sobre livros e a vida

08/06/2018

Tá Na Estante :: ‘Aos Dezessete Anos’ #788

Olá, pessoal!

Quem ama romances envolventes e capazes de nos fazer sorrir e chorar algumas vezes?

Livro: Aos Dezessete Anos
Autora: Ava Dellaira
Editora: Seguinte
Páginas: 445
Sinopse: Em seu novo romance arrebatador, a autora de Cartas de amor aos mortos apresenta uma mãe e uma filha que precisam compreender o passado para poder seguir em frente. Quando tinha dezessete anos, Marilyn viveu um amor intenso, mas acabou seguindo seu próprio caminho e criando uma filha sozinha. Angie, por sua vez, é mestiça e sempre quis saber mais sobre a família do pai e sua ascendência negra, mas tudo o que sua mãe contou foi que ele morreu num acidente de carro antes de ela nascer. Quando Angie descobre indícios de que seu pai pode estar vivo, ela viaja para Los Angeles atrás de seu paradeiro, acompanhada de seu ex-namorado, Sam. Em sua busca, Angie vai descobrir mais sobre sua mãe, sobre o que aconteceu com seu pai e, principalmente, sobre si mesma.

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Angie tem apenas dezessete anos e está em busca de alguns fatos sobre a sua própria vida. Cansada das esquivas de Marilyn, sua mãe, a garota deseja descobrir a verdade sobre seu pai e os motivos que levaram Marilyn a esconder os acontecimentos do passado. O que Angie não poderia imaginar era que a mãe guardava um segredo amargurante, capaz de mostrar a crueldade do mundo. O que Marilyn estaria escondendo? O que houve com seu pai?

[…] você tem que ser quem as pessoas que ama esperam que você seja. E nem sempre é você mesmo, infelizmente.
Ao se deparar com a sinopse, a curiosidade será inevitável, especialmente porque proporciona ao leitor tentar desvendar os mistérios sobre a vida de Angie junto com ela, em uma busca implacável da verdade sobre o passado de seus pais. O ritmo da narrativa, nas primeiras páginas, é um pouco lento, mas cresce gradualmente e de um jeito arrebatador. Assim, logo é possível sentir a necessidade de acompanhar Angie e Marilyn, cada uma com diferentes experiências, mas aspectos excelentes para a reflexão, o que não torna a leitura apenas prazerosa, mas essencial.

A linguagem do livro é coloquial e objetiva, o que, particularmente, tornou a leitura rápida e cativante porque consegui sentir que a narração acompanhava a personalidade das personagens e os acontecimentos vividos por Marilyn e Angie. Um aspecto importante a comentar é que a história intercala-se sob os pontos de vista de ambas ainda que a obra seja narrada em terceira pessoa. Com Angie temos acesso ao presente enquanto que, com Marilyn, mergulhamos no passado e desvendamos sua vida aos dezessete anos ao conhecer James, o primeiro amor desta e pai de Angie.

Marilyn não toma banho antes de ir para a cama. Não quer lavar o oceano do corpo, a prova silenciosa de que, pelo menos pela tarde, pertenceu a algum lugar.
Este livro proporciona distintas emoções e sensações, e mesmo que Marilyn e Angie tenham atitudes equivocadas, é possível compreendê-las, entender o porquê de suas escolhas. Angie vai em busca da verdade que a mãe teima esconder; Marilyn quer evitar a culpa que a persegue, o fato de não ter concretizado o que desejava ao lado do seu amor. Há muitas coisas para comentar sobre a obra porque ela, de fato, permite infinitas reflexões. No entanto, algumas se destacaram mais para mim porque achei que foram fundamentais para o andamento da história.

Com certeza quase todas as pessoas no mundo, os sete bilhões, já tiveram seu coração partido, mas quantas delas foram tolas o bastante para fazer isso consigo mesmas?

Acredito que, inicialmente, faltou um diálogo sincero entre mãe e filha. Angie queria ter a sensação total de pertencimento, algo que Marilyn também desejou aos dezessete anos, mas que infelizmente não sentiu por muito tempo. Por mais que tenha sido uma excelente mãe, Marilyn fugia do passado negando a filha o direito à verdade. Outro aspecto importante é a relação de Marilyn com a mãe, Sylvie, no passado. Sylvie estava tão preocupada em fazer a filha se tornar uma modelo e atriz de sucesso que agiu de maneira leviana diversas vezes, apegando-se mais ao dinheiro do que a coisas que realmente importavam.

O ponto em comum entre Marilyn e Angie, neste aspecto, é que ambas tentam trilhar seu próprio caminho de acordo com aquilo que acreditam. Aos dezessete anos, Marilyn foge para se livrar do peso da culpa e para criar sozinha o fruto do seu amor. Angie, por sua vez, foge para descobrir o que sempre desejara. Isso não é apenas emocionante, mas nos permite pensar muito sobre as motivações e consequências daquilo que fazemos. 

— Eu amava muito seu pai. Ainda amo. Mas, às vezes, é preciso esquecer para conseguir seguir em frente…

Além disso, o que mais me emocionou no livro e me levou a refletir muito foi o racismo sofrido por James e por Angie. Pensei bastante no quanto a sociedade sempre sustentou a ideia errônea, descabida e ultrajante de que é possível subjugar alguém pela cor da pele. James sofreu por ser negro na adolescência, Marilyn carrega o peso das consequências do racismo de outras pessoas ainda que jamais tenha tolerado isso, e Angie desde a infância reflete sobre o preconceito que vivencia por ser negra e filha de uma mulher branca — como se isso fosse algo impossível de acontecer. Chorei com a leitura ao desejar que um dia isso realmente possa mudar, que ninguém seja inferiorizado pela cor da pele ou por qualquer outro motivo.

Nesse momento, Marilyn quer dar tudo a ele — toda a bondade que existe dentro de si, todo o encantamento que reside no mar ecoando em seus ouvidos, na curva do horizonte aberto, visível através das tábuas de madeira. Não é só um beijo, Marilyn pensa. É o único beijo que já mudou alguma coisa.
Quanto ao James, ele não é apenas um dos elos entre Marilyn e Angie, mas um personagem que evidencia ao leitor os efeitos de uma perda, a possibilidade de recomeçar e a fé no amor. Ao término da leitura, desejei muito ter mais páginas para acompanhar a vida de Marilyn e Angie, de saber os desdobramentos após ambas encontrarem o que buscavam, sentindo-se verdadeiramente pertencentes a uma família, unindo-se ainda mais. Foi lindo ver a Marilyn se perdoar e saber que Angie descobriu a verdade que tanto buscara.



Aos Dezessete Anos é um livro emocionante e capaz de conquistar um espaço cativo no coração de cada leitor. Na obra, é possível encontrar um pouco de tudo (romance, drama, suspense) e acho que, ao iniciar a leitura, dificilmente alguém conseguirá se desprender rápido da história. É um livro que fala, sobretudo, do amor, mas que nos mostra sobre a necessidade de combater qualquer tipo de preconceito.

                                                      Um grande beijo e até a próxima!
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