sobre livros e a vida

12/02/2016

Tá Na Estante :: ‘Jogos Mentais’ #502

Oi, gente. Tudo bem?

Hoje estou de volta com mais uma resenha dupla pra vocês, dessa vez em parceria com a Giu Ladislau do blog Prazer, Me Chamo Livro. O livro escolhido é uma distopia lançada no final do ano pela Farol Literário. Vamos conferir?!

Livro: Jogos Mentais
Série: Mind Games (#01)
Autora: Teri Terry
Editora: Farol Literário
Páginas: 480
Sinopse: Em um mundo futuro, viver entre o universo real e o virtual é cotidiano. Todos os dias, as pessoas se plugam a uma realidade virtual, criada por uma poderosa empresa do governo, onde podem fazer tudo: se divertir, ir às compras ou estudar. Tudo sempre rigorosamente controlado. Luna, diferentemente de seus amigos e de sua família, não consegue se conectar por inteiro a essa dimensão, por isso permanece ao mesmo tempo nos dois mundos. Ser diferente nesse sentido, no entanto, acaba levando-a a fazer descobertas surpreendentes e assustadoras sobre essas realidades, que mudarão por completo os rumos de sua vida.

Jogos, aventura, festas, namoros, sexo… Tudo isso e muito mais está disponível no Temporreal. Basta se conectar e você pode aproveitar as maiores e melhores sensações sem correr risco de doenças, acidentes ou gravidez. Sono e alimentação não são necessários pois você tem um suporte de vida que alimenta e descansa seu corpo enquanto você se diverte. Se quiser ainda mais interação, sem depender de plataformas, é só colocar um implante – disponível a partir dos 10 anos – que em poucos segundos você acessa informações, troca recados, aceita convites e muito mais. Promissor, não é? Mas isso é tudo que Luna não quer.

“Há tempos, um grande avanço que possibilitou experiências virtuais perfeitas pela primeira vez. Temporreal é como realidade, porém melhor! Seja quem você quer ser; vá aonde quiser. Com a PareCo.” Era assim o anúncio. Mas nunca para mim.

Luna tem bons motivos pra fazer parte da turma de Recusadores – pessoas que não se conectam, seja por escolha, religião ou restrição médica. Sua mãe, uma reconhecida hacker, morreu depois de muito tempo conectada – com rumores de que teria sido suicídio -; seu pai quase não “aparece” mais, se dedicando à vida virtual; o irmão mais novo não quer mais saber de brincadeiras de criança porque está o tempo inteiro jogando virtualmente. Pra completar o cenário familiar, a madrasta se preocupa excessivamente com as aparências, sem a menor questão de disfarçar, e a avó está mentalmente debilitada. Assim, Luna é vista como potencialmente diz, maluca.

– Eles não sabem quem você é, ou qualquer outra coisa sobre você, porque não tem um Implante. Isso, juntando ao fato de Astra ser sua mãe, faz de você um risco que precisavam investigar.


Nesse mundo, os hackers são reconhecidos não apenas com prestígio como também com tatuagens. Cada um tem uma habilidade especial no Temporreal e, a cada feito, recebe tatuagens pretas ao redor dos olhos. Mas o que pouca gente sabe é que existem p’hackers, que dominam o vácuo e sua prata – estes têm tatuagens prateadas, só possíveis de serem vista sob a luz da lua e por outros p’hackers. Luna descobre essa novidade através de Gecko durante um teste, ao qual são submetidos apenas os melhores alunos, e ela recebe a notícia com surpresa, já que não se esforça na escola e sequer tem uma Educação Virtual. É com Gecko que ela aprende mais sobre o mundo onde vive e, mais do que isso, sobre si mesma e seus sentimentos.
A PareCo, empresa que gerencia toda essa realidade paralela, tem poder sobre todos os países e trabalha em conjunto com a NNU (Novas Nações Unidas). Mas o que Luna vai descobrir é que há muito mais escondido no mundo real e virtual do que se está revelado.

