sobre livros e a vida

23/11/2014

Tá na estante: ‘Encontrada’ #335

OLHA OS FORNINHOS CAINDO!
Estou chegando na área com uma resenha fresquinha de um dos livros nacionais mais adorados da atualidade: Encontrada – À Espera do Felizes para Sempre, segundo livro da série Perdida. Vamos ver o que eu achei, pessoal!


LIVRO: Encontrada – À Espera do Felizes para Sempre.

SÉRIE: Perdida (#01)
AUTORA: Carina Rissi
EDITORA:Verus
PÁGINAS: 476

SINOPSE: Sofia está de volta ao século dezenove e mais que animada para começar a viver o seu final feliz ao lado de Ian Clarke. No entanto, em meio à loucura dos preparativos para o casamento, ela percebe que se tornar a sra. Clarke não vai ser tão simples quanto imaginava. As confusões encontram a garota antes mesmo de ela chegar ao altar e uma tia intrometida que quer atrapalhar o relacionamento é apenas uma delas. Além disso, coisas estranhas estão acontecendo na vila. Ian parece estar enfrentando alguns problemas que prefere não dividir com a noiva. Decidida, Sofia fará o que estiver ao seu alcance para ajudar o homem que ama. Ela não está disposta a permitir que nada nem ninguém atrapalhe seu futuro. Porém suas ações podem pôr tudo a perder, e Sofia descobre que a única pessoa capaz de destruir seu felizes para sempre é ela própria.

