sobre livros e a vida

14/07/2013

Aleatoriedades e um café, por favor #9 – Uma Carta para Anita

Hey, Folks 🙂
Tudo bem?

Uma Carta para Anita¹
Por aí, perdida entre uma rua, bairro, cidade, estado, país, continente
qualquer, mas estou na Terra, isso eu garanto, e ouvindo rock, no dia
13/07/1944

Oi, Anita,
Eu sei, você não está esperando essa carta, provavelmente
a está lendo com receio que tenha Antrax escondido nesse papel ou lê com total
desinteresse, pois você não me conhece.
E isso não importa. 
Conhecer alguém nunca importou. É sério.
O verbo conhecer diz isso: o ato de ter conhecimento de algo ou alguém. 
Conhecer é um processo, de inicio, cansativo, novo, diferente, apavorante, mas
com o tempo, se torna muito prazeroso, sempre tendo um assunto novo naquela
amizade.
No caso, não quero passar por todo esse processo, você não precisa disso nesse
momento, me conhecer, além do mais, não sou uma pessoa tão fascinante a esse
ponto, de você perder seu tempo com uma nova amiga, nesse momento, você precisa
de alguém que sempre esteve ao seu lado, uma amiga de anos, então vamos fingir isso?
Que sou uma amiga que estava viajando, na Índia, e voltou, e está retomando sua
vida e como uma boa melhor amiga está te aconselhando com seus problemas
atuais.
Eu ouvi seus problemas um dia e fiquei tentada a tentar te ajudar, como uma
amiga faria, sabe?
Eu sei, super stalkear, mas sou assim – não uma stalker – tento ser útil com
qualquer pessoa que necessita de mim, mesmo não me conhecendo.

Apenas saiba que me chamo Ann e sou uma amiga, talvez eu
more perto de você e já tenhamos nos cruzado em algum corredor da vida, você
indo pegar uma carta em sua caixa de correspondência e eu chegando da
faculdade. Não, não, talvez nos conhecemos de lá, da faculdade, você faz uma
aula comigo, aquela de história, que eu sempre morro de tédio e você sentada ao
meu lado, fica vendo imagens engraçadas em um aplicativo do seu celular e dá
risadas abafadas contidas, mas se diverte em seu mundo, como se não existisse
nada mais.
Mas existe.
Existe ele.
Eu sei, você sente falta dele

Ele foi um cara importante em sua vida, e uma pessoa assim, não se pode
esquecer com tanta facilidade; um amor forte dessa forma não é algo que
desaparece como uma bolha de sabão no ar ao ser estourado. Isso necessita de
tempo, de vivência, de experiência, de força.
E isso, você tem de sobra.
Amor não é como conhecer, que é uma coisa de momento, por mais que as pessoas
tentem transformar o amor em algo momentum, o amor é algo eterno. Dura o
tempo suficiente para se tornar inesquecível, dizia o poeta, existe para ser
único, impar e seu.

Amor acontece a qualquer momento: parada no trânsito,
atravessando a rua, tomando uma xícara de chá, lendo um jornal, entrando em uma
loja, lendo um livro, ouvindo uma música; amor não é só entre homem e mulher,
pode ser entre homem/homem, mulher/mulher, homem e livro, mulher e cama,
homem/mulher/homem, e assim vai …

Amor não é uma equação, com fórmula e modelo, amor é algo sem definição.
Acontece e quando você ver, meu bem, já está apaixonada e presa em sua teia,
isso é bom, mas também é algo perigoso, como toda coisa desconhecida, e sabemos
disso quando nos apaixonamos, não importa quantas vezes, isso é a única coisa
que sabemos: o amor não tem definição, momento e quando acontece, te tira tudo,
o ar, o chão, seu modelo de vida e te dá algo impar: algo que será inesquecível.
Eu a ouvi conversando com uma amiga sobre ele, eu
estava tomando meu café entre uma aula e outra e não pude deixar de escutar
sobre esse cara. Ele parece ser legal. Foi um imbecil com você, mas todo cara é
um imbecil em algum momento de um relacionamento. Entendo porque você está
sofrendo, um amor assim, não se vive duas vezes na vida. Sua amiga não lhe
disse, mas aí é que está: Não vivemos NADA duas vezes na vida. Nada.
Nem um namoro, amizade, livro, pedaço de chocolate, café, cama … Tudo é uma
experiência nova.
Como a dor, a perda, o medo, insegurança, solidão.

