sobre livros e a vida

07/02/2018

Tá na Estante :: ‘Lab Girl’ #758

Olá! 

Hoje vim falar um pouco sobre Lab Girl da escritora Hope Jahren, livro não-ficcional que traz a visão de uma mulher cientista sobre a ciência, a partir da narrativa de sua vida. Vem conferir!

Livro: Lab Girl – a jornada de uma cientista entre plantas e paixões
Autora: Hope Jahren
Editora: Harper Collins
Páginas: 319
Sinopse: Uma brilhante estreia que retrata tanto a trajetória de uma mulher no mundo da ciência, amizades de longa data e uma maneira incrivelmente inovadora de olhar para as plantas, que mudaram completamente a maneira como encaramos o meio ambiente. A aclamada cientista e eleita uma das pessoas mais influentes pela revista times, a bióloga Hope Jahren, constrói aqui uma narrativa sobre trabalho, amor e as montanhas que podem ser movidas quando esses dois fatores trabalham lado a lado.
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Lab Girl é um livro de memórias, narrado em primeira pessoa pela bióloga e cientista Hope Jahren, que relata sobre sua vida pessoal e acadêmica, desde sua infância brincando no laboratório de seu pai, o descobrimento pelo amor à botânica e à ciência, e sua formação acadêmica, desde a graduação na Universidade de Minessota até seu atual auge na pesquisa em análises de isótopos estáveis e fósseis de plantas.O livro é dividido em três partes, mais prólogo e epílogo, que relacionam objetos de pesquisa de Hope, com o desenvolvimento de sua vida pessoal.

Na primeira parte intitulada ‘Raízes e folhas’, a bióloga narra sua infância, adolescência e sua formação. É nessa parte que iremos conhecer Bill, o fiel escudeiro assistente de laboratório de Jahren, que será importante em no desenvolvimento de sua carreira. Em seguida, entramos na parte ‘Madeira e nós’, entramos nas dificuldades e alegrias que a cientista passa ao começar a construir seu primeiro laboratório na Georgia. 
Neste ponto, Hope narra sobre os problemas financeiros encontrados por cientistas, que dificultam a construção do laboratório, o desenvolvimento de experimentos e o pagamento de seus técnicos. Na terceira parte, ‘Flores e frutos’, Jahren traz as memórias da construção de seus outros laboratórios, seu casamento, e a mudança de ares para seu atual emprego na Universidade do Hawaii.

Fazer esta ligação das etapas da vida de uma árvore com passagens e acontecimentos em sua vida, foi para mim uma sacada bem pensada por Hope Jahren e que, quando você reflete sobre o texto e o título, faz todo sentido. Com uma escrita fluida, detalhista e bem humorada, com linguagem simples para que todos possam entender, Lab Girl nos faz refletir a visão que o mundo tem sobre a ciência, e como este mundo, muito dominado pelos homens, enxerga as mulheres cientistas, estas que são por vezes postas em patamar mais baixo e vistas como incapazes de fazer o que fazem.

Em meio às descrições que Hope traz de sua carreira e vida, ela nos ensina a biologia por trás de várias espécies vegetais, tudo pautado em dados científicos (sim, ela traz as referências ao final do livro). É incapaz de não se apaixonar pela ciência, de não se querer estar em um laboratório e de não se querer escrever um livro. Lab Girl, apesar de tratar de ciência, nos traz também a perspectiva de uma amizade leal como a que Bill e Hope têm, passando por dificuldades e adversidades diversas, e continuando ajudando um ao outro sempre. 
Além disso, a narrativa aborda assuntos bem pessoais da autora, como ansiedade, depressão e transtorno bipolar, que a mesma descreve de forma intensa, fazendo que o leitor entre em sua cabeça quando estas doenças resolvem atacar. Outro ponto interessante, é o sexismo. Jahren traz o panorama das mulheres na ciência, como ainda são menos valorizadas que os homens, como recebem menos prestígio e são menos creditadas por suas descobertas e conhecimentos.
Como aspirante a cientista e química em formação, eu me identifiquei com a autora, por saber as dificuldades vividas no meio acadêmico (universidades e institutos de pesquisa), ainda mais com a atual situação da ciência brasileira. Contudo, pude perceber que as dificuldades (financeiras ou não), transcendem uma nação, não estão presentes apenas no Brasil ou países menos desenvolvidos: elas estão em todo lugar.

Por trás de papers (artigos científicos) publicados e da visão de glamour de cientistas em laboratórios muito bem equipados, com equipes muito bem estruturadas, estão os erros, a falta de grana, as recusas e algumas decepções. Esta é a realidade que Lab Girl nos traz e que muitas vezes nos é escondida, estando você dentro ou fora da academia.

Entre todas as emoções que esse livro desperta (risos, desespero, angústia e choro), com certeza as mais marcantes são o conforto de ser ter uma amizade leal e o despertar da curiosidade pela ciência. Este é um livro sobre superação, sobre não desistir de seus objetivos, seja você cientista ou não. Recomendo a todos que estejam precisando daquela injeção de ânimo para continuar em busca dos sonhos, e, em especial, àqueles que desejam saber mais sobre as particularidades da vida científica.

“Como uma cientista mulher, eu ainda sou incomum, mas em meu coração eu nunca fui outra coisa.”
Beijão e até mais!

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