Se você leu ‘Perdida’ não terá problemas, Sofia está de volta ao século dezenove, prontinha para viver com Ian, o seu grande amor de contos de fadas. É claro que para Sofia essa simples tarefa se transforma em um grande desafio. O princípio do livro trabalha com todos os preparativos do casamento luxuoso e apaixonante com o Sr.Clarke, enquanto Sofia precisa se adaptar a vida no século dezenove e aos caprichos de seu marido, como comprar infinitos presentes para a sua amada, que recém chegada do século atual não tem nada para chamar de seu, e isso não a deixa nadinha satisfeita. Só para fechar o pacote com um laço, Sofia se machuca gravemente (para a época) e, ao mesmo tempo, causa uma perda sentimental a Ian que mexe muito com o emocional da nossa atrapalhada protagonista a ponto de fazê-la desenvolver uma dívida desnecessária em uma joalheria apenas para tentar consertar o seu erro e não ser um fardo financeiro para seu marido.Se você pensa que o enredo central seria focado nos preparativos e casamento de Sofia com Ian está bem enganadinho. Esse foi um grande acerto da obra. Solucionar logo esse grande evento e partir para o futuro do casal. Com muito humor e confusão, o casamento não poderia ter sido mais marcante. Ainda não sei o que foi mais engraçado: Sofia no confessionário contando todos os detalhes podres de sua vida ao Padre da cidade ou ela esquecendo de informar ao marido que não sabe falar Latim, o que causou um, quase, sério impedimento para a sua união com Ian.
Após isso, a narrativa se perde dramaticamente. A lua de mel precisa ser adiada por motivos que a princípio Ian não revela, mas isso incomoda muito uma Sofia ansiosa para poder viver toda a sua experiência de casadinha com Ian. Imersa em tentar descobrir o verdadeiro motivo por trás do adiamento, Sofia acaba se envolvendo em uma venda secreta de condicionadores artesanais desenvolvidos por ela em sua, agora, cozinha. Sua intenção inicial era apenas favorecer as jovens sofredoras do século dezenove que não tinha a menor ajuda na área de cosméticos, mas disso, ela acaba criando um negócio que a tira do setor dependente e a leva a um patamar de mulher independente. É claro que para a época isso era visto como um erro absurdo e Sofia, mais uma vez, se envolve em uma bagunça sendo confundida até com uma bruxa! Para fechar com chave de ouro, ela precisa se adaptar ao seu único trabalho permitido: ser dona de casa. É, não deu certo.
Pensa que é só isso? Não. Sofia ainda precisa lidar com uma maldição que está varrendo as recém casadas de todas as províncias por um motivo metálico bem atípico e com a Tia malvada de Ian, Cassandra que, acompanhada de seu filho Thomas (ou Thomaz?) acaba mexendo com o coração de duas damas distintas e trazendo dores de cabeças a Sofia e Ian. Com uma ameaça de perder tudo que construiu com Ian, Sofia precisa tomar uma decisão ao final de sua jornada que poderá toda a vida que ela almeja e a levar a um importante questionamento: ela está perdida ou finalmente, encontrada? O final do livro tinha tudinho para ser ‘WOW! QUE SHOW!’, mas … apenas não. Para mim, o final não funcionou. Sem dar grandes spoilers posso dizer que achei clichê, não me surpreendeu. Poderia ter guardado isso para o futuro, já que Rissi adiantou que haverá mais livros da série. Garanto que o efeito teria sido muito mais poderoso se esse final tivesse sido no final do livro. Quem desconfiaria? Ninguém. Entretanto, agora? Precipitado.
Antes de começar a minha resenha gostaria de deixar bem claro que: Carina Rissi é uma das minhas autoras favoritas por n motivos, ter sido minha fonte de inspiração para colocar a cara no mundo e lançar o meu primeiro romance foi a principal delas. Então, falar dela não é nenhuma tarefa difícil, ler um livro seu menos ainda, mas não gostar de um trabalho entregue por ela … é conflitante. Eu fiquei devastada com o livro, pois não gostei dele e me culpei. Não entendi. Vi dezenas de resenhas elogiando e eu não encontrava em minha análise nada disso. Me senti no colégio fazendo um teste, saindo dele e meus amigos dizendo todas as respostas que não dei. Quando encontrei pessoas que como eu não gostaram do livro me senti inclusa no universo novamente, mas a sensação de angustia ainda mora em mim. Terminei a leitura de ‘Encontrada’ há quase 1 mês e não consigo colocar em palavras os meus sentimentos. Estou refazendo essa resenha trocentas vezes.
Esse sentimento pesaroso de decepção em meu peito é odioso. Me questiono se o problema fui eu. Será que eu não estava no clima desse romance? Será que eu não compreendi que era para ser um romance despretensioso? Fui eu que esperei demais do livro? Raramente faço isso, entretanto era um livro especial, então comprei o livro assim que estreou e me dediquei apenas a ele. Aos poucos o livro foi perdendo a paixão e cheguei a um ponto, com poucas páginas lidas, em que me questionei: por que esse livro foi escrito? Tem pior questão que essa? Para um autor, não.  
Quando terminei ‘Perdida’ deixei de lado vários pormenores (como o fato de ter enredos e situações idênticas a ‘Lost in Austen’ e ‘Orgulho & Preconceito’), me apaixonei pelo livro e para mim, ele era perfeito como volume único. Quando soube da continuação fiquei na expectativa de uma obra tão boa quanto à primeira, confio no julgamento da Carina, mas sabe como analiso ‘Encontrada’? Um livro sem pesquisa, feito as pressas, sem construção de enredo, personagem, situacional e sem propósito. O livro não tem motivo para ter uma continuação! Ele foi encerrado no primeiro perfeitamente, para que continuar um livro redondo? Eu não tinha motivo de viver o resto dessa história, pois ela estava subentendida. Eles iam encontrar o jeito deles de viver felizes para sempre, não havia necessidade disso ser mostrado, ainda mais do modo que foi apresentado. É como um desconhecido que lhe conta sua história de vida e você não está interessado, pois você não o conhece e não se importa.
O livro é bom? Sim, se você o lê sem expectativas e análises. Como eu não leio nenhum livro assim, não gostei. Carina escreve bem. Ponto. Entretanto, um escritor bom não torna um livro bom. A verdade é que ‘Encontrada’ poderia ter sido melhor planejado e construído. O que faltou foi planejamento, roteiro e construção. Todos os enredos são concluídos? Sim. Os personagens são apresentados? Na melhor forma possível, sim. Contudo, para ter uma continuação, pontas precisam ser deixadas soltas, situações cuidadosamente exploradas e movimento. Um livro é como a vida, tem sempre movimento. Senti um grande descaso com vários enredos sendo jogados para os leitores como se fosse um preenchedor de cenas e não como planos (primário, secundário, terciário) e os personagens nadando por toda a história apenas para serem vilões, mocinhos ou personagens móveis, sem um papel determinante para o romance.