Você … você está muito presa a essa dor, a esse fato, a essa separação.
E está certa em estar. Sua amiga disse que você precisa superar isso, seguir em
frente, não sentir falta dele deitado em sua cama fazendo aquele carinho em
seus cabelos te chamando de meu amor, não ligar, não dar existência a ele, mas
ela está errada, você deve viver isso. Você precisa dessa dor.
Por n motivos que podia escrever aqui nesta carta, mas minha mão doeria, e
alguns dos itens não seria necessários para você ter conhecimento, apenas um,
dessa lista, é essencial aos seus olhos (outro poeta aqui?!):
Viver.
Se você não viver essa dor, você não estará pronta para o futuro que te
aproxima. Já ouviu falar do caminho A ou B? Não? Bom, vamos fingir que sim.
Você tem o caminho A e B a seguir, os dois são certos, mas te levam a destinos
opostos, ambos serão bons se você desejar, um tem a dor em seu máximo, você
sofrendo uma fossa desgraçada por causa dele com direito a cabelo ruim, olhos
inchados, horas de lamurias e sorvete de chocolate com biscoito e o outro, você
supera, cai na balada, pega 30, está linda, suprida e diva, encontra com ele na
rua, e age como se nada tivesse ocorrido, como uma Rainha do Gelo da Superação.

Vê? Os dois caminhos são positivos. Claro que você vê o
caminho B com olhos de admiração e desejo, qualquer um veria, pois ele é mais
fácil, confortável e te dar poder coisa que o A não te dá. Agora. 

O A te dará algo que o B nunca lhe dará, que é força para enfrentar QUALQUER
COISA.
O B é só um conforto temporário, você pensa que superou ele, que seguiu com sua
vida e que nada vai te desmoronar novamente, até o momento que você o vê com
outra, sorrindo como sorria para você, beijando a como te beijava e a chamando
de meu amor como te chamava. Isso. Vai. Te. Matar. 
Não estou exagerando.
Você vai sentir seus órgãos morrendo lentamente e isso vai te levar a loucura,
pois você não vai saber quem é mais, onde errou e porque perdeu o único cara ao
qual amou durante esse processo, entre outros.
No caminho A você sofre essa dor, de todas as formas que desejar, corre atrás
dele, porque sente saudades do que foram, faz TUDO que suas melhores amigas
dizem para não fazer, e um dia acorda, daqui há 1 dia, 1 semana, 1 mês, 1 ano,
e você … é você. 
Você não é ele.
Você não é a Rainha do Gelo da Superação.
Você não é ele sem você.
Você é apenas você, Anita.
Tem coisa mais milagrosa do que essa?
Você toca seu rosto e se reconhece, toca seu coração e o sente bater, sem bater
com o nome dele ressoando, ele toca com seu nome ressoando, ele bate por você,
seu corpo se move para frente, não para os lados ou para atrás. Você consegue
pensar no que quer fazer, comer, ver, sem pensar em função da dor … que dor?
Você não sente dor, você se sente, normal. Cansada por que dormiu demais, cheia
de coisas para fazer e com desejo de comer cebola empanada naquele Fast Food
furreca.
Isso pode demorar para acontecer, como tudo na vida, nada é fácil, mas quando
acontecer,  será o dia mais poderoso de
sua vida, pois você estará preparada para recomeçar e está aí, a dádiva dada
por Deus a todos os seres humanos, e poucos sabem usar, o direito de recomeçar.

De ser você, mas com um novo caminho, destino e opções.
Você vai amar, vai perder, vai sofrer, vai doer novamente,
mas você vai saber VIVER e RECOMEÇAR.
Vai ser forte para isso e muito mais que se aproxima, e ninguém pode lhe tirar
esse direito. De Ser Humana.
As pessoas estão muito acostumadas a seguir em frente, sem saber para onde fica
esse para frente, apenas seguem, e se esquecem de viver, sentir, começar … E
perdem muito nesse caminho torto, perdem sua essência sem perceber.
Então, viva essa dor, esse momento é seu, e ninguém pode lhe tirar o direito de
sentir, de viver essa dor e de superar isso tudo, sendo você.

Espero que você fique bem.

De uma amiga invisível aos olhos, mas perceptível nas palavras,
Ann²

Ann acredita que o fim é o melhor começo na vida de qualquer Ser Humano.


¹ O nome Anita não tem nenhuma relação com a cantora de funk brasileira, e sim, é o pseudônimo de uma autora amiga de Bárbara Herdy.
² Ann pode ser qualquer pessoa desse Universo, desde que ela/ele tenha uma pena/caneta/computador em mãos e palavras a serem guardadas para eternidade no coração de um ser vivo.

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