sobre livros e a vida

02/06/2013

Aleatoriedades e um café, por favor #4 – Cuidado com o que Você Deseja

Ola, folks 🙂
Tudo bem com vocês? 
Cuidado com o que você deseja
Dentro do ônibus digitando isso no meu celular, enquanto
uma chuva pesada cai do lado de fora, em 02/06/2013
Você não vai acreditar.
Eles terminaram.
Eu sei, tipo, não deveria ser, mas está se tornando normal
os casais terminarem seus namoros com 3, 4 meses juntos, e na maioria das vezes
por motivos idiotas: ciúmes, porque o viu conversando com aquela garota que ela
odeia, ou porque ele preferiu sair com os amigos, ou coisas piores do tipo, ela
usou uma saia curta demais, e ele desaprova isso. Coisas nesse nível. Agora um
casal que está junto a 4 anos e 3 meses. Eles … eles eram a minha esperança.
Você lembra disso? Deve se lembrar. Para mim eles eram o exemplo puro de que o
amor verdadeiro existia, e que em alguma esquina desse planeta, o meu cara,
seja ele um francês, americano, brasileiro, chinês, esteja me esperando, lendo
um trecho de um livro, ouvindo uma música ou só esperando um amigo para ir para
um compromisso. Eles se conheceram de uma maneira incomum – dentro do cinema,
enquanto ela falava mal de um trailer e ele bem, e os dois ficaram discutindo
sobre suas opiniões, e acabaram trocando os números de telefone ao fim disso -,
eles saíram por 3 meses, sem rolar beijo nem nada mais, e de repente, num dia comum,
entre uma xícara de café e uns comentários de séries e livros, eles se beijaram
e ela o pediu em namoro. Eles tinham suas vidas com suas famílias e amigos, não
viviam grudados, feitos siameses, saiam só nos fim de semanas, conversavam por
mensagem ou telefone durante a semana, viajavam, viam filmes, séries, comiam
juntos, transavam, faziam compras, discutiam sobre coisas bobas, se amavam e se
completavam de um modo impar. Passaram por n situações que só Shonda Rhimes
poderia criar como plot de uma de suas series dramáticas, e eles superaram
todas com louvor, e sem deixar de acreditar no amor um do outro por nenhum
momento. E de repente … do nada, eles terminam. Ninguém esperava por isso.
Acho que nem eles.
Você já ficou tão chocado com algo que não teve reação
quando lhe contam algo? Então, eu fiquei muda. Eu a encontrei na lavanderia,
fui lavar aquele meu edredom do Doctor Who, aproveitar que o verão se aproxima,
então é o momento de lavar tudo do frio – e ela estava lá, lavando várias
roupas, tinha uma expressão saudável, então a cumprimentei animada, fiz altas
perguntas e perguntei pelo amado dela, e foi quando ela revelou: ah, nós
terminamos.
“Mas como?” Eu questionei, em choque, já a abraçando e a
olhando com os olhos cheios de lágrimas. “Vocês eram perfeitos juntos.” Eu
disse, sem perceber que podia estar ferindo mais os sentimentos dela
constatando o obvio, mas ela apenas sorriu, e mexeu nos cabelos loiros pratas,
com uma confiança inaquebrável.
“Foi melhor assim.Éramos mais amigos do que namorados.”
Mas … mas todo namoro precisa desse tipo de cumplicidade, será que eles não
foram precipitados, questionei, argumentei, discuti, fomos tomar um café para
continuar debatendo sobre o assunto, almoçamos e o assunto ainda estava
durando, apenas concluímos por que eu tinha que ir trabalhar e ela tinha que ir
ao salão, tinha uma festa a noite e ia encontrar o seu novo namorado, Brad.
Moreno, mexicano e recém formado em teatro, um lindo, ela disse. Um lindo.
E foi com essa que nós nos despedimos, ela foi para um
lado e eu fiquei sentada no restaurante olhando para ela partir sem reação.
Como assim? Um lindo, você trocou seu relacionamento estável, dos sonhos de
qualquer pessoa por um encontro com “um lindo”? Eu aceito os argumentos que ela
me apresentou – o sexo não era a mesma coisa, estava tudo muito normal, não
tínhamos mais futuro, éramos mais amigos do que amantes, eu sinto falta da
paixão, e ele não tinha mais isso -, mas ela nem se quer prestou atenção nos
meus argumentos, apenas sorria, assentia e reafirmava que sua decisão foi em
conjunto a dele e que ambos estavam felizes com isso. Mandei uma mensagem a
ela, a chamando de preguiçosa patológica, ela respondeu que não entendeu e eu a
ignorei. Eu tenho preguiça de tomar banho 6 A.M, tenho preguiça de ter aula de
manhã cedo, de sair domingo porque é meu dia de dormir o dia inteiro, agora ter
preguiça de tentar salvar um relacionamento, e simplesmente aceitar que acabou.
Que tipo de amor é esse? Me explica. Não, porque alguém precisa me explicar.
Eles eram a minha esperança, eu os olhava, e dizia: eu
quero um cara assim, um cara que me completa, que aceita meu lado independente
e entenda o meu dependente, que brigue comigo, mas que me puxe para um beijo
apaixonado, sem medo de me embaraçar, e sim querendo apenas mostrar que me
deseja, que o sexo seja excelente, mas que o depois seja fantástico, que ele
complete as minhas frases e que ria de minhas piadas idiotas, e que seja meu,
mas que sozinho, ele seja ele, sem resquícios de mim. Sem cobranças. Sem necessidades.
Apenas amor. 
Só de pensar que eles terminaram, eu fico sem chão, e o
pior, ela está tão bem, tão … feliz, e eu na maior fossa por ver um
platonismo se desmoronar diante dos meus olhos.
Ontem ela me ligou, me chamando para ir numa boate de samba,
disse que ia se encontrar com o Paulo lá – quem é Paulo? – e falou que ia me
apresentar alguns caras, e que eu ia amar sambar com eles e conhecer esses
caras novos, e quem sabe, eu não encontrava o cara que tanto almejo.
Eu disse que “não, que ia ficar fazendo maratona Dawson’s
Creek” com muita pipoca e o Nutella – sim, meu gato preto ainda está vivo – nos
meus pés, mas quem sabe semana que vem …” só que não …
Platonismo serve para mim, essa coisa de sair com um hoje,
amanhã to com outro, e no outro dia, nem sei mais quem sou, onde estou, o que
quero, quem quero, não dá certo para mim, isso causa um tilt no meu cérebro, um
incomodo no meu coração e destrói muito o caráter que demorei uma adolescência
inteira para construir, moldar e aperfeiçoar. Ela tentou me convencer, mas
voltei a negar, com uma felicidade e tranqüilidade que não é qualquer solteira
convicta que tem e disse por fim: Pode ir tranqüila, o meu cara está me
esperando em algum lugar desse mundo, em uma esquina qualquer, e num dia qualquer,
ele vai olhar para o lado – ou para frente e para trás – e vai me ver, e por
algum motivo – seja o que eu estiver falando, vestindo, lendo, comendo ou
simplesmente por respirar – Eros vai fazer ele vir até mim e como num encaixe,
nós vamos nos encontrar, e ai … e ai não sei, só sei que um cara em uma boate
de samba ou um carinha que conheci no curso de espanhol não é o que quero para
mim hoje, acho que você nasceu para momentos, eu nasci para a eternidade,
enquanto para hoje você quer um, o que eu quero hoje, é o para sempre, e eu não
me importo de esperar o meu feliz para sempre porque eu sei que vai valer para
sempre.
Ela?
Ela desligou na minha cara.
E eu?
Apertei o play e me entreguei a uma maratona de Dawson’s
Creek, me enrolando em meu edredom do Doctor Who e tendo certeza, que podia
estar me divertindo com qualquer cara na tal boate de samba, mas o meu cara, da
esquina de algum lugar no mundo, valia muito a pena esperar, onde quer que ele
esteja … e eu, vou esperar.
Sempre. 
Um grande beijo, daquela que é sua pessoa hoje e sempre,