Vamos falar sobre os personagens principais? Sofia continua atrapalhada, teimosa e orgulhosa como em ‘Perdida’, mas aqui, ela ultrapassa todos os limites. Tudo bem, existem pessoas assim, entretanto ficou forçado. Ela sempre estava causando alguma confusão e a sua teimosia chegou a um nível que ela parecia uma pessoa cega. Isso não é natural. Ela não se deu conta em nenhum momento que era ela quem tinha que se adaptar a nova vida e não o Ian e as outras pessoas ao seu arredor. Isso me irritou muito, ela tentando modernizar o século dezenove. Uma coisa é um condicionador, outra coisa é querer mudar todo um conceito, como é o caso das divisões de quarto. Se isso acontecesse, de fato, Sofia seria punida em praça pública. Outro problema com Sofia é a sua independência. Eu entendo, é um saco ter que depender de alguém, contudo, ela está em um OUTRO SÉCULO tendo que viver sob NOVAS REGRAS em um mundo nadinha FEMINISTA e ela age como se o mundo tivesse que girar do modo que ela acha certo. Tudo bem, seria difícil se adaptar a um mundo como esse, mas quando você não tem escolha você toma atitude para entender que o seu lugar não é esse e que você precisa se esforçar para se adequar. Ela só faz isso uma vez, apenas para chegar a conclusão que deve continuar do modo que estava (porque os personagens reforçam isso) e ainda me tem a estapafúrdia de dizer que nasceu para viver naquele século. Meu amor, se você tivesse nascido para viver nesse século ninguém suspeitaria que você é uma bruxa ou não pertence a esse mundo! Então não. Entendi a intenção de Carina, mas para mim, analisando o cerne da personagem e toda a sua trajetória essa ideia é profundamente contraditória.

Ian continua o príncipe encantado de ‘Perdida’. Ponto. Os poucos questionamentos ao personagem não o levam a novos patamares, então ele acaba por ficar estagnado, o que não é bom, nem ruim. É apenas mais do mesmo. Infelizmente, Eliza também passa pela mesma situação. Os serviçais ganham um pouco mais de atenção, podemos conhecer um pouco melhor eles, o que é bacana, mas nada que os marque para querermos saber mais de suas trajetórias. Sobre os novos personagens, temos vários, vou focar em Cassandra e Thomas. Cassandra é uma cópia fiel de Lady de Bourgh de ‘Orgulho & Preconceito’. Amargurada, fria e insensível. Ponto. Ela não gosta de Sofia por não gostar. Isso acontece no mundo real? Sim, mas sempre EXISTE um motivo. Não existe em ‘Encontrada’. Cassandra simplesmente não precisava estar na história. Ela não é legal, não é uma homenagem a Lady, não combinou. Sua presença em todo o livro é demarcada apenas para causar um desgaste a Sofia, para preocupar o leitor com o futuro do casal, mas não serve de nada mais que isso. Ela não lhe dá uma lição, ela não auxilia Sofia em sua adaptação, ela só serve para resolver um mistério que poderia ter sido resolvido com qualquer outro personagem feminino. Conclusão? Por que ela está na história? Até o seu ‘final feliz’ não faz o menor sentido. Thomas, por outro lado, é um Ian 2. Ele pode ter um ótimo futuro se for bem trabalhado nos próximos livros, como Lucas e Isaac. Sobre o enredo, tirando as instabilidades dos seus personagens, os enredos são bons, tem lá sua criatividade, mas não interessantes o suficiente para justificarem uma continuação. Ainda sinto uma forte influência de ‘Lost in Austen’ e ‘Orgulho & Preconceito’ como em ‘Perdida’ e como no primeiro volume, não ajuda a obra em meu ponto de vista. Isso prejudica a originalidade da autora. Nem sempre basear e homenagear é um bom caminho para um autor iniciante. 
A diagramação é simples com uma fonte e tamanho boa de ler em qualquer lugar, contudo a fonte usada para semelhar com a letra de uma capa não é nadinha boa. As letras são muito juntinhas atrapalha e força demais na leitura. Eu manteria a ideia da corsiva, mas com uma letra mais leve e sútil. A capa é bonita, mas não marca como a anterior. O relógio ali serve apenas para lembrar que o tempo sempre irá separá-lo (ou uni-los, depende da sua visão), A edição foi péssima. Estou exagerando sim, mas com motivo. A Verus cobra 40 reais em um livro e eu sou obrigada a ver ‘memo’,Thomas‘ e daqui a pouco ‘Thomaz‘, ‘csa‘, entre outros. Não. Uma coisa é você ser um autor independente fazendo sua própria edição ou contratando alguém que acabou de começar nesse ramo solo ou numa editora pequena, isso deve ser relevado, agora uma grande editora que é uma das que está no topo das que mais vendem e com os melhores revisores? Não aceito.

Isso só comprova para mim que esse livro, infelizmente, foi feito às pressas pela autora e editora para ser lançado na Bienal SP – 2014. Uma pena, pois eu realmente sou devota do trabalho da Carina, mas não me atrevo a ler mais nenhum livro da série ‘Perdida’, pois para mim prefiro fingir que não existe uma série e sim, um volume único. Uma leitora essa série perdeu com toda certeza e precisarei de muito incentivo para investir nos próximos livros de Carina Rissi. 

BEIJOCAS E ATÉ A PRÓXIMA!
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