QUE LIVRO! Terminei a leitura na segunda feira, meia noite e meia. Em ponto. Até agora eu estou em conflito com a minha opinião. Gostei muito do livro, mas preciso destacar alguns pontos que causaram incomodo para mim.
Começando pelo lado positivo. A narrativa de Stephanie Garber é incrível. Eu consegui viver em Caraval. Ela tem uma escrita um tanto que rebuscada e descritiva, beirando a cenas capazes de causar um efeito caleidoscópico em sua mente com menções de cores e sensações e gostos. É uma imersão de todos os nossos sentidos. Fenomenal. Eu acredito que esse elemento de afetar todos os nossos sentidos foi planejado por ela durante a escrita, como uma tentativa de trazer um pouco da magia e terror do mundo de Caraval durante a nossa leitura.
A história é muito boa. Ela não se prende a dramaticidade de alguns eventos e na primeira oportunidade, Garber se joga na aventura, brinca um pouco no romance e rapidamente arremessa o leitor no suspense envolvente de um Jogo que pode ou não ser uma ilusão, como também nos seduz com as dúvidas da protagonista, Scarlett.
É uma leitura rápida. Não sei dizer se é a escrita boa da autora ou se eu me senti instigada para descobrir como Scarlett seguiria em sua jornada, mas em nenhum momento fui acometida com o sentimento de não ler naquele dia ou seduzida para continuar a leitura de outro livro.
Agora, vamos falar dos pontos negativos? Scarlett. No começo do livro, a protagonista não me convenceu. Uso a palavra ‘convencer’ aqui no sentindo literal. Eu simplesmente não comprei ela como personagem. Sentia que faltava algo nela. Sentia ela caminhar apática na história. Ela tinha papas nas línguas e até toma atitude quando a hora clama, mas em alguns momentos, eu sentia que ela se entregava a situação e remoía rapidamente as suas faltas e os seus desejos cegos e duvidas aterradoras.
Sem contar que ela é muito agarrada a algumas esperanças pouco credíveis. Ela se sentir segura com um casamento arranjado pelo pai (um monstro) com um homem que ela nunca conheceu? Ao fim da leitura, eu entendi o motivo por trás desse meu sentimento, mas não entregarei aqui para não estragar a leitura para ninguém.
As repetições também me incomodaram. Existem capítulos seguidos que a autora reforça pensamentos da protagonista e é desnecessário, como excessivo. Ela repete para mais de dez vezes que quer se casar com o Conde, não por amor, mas para ter um futuro seguro com a irmã, longe do pai, mesmo sem saber quem é o homem. Ela repete que quer encontrar a irmã, o que é um fato, pois é o plot central da história. Enfim, isso tornava a leitura pouco agradável e confesso ter usado da minha leitura dinâmica nesses momentos.
E por fim, a polêmica: não sei se gostei do final. Por um lado: AMEI. Não esperava por TODAS aquelas reviravoltas. Em nenhum momento eu pensei: isso pode rolar. Foi uma surpresa. Foi positiva. Até que eu dormi, acordei e analisei. Talvez, não tenha sido esse Doritos todo. Por outro lado, após todas as reviravoltas, os capítulos se tornaram uma enciclopédia.
A autora resolveu fazer altas explicações sobre os conceitos de magia, tomou algumas decisões a lá Deus Ex Machina, explicou detalhes do jogo, acontecimentos desconhecidos por Scarlett e chegou um ponto que eu fiquei me questionando se não teria sido melhor ela ter usado outro recurso narrativo, mostrar a cena ou só descrever.
É uma excelente leitura. Eu estava LOUCA para ler esse livro e, agora, eu quero saber como vou ficar sem sequer uma previsão para a continuação. Vou ter que ir pessoalmente em Caraval para resolver isso.
Beijos e até mais!