sobre livros e a vida

29/09/2014

Tá Na Estante :: ‘ Novembro de 63 ‘ #309

Olá galera!

Quem acompanha o blog com frequência, sabe que a Semana Stephen King já acabou, mas isso não foi empecilho para que eu viesse trazer mais uma resenha de uma obra desse gênio. O livro da vez se chama Novembro de 63, publicado pela Editora Suma de Letras. Vamos conferir o que achei?

Livro: Novembro de 63
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 736
Sinopse: A vida pode mudar num instante, e dar uma guinada extraordinária. É o que acontece com Jake Epping, um professor de inglês de uma cidade do Maine. Enquanto corrigia as redações dos seus alunos do supletivo, Jake se depara com um texto brutal e fascinante, escrito pelo faxineiro Harry Dunning. Cinquenta anos atrás, Harry sobreviveu à noite em que seu pai massacrou toda a família com uma marreta. Jake fica em choque… mas um segredo ainda mais bizarro surge quando Al, dono da lanchonete da cidade, recruta Jake para assumir a missão que se tornou sua obsessão: deter o assassinato de John Kennedy. Al mostra a Jake como isso pode ser possível: entrando por um portal na despensa da lanchonete, assim chegando ao ano de 1958, o tempo de Eisenhower e Elvis, carrões vermelhos, meias soquete e fumaça de cigarro. Após interferir no massacre da família Dunning, Jake inicia uma nova vida na calorosa cidadezinha de Jodie, no Texas. Mas todas as curvas dessa estrada levam ao solitário e problemático Lee Harvey Oswald. O curso da história está prestes a ser desviado… com consequências imprevisíveis. Em Novembro de 63, livro inédito de Stephen King, a viagem no tempo nunca foi tão plausível… e aterrorizante. 