Ann
Desculpa pelo post estar saindo apenas agora, mas tive problemas ontem – Sábado -, então só pude postar o conto hoje, espero que vocês me perdoem por essa falha , novamente. Meus sábados tem sido movimentados nessas últimas semanas, então só estou conseguindo postar no Domingo.
O que acharam desse conto?
Ansiosa pela opinião de vocês e muito obrigada aos leitores que tem comentado, a opinião de vocês enchem meu coração de alegria 🙂
Um grande beijão, Bárbara Herdy.

Comentários

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Ei, eu sou a Barb, tenho 27 anos, sou baiana, estudei Letras e compartilho conteúdo desde 2010 na internet. Por aqui, escrevo sobre tudo que faz meu coração bater mais forte.

Se inscreva no meu canal do youtube

Além do meu amor pela leitura e pelas histórias de romance, eu compartilho vlogs sobre a minha rotina e trabalho, mostrando como é a vida de uma baiana morando em Madrid, na Espanha.

Ei, inscritos no Telegram

Faça parte do nosso grupo aberto e gratuito no Telegram. Lá os inscritos recebem novidades, conteúdos exclusivos, além de um podcast semanal (em áudio) sobre o que se passa na mente da criadora de conteúdo.

Telegram

Quer receber minha newsletter?

Vamos conversar mais de pertinho? Enviamos conteúdos semanais sobre assuntos mais intimistas: reflexões sobre a vida e situações cotidianas.