sobre livros e a vida

23/07/2018

Tá na estante :: ‘Hippie’ #800

Oi gente!

Hoje vim conversar sobre minha primeira experiência com Paulo Coelho. Vamos lá?

Livro: Hippie
Autor: Paulo Coelho
Editora: Paralela
Páginas: 296
Sinopse: No seu livro mais autobiográfico, Paulo Coelho nos leva a reviver o sonho transformador e pacifista da geração hippie. Paulo é um jovem que quer ser escritor, deixa os cabelos longos e sai pelo mundo à procura da liberdade e do significado mais profundo da existência. Da prisão como terrorista pela ditadura militar brasileira, em 1970, ao encontro com Karla, em Amsterdã, quando resolvem ir até o Nepal no Magic Bus. No caminho, vivem uma extraordinária história de amor. Os companheiros de viagem também passam por transformações profundas e abraçam novos valores para suas vidas.
Em 1970, o mundo tinha duas capitais hippies: Dam (em Amsterdã) e Piccadilly Circus (em Londres). É com essa informação que o narrador começa sua história. Tratando dos jovens cabeludos, com roupas coloridas que ousavam em lutar pela liberdade, pelo amor sem medidas, Hippie traz uma incursão neste movimento cultural que sempre foi visto como um bando de adolescentes ricos que traficavam drogas e eram vagabundos. Mas a realidade não era e não é essa.
Os hippies eram jovens que desafiavam os padrões da civilização burguesa ocidental, desafiavam o sistema consumista, voltado ao dinheiro e ao capitalismo. Vestiam roupas coloridas, ascendiam incensos, sentavam no chão para meditar, tocavam instrumentos musicais, cantavam, conversavam sobre temas como liberdade sexual, busca pela verdade interior, e defendiam o amor livre, tudo isso em paz. 
É neste cenário que vamos conhecer nossos personagens principais: Paulo e Karla. Ele, um jovem brasileiro que sonha em ser escritor; ela, uma jovem idealista buscando um significado para sua vida e que deseja viajar até o Nepal.
Já no começo da história, conhecemos Paulo, que namora uma moça natural da Iugoslávia, 11 anos mais velha que ele (não se cita o nome no livro). Neste romance, ele conhece, em todos os sentidos, o que é o amor e, deslumbrado pela forma que ela o domina, se impõe, ele embarca com ela em uma aventura para a Bolívia no Trem da Morte, que os levará até Machu Pichu, no Peru.

Após passarem por experiências espirituais emocionantes, retornam ao Brasil, passando pela Argentina, entrando pelo país através de Ponta Grossa, no Paraná, onde decidem gastar um pouco de dinheiro em o luxo de dormirem em um hotel e comerem uma boa refeição. Contudo, o dono do hotel em que decidem se hospedar os denunciam para a polícia, como estando ligados a movimentos comunistas contra o governo militar no Brasil. Paulo e sua namorada são presos e torturados até provarem que não estão envolvidos com tais grupos. A partir daí, o casal se distancia e se separa.

Paulo então viaja para Amsterdã em busca de novas experiências que o irão ajudar a escrever seu livro. É nesse local que iremos conhecer Karla, uma holandesa hippie que está à procura de um homem para viajar com ela até o Nepal no Magic Bus. 
Quando encontra, ao acaso, Paulo no Dam, Karla percebe que o brasileiro pode ser sua companhia ideal nessa aventura para o Oriente. Em menos de dois dias, os dois se apegam tanto e, por uma pequena manipulação emocional de Karla, Paulo embarca com ela no Magic Bus, uma viagem de baixo custo para o Nepal.
Durante a viagem, o leitor é levado a conhecer cidades, paisagens, culturas diferentes do que costumamos ver. Todas as descrições são historicamente fiéis. Saindo de Amsterdã, o passageiros do Magic Bus passam pela Alemanha, pela Áustria, pela Iugoslávia, pela Turquia, e outros tantos locais até chegarem a Catmandu, Nepal.
“O que é uma vida sem amor? É a arvore que não dá frutos. É dormir sem sonhar. Às vezes é até mesmo ser incapaz de dormir.”

Nesse livro, Paulo Coelho traz sua história da forma mais autobiográfica, em um gênero literário denominado autoficção (ou seja, uma história autobiográfica real que também traz pontos ficcionais). Todos os personagens são reais, mas alguns tiveram seus nomes alterados. A narrativa em terceira pessoa deixa ainda mais interessante a experiência de leitura: ficamos na dúvida se o Paulo autor viveu mesmo aquilo que o Paulo personagem está vivendo.
O relacionamento entre Paulo e sua namorada da Iugoslávia, assim como seu relacionamento com Karla, são estranhos, com parceiras dominadoras e manipuladoras na maior parte do tempo. Karla e Paulo não namoram de fato, mas vivem experiências juntos o tempo todo após o encontro em Amsterdã. Ao longo da viagem no Magic Bus, essa relação terá altos e baixos, com pessoas sendo responsáveis por essas oscilações. As personagens secundárias são interessantes e conhecemos também um pouco de suas vidas no decorrer da história.
A narrativa aborda temas como a tortura provocada em prisioneiros da ditadura militar brasileira, uso de drogas (maconha, haxixe, LSD, heroína), liberdade sexual, opressão, entre outros. A busca do verdadeiro eu interno e a espiritualidade estão presentes no livro e de forma alguma me incomodaram (ponto que muitos críticos do autor ressaltam em suas obras e apontam como aspecto desqualificador das mesmas).

“Amor é uma pergunta sem resposta.”

De um modo geral, gostei da leitura e o livro superou minhas expectativas, foi bem gostosinho de ler. Me fez querer conhecer mais das obras do autor. Minha única ressalva e decepção foi a forma como ele termina, parecendo ser de maneira abrupta, nos deixando com uma sensação de que algo faltou. Mas mesmo isto não retirou deste livro seu próprio brilho. Creio que também por ter esse viés autobiográfico, a narrativa me prendeu, me levou de forma fácil.
***

Vocês já leram Hippie? O que acham de Paulo Coelho? Me falem aqui nos comentários.

BEIJÃO E ATÉ MAIS!

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