sobre livros e a vida

07/08/2022

Ponte do Medo, de Taylor Adams

Eu queria gostar muito dele, mas eu vi que estava me esforçando e não estava obtendo nenhum resultado.

É com essa frase da grande Isabella Boscov que eu inicio esta resenha de Ponte do Medo, escrito por Taylor Adams e publicado no último mês pela Faro Editorial. A obra entrou em meu radar após eu ouvir diversos elogios sobre a escrita do autor, que também escreveu Sem Saída e ganhou diversos fãs através dessa obra de estreia. Eu não li Sem Saída, mas fiquei com altas expectativas para Ponte do Medo, que não foram supridas.

No livro vamos conhecer Lena, uma jovem que acabou de perder a irmã gêmea, Cambry, para um suposto suicídio, saltando de uma ponte desativada em uma pequena cidade do interior. Só que Lena não acredita nem um pouco nessa versão da polícia e decide pegar o carro de Cambry para ir até a cidade e investigar por si própria este mistério.

Seu informante é o cabo Raymond, policial da cidade e que, supostamente, foi a última pessoa a ver Cambry viva. Ele repete toda a história que Lena conhece, mas quanto mais ele fala, mais os fatos não parecem se encaixar. A partir disso, Lena colocará a própria vida em risco para ter as respostas que procura e não sairá daquela mesma ponte sem a verdade sobre o que aconteceu com Cambry. Mas será que ela conseguirá encontrá-las?

Não posso falar muito sobre a história sem dar spoilers, mas o plot principal de Ponte do Medo é a investigação de Lena sobre o que aconteceu com Cambry. As duas irmãs estavam afastadas há muito tempo e uma mensagem que chegou no celular de Lena no meio da madrugada em que Cambry morreu, vinda do celular da própria, a faz questionar a história de suicídio e a leva a tal ponte de onde Cambry supostamente pulou.

Boa parte da história vai se desenvolver justamente nessa ponte e foi aí que o livro me perdeu. A narrativa principal acontece em poucas horas, mas parece que dura uma vida. Sério. É tanta coisa acontecendo, tanta reviravolta, que é de se imaginar que os personagens estão naquela ponte há pelo menos uma semana. E não vou negar que era bem frustrante o autor seguir uma linha de narrativa, te levar bem longe nela, para depois voltar atrás e dizer que nada daquilo era verdade. Me senti enganado várias vezes e não de um jeito bom.

Lena é uma personagem bem interessante. Enquanto vemos sua investigação, também temos cenas de flashbacks pela perspectiva de Cambry, e, aos poucos, as duas linhas do tempo vão se interligando. Quanto a isso eu preciso tirar o chapéu para Adams, pois são poucos os autores que conseguem realmente criar uma trama assim e que ainda faça algum sentido. Certas questões do passado começam a fazer sentido no presente e aí algumas atitudes de Lena são justificadas.

O cabo Raymond é um verdadeiro babaca e isso é notável desde o primeiro momento em que ele aparece no livro. Eu sabia que ele estava escondendo algo, mas jamais considerei que a história que ele contava tinha um certo fundo de verdade. E isso foi outro fator que me fez desgostar do livro. Acho que o autor se perdeu ao desenvolver este personagem e ainda quis justificar certas atitudes que não tinham justificativa.

O final foi a gota d’água. Eu poderia esperar de tudo, menos o que aconteceu… e olha que eu estava esperando literalmente qualquer coisa. Virei a última página e realmente não acreditei que tinha lido quase 300 páginas para o livro terminar dessa forma. Foi o mesmo sentimento de quando acabei a leitura de Naquele Final de Semana, que tinha tudo pra ser bom e foi só ladeira abaixo.

Ponte do Medo tem uma boa escrita e uma protagonista que dá vontade de acompanhar, mas não é um livro que envolve, tem um mistério sem pé nem cabeça e um final que não convence. Ainda tenho vontade de ler outros livros de Adams, mas já vou ir com menos sede ao pote. E se você quer conhecer o autor, Ponte do Medo não é o livro certo para esse primeiro contato. Fica a dica!

Livro: Ponte do Medo
Autor: Taylor Adams
Editora: Faro Editorial
Páginas: 256
Sinopse:  Três meses atrás, Cambry, a irmã gêmea de Lena, dirigiu até uma ponte remota e saltou 60 metros para a morte. Pelo menos, essa é a versão oficial da polícia. Então, Lena pega a estrada, dirigindo o carro da irmã, munida de um gravador, determinada a descobrir o que realmente aconteceu, para entrevistar o policial no local onde ele encontrou o corpo de Cambry. O cabo Raymond aceita encontrar Lena. Ele é simpático, franco e profissional. Mas sua história não parece se encaixar. Registros de ligações da irmã para a polícia e mensagens cortadas com partes reveladoras desenham algo mais complexo. Lena fará de tudo para revelar a verdade. Mas, conforme vai descobrindo mais detalhes, a busca se transforma em uma luta pela própria sobrevivência – pois colocará à prova tudo o que ela achava que sabia sobre a irmã e sobre si mesma. Em Ponte do Medo, Taylor Adams mostra de maneira grandiosa como criar personagens arrebatadores, inimigos realmente perigosos e um clima absurdamente sufocante.

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