Novembro de 63 foi o clássico livro que escolhi pela capa e pela fama do autor, sem nem ler a sinopse antes. Isso acontece muito comigo, e muitas vezes acabo me desapontando com a história, mas decididamente não foi o caso dessa vez.
Em Novembro de 63, King nos presenteia com mais uma de suas tramas intrincadas e cheias de facetas, onde cada movimento é crucial em algum ponto futuro na história. No centro da trama temos Jake Epping, um homem que tinha tudo para ser o típico professor de inglês se não fosse o fato de não possuir emoções. A muito tempo, Jake não consegue sentir absolutamente nada.
E esse fato é um divisor de águas na trama, pois o fato desencadeia uma série de eventos fundamentais para o enredo. A “dormência emocional de Jake acaba certa noite, quando ele corrige a redação de Harry Dunning, um aluno do supletivo.
A tarefa era simples: escrever sobre um dia que tivesse marcado a sua vida. Na sua redação, Harry nos descreve de forma humilde e rústica a tragédia sanguinária que abateu sua família nos anos 50: seu próprio pai matou sua mãe e três irmãos. Harry escapou por pouco, sendo praticamente um milagre o fato de ele continuar vivo. Ao ler a redação, Jake não consegue evitar as lágrimas. E só pra constar, nem eu consegui.
Paralelamente a isso, somos introduzidos na trama que realmente dá origem ao enredo idealizado por King. Outro personagem importante é introduzido a história nesse ponto: Al, o dono de uma lanchonete chamada Gordobuger.
Al guarda um segredo em sua lanchonete: através da sua despensa, ele consegue viajar no tempo. E é justamente isso que ele conta a Jake, mudando assim drasticamente a sua vida.
Al passou sua vida estudando a situação da América, e sua conclusão é bem simples: Os Estados Unidos seria um lugar muito melhor, mais desenvolvido e com melhor qualidade de vida se o presidente John Fitzgerald Kennedy, o famoso JFK, não tivesse sido assassinado.
Al convence Jake a voltar no tempo, ir para o ano de 1958, para tentar evitar o assassinato do presidente. Mas o que Al não sabe é que as motivações de Jake vão muito além do que a situação política do país. Ele vê na despensa de Al a possibilidade de evitar a catástrofe que dizimou a família de seu estudante, Harry Dunnings.
Ao chegar em 1958, Jake encontra um universo completamente diferente do que está acostumado. Para não levantar muitas suspeitas, adota o pseudônimo de George Amberson, e passa a viver das economias que Al lhe deu, algumas aulas substitutivas e umas apostas aqui e ali.
Jake – ou George, como passa a ser chamado – vive no passado durante 5 anos, até 1963. Acompanhamos sua jornada incrível, desafiadora e emocionante em busca de respostas e de um futuro melhor. Mas mexer com o passado não é uma coisa simples e trás consequências. Será que o nosso protagonista estará disposto a pagar por elas?
Quando li a sinopse do livro, esperava uma obra nada original. Afinal a temática de viagem no tempo já foi muito explorada, tanto na literatura quanto no cinema. O que eu esperava era um livro monótono retratando como seriam os nossos dias atuais se JFK não tivesse morrido.
Mas eu já deveria saber que monotonia é uma palavra que não existe no dicionário de Stephen King. Primeiramente, fiquei admirada com a pesquisa muito bem feita. Afinal, Novembro de 63 pode ser uma obra fictícia mas tem como base alguns fatos reais.
King mergulhou de cara na história de John F. Kennedy e de Lee Harvey Oswald – o atirador que o assassinou. Temos dois núcleos claramente distintos nesse livro: A história de JFK e toda a caça ao seu assassino, e as tentativas de Jake de melhorar a vida das pessoas que conhece no futuro. 
O efeito borboleta está constantemente presente no livro. Toda mudança que Jake faz no passado causa mudanças no futuro, algumas praticamente imperceptíveis, outras com o poder de causar danos imensos.
Novembro de 63 não é uma leitura fácil. Para começar, temos quase 800 páginas de história, o que por si só desamina muita gente. O livro tem aquela velha característica prolixa que já estamos tão acostumados a encontrar nas obras de King. Então a atenção tem que ser redobrada no momento de ler, pois se perdermos um pequeno detalhe aqui, pode ser que não entendamos a história mais para frente.
No geral, o livro foi uma surpresa imensa para mim. Como disse anteriormente, o escolhi pela capa e pela fama do autor. Quando li a sinopse, as expectativas já foram diminuídas consideravelmente. Mas King tem sempre o dom de surpreender e nos envolver em suas narrativas.
A maior surpresa para mim está relacionada ao gênero. Quando pensamos em Stephen King, já pensamos imediatamente no título de Rei do Terror. Mas dessa vez, ele passou bem longe do seu já costumeiro gênero. Se eu tivesse que enquadrar Novembro de 63 em algum gênero, seria o policial. Investigação é uma das partes chaves do livro, o que me conquistou imediatamente. Também temos a pegada de ficção científica, com toda essa caracterização de viagem no tempo.
A escrita de King é, como sempre, maravilhosa. Ele é o tipo de escritor que consegue arrancar reações de seus leitores. Seus personagens sempre conversam comigo, fazem com que eu me conecte com a história, e isso só deixa a leitura ainda mais interessante.
E não poderia finalizar a resenha sem comentar sobre o trabalho da editora. Essa capa é muito mais perfeita pessoalmente do que a imagem demonstra. Ela é toda trabalhada com verniz e texturas, um trabalho tão incrível que toda vez que o pego fico passando a mão que nem boba!
A diagramação interna também é um arraso. Não é tão trabalhada quanto a capa, mas foi feita de uma forma que consegue nos guiar durante a leitura. Nem preciso dizer que as páginas amarelas me conquistaram, não é mesmo?
Mas chega de enrolação. Já escrevi demais e provavelmente estou entediando vocês. Me despeço – como sempre – com um trecho do livro. Espero que gostem.

Se eu soubesse o que o futuro me reservava, sem dúvida teria subido para falar com Glória. Poderia até ter dado o beijo que vinha flertando no ar entre nós nos últimos meses. Mas é claro que eu não sabia. A vida muda de repente.

Beijinhos e até a próxima!
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