– É uma surpresa que a tenham deixado quieta por tanto tempo…

Sensacional! Fui fisgada no primeiro capítulo, que me botou dentro da história e me prendeu legal. Foi interessante acompanhar conceitos não explicados sendo trabalhados normalmente no meio da história, como parte natural dela; a gente não tem a definição clara e mesmo assim consegue entende o contexto. Logo no começo percebi que seria uma leitura bastante rápida.
O livro é narrado em primeira pessoa por Luna, e é a partir de seus pensamentos e falas que compreendemos esse novo mundo. São 7 partes, precedidas por uma citação e nomeadas de modo a gerar expectativa no leitor. As informações eram acrescentadas aos poucos, cada cena trazendo uma novidade e ampliando nosso entendimento do Temporreal e da PareCo. 
Uma distopia nua e crua, que discute a dependência tecnológica e a necessidade de nos mantermos conectados, apresentando uma realidade bem ambicionada crível pra daqui a uns anos. E vai além: mostra o poder desejado a todo custo, os sacrifícios que são feitos para manter o controle, as formas de manipulação que são usadas para atingir um objetivo. É ficção, mas tem muito de crítica e realidade.
Ao contrário de muitas mocinhas/heroínas das distopias, Luna não nasceu com esse espírito revolucionário; essa faceta foi desenvolvida com o sofrimento pela morte da mãe e com as circunstâncias e verdades que lhe foram apresentadas. Uma das lições que ela aprende – e nós reforçamos – é que não se pode confiar plenamente em ninguém, pois cada um tem sua própria versão e visão e não é porque duas delas são opostas que necessariamente uma tem que ser boa e outra ruim.
Confesso que em muitos momentos desejei que o Temporreal fosse real, principalmente quando eu tinha que parar de ler pra suprir necessidades básicas. Mas ao mesmo tempo parei pra refletir em como eu tenho me tornado dependente de celular e redes sociais. Como tudo na vida, essa plataforma seria uma opção muito boa se bem utilizada. Como tudo na vida, essa plataforma seria um instrumento de vício, controle e escape.
Reiniciados já tinha surpreendido, não era pra menos Jogos Mentais ser tão bom. E falando na outra série, foi o máximo a autora ter linkado ambas do modo como fez. Reiniciados se transforma em um jogo, no qual Lordeiros caçam os adolescentes “problemáticos”, que inclusive têm Nivos em seus pulsos. (Não sabe do que eu tô falando? Leia a resenha!)
Amei a capa quando vi e continuo achando linda, mas depois que li e peguei a original, desejei muito que a Farol tivesse mantido, porque ela tem muito mais significado. Já fiquei imaginando uma capa preta fosca com esse cinza todo em prata. Revisão e diagramação estão ótimas. Minha única reclamação é que, como o livro é grosso, precisei abrir mais pra ler e ele acabou ficando meio “solto”, como se estivesse descolando. Não chegou a cair, mas é perceptível que a encadernação está alterada.
A princípio Mind Games seria um livro único, mas a autora anunciou no ano passado uma continuação. Já ansiando por Dangerous Games, que contará a história de Liberty, filha de Luna. Farol, corre com essa publicação, nunca te pedi nada!
Beijos e até a próxima!

Comentários

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Ei, eu sou a Barb, tenho 27 anos, sou baiana, estudei Letras e compartilho conteúdo desde 2010 na internet. Por aqui, escrevo sobre tudo que faz meu coração bater mais forte.

Se inscreva no meu canal do youtube

Além do meu amor pela leitura e pelas histórias de romance, eu compartilho vlogs sobre a minha rotina e trabalho, mostrando como é a vida de uma baiana morando em Madrid, na Espanha.

Ei, inscritos no Telegram

Faça parte do nosso grupo aberto e gratuito no Telegram. Lá os inscritos recebem novidades, conteúdos exclusivos, além de um podcast semanal (em áudio) sobre o que se passa na mente da criadora de conteúdo.

Telegram

Quer receber minha newsletter?

Vamos conversar mais de pertinho? Enviamos conteúdos semanais sobre assuntos mais intimistas: reflexões sobre a vida e situações cotidianas.