiro e constroem um castelo num lugar ermo e distante do centro, chamado Ipanema. Nunca houve um castelo explora como essas duas festas de Ano-Novo definem a trajetória dos Jansson ao longo de 110 anos. É uma saga familiar embebida em história, construída com doses de humor, ironia e sensibilidade. A riqueza e a complexidade dos múltiplos personagens criados por Batalha permitem tratar de temas que se entrelaçam e definiram a sociedade brasileira nas últimas décadas, como o sonho da ascensão social, os ideais femininos e feministas, a revolução sexual, a reação ao golpe militar, a divisão de classes, a deterioração do país. Um romance comovente sobre escolhas e arrependimentos, sobre a matéria granular da memória e as mudanças imperceptíveis e irremediáveis do tempo.

Johan Jansson levava uma vida monótona em Estocolmo, na Suécia. Até que depois de tanto que sua mãe insiste, ele aceita ir em uma festa de réveillon onde conhece Brigitta e é amor a primeira vista. Os dois se apaixonam e não demoram a casar. Com um bom emprego e apaixonado, o casal acaba por se mudar para o Rio de Janeiro, onde Johan acreditava que a saúde frágil da esposa poderia ser melhor tratada e lá eles não só constroem sua vida, como um castelo, a sua morada, no bairro até então ermo de Ipanema.

Entre idas e vindas, a história narra a vida da família Jansson e daqueles que entram em seu convívio ao longo de 110 anos, onde o castelo é o ponto central onde tudo iniciou e de forma fadada onde tudo acabará um dia.

Martha Batalha é uma bênção para a literatura brasileira. Sua escrita é de uma delicadeza digna de um poeta, e ao mesmo tempo que ela aborda de tramas complexas no livro, como o golpe militar e a ditadura, sua escrita é quase a melodia de uma canção cantada pelos anjos. O que poderia ser assustador, torna-se uma imagem clássica em nossa interpretação. O que poderia ser dramático pode ser devastador.


Nunca Houve um Castelo é uma ficção brasileira que trata de personagens que existiram na vida real. No entanto, Martha tomou a liberdade de escrevê-los ficcionalmente e, pelo amor de Cher, como ela os criou bem! Eu me senti afeiçoada por cada um deles.

Inclusive, o livro tem muitos, muitos personagens, o que poderia ser um problema no desenvolvimento de enredo, mas cada um deles aparece no momento certo e a divisão de núcleos por década ajuda muito para o leitor não se perder e iniciar a nova fase da história com um novo enredo e tópicos para serem discutidos.
O desenvolvimento dos personagens ocorre naturalmente através das décadas e a própria cidade, ao final, pode ser apontada como um personagem primordial da trama, já que ela mudou, desconstruiu-se e acompanhou todas essas histórias acontecerem.

Se a família e o seu círculo social é o centro da história, eu me peguei por muitos momentos fascinada pela riqueza de detalhes atribuídos pela autora. Ela conseguiu abordar assuntos de três décadas atrás, sem soar como quem está dando uma aula para o leitor. Ela trouxe em foco homossexualidade, preconceito, traição, o divórcio e a ditadura mostrando ao leitor como não é a história que se repete, mas os humanos é que insistem em copiar a história.

É um livro rico de um enredo redondo, bem desenvolvido, critico, emocional, complexo e verossímil, como também muito bem construído e pesquisado, ponto comprovado no rigor de detalhes quanto os acontecimentos nos Anos 70/80 e nos assuntos abordados pela autora ao longo da trama.

Essa foi a minha primeira experiência lendo Martha Batalha e ao fim dessa leitura, eu sinto que ela conquistou um espaço no meu coração como autora favorita. Pretendo ler A Vida Invisível de Euridice Gusmão, o seu primeiro livro, também lançado pela Companhia de Letras. Quem sabe em breve tenhamos resenha aqui.

Recomendo esse livro para todos que querem conhecer um pedacinho do Rio de Janeiro das antigas.

XOXO!

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