sobre livros e a vida

15/10/2014

Tá Na Estante :: ‘Onde Deixarei Meu Coração’ #318

Hey turma!

Espero que ainda não tenham se enjoado da minha presença constante aqui. E para hoje, escolhi falar de uma fofurinha em forma de livro que se chama Onde Deixarei Meu Coração. Vamos conferir?

Livro: Onde Deixarei Meu Coração
Autora: Sarra Manning
Editora: Galera Record
Páginas: 336
Sinopse: Simples, careta e sem graça. É assim que Bea se vê. Então quando a super descolada Ruby e seu bando de populares passam a se interessar por sua opinião, isso só pode ser uma pegadinha. Certo? Pelo menos é assim que sempre acontece nos filmes… Mas o convite para passarem as férias em Málaga parece pra valer. E com um bônus: Bea pode se afastar da mãe irritante e controladora. No entanto, depois de apenas 48 horas na Espanha, Bea se flagra mudando o itinerário. A menina decide visitar Paris para encontrar o pai que nunca conheceu. Afinal, a cidade luz pode emprestar um pouco de clareza a um período nebuloso de sua vida familiar. No caminho, ela conhece Toph, um estudante americano mochilando pela Europa. Enquanto procuram pelo pai dela nos cafés e boulevards de Paris, ela perde a cabeça em vez disso. Será que Bea é a garota de Toph ou a boa menina que sua mãe espera que ela seja? Ou será esse o verão mágico em que Bea finalmente torna-se dona do próprio nariz?

Para mim, é impossível começar a falar desse livro sem comentar dessa capa maravilhosa. Esse é um ponto que sempre ressalto em minhas resenhas, pois acredito que a capa é o cartão de visitas de um livro. Se você não gosta, não se interessará o suficiente para conhecê-lo melhor.

Em Onde Deixarei Meu Coração temos um lindo trabalho de capa, melhor que a capa original, devo ressaltar. E a capa foi justamente o meu primeiro contato com esse livro. O encontrei, meio sem querer, em uma peregrinação pelo tão adorado Skoob. Gostei tanto da capa que tive que abrir o link para ler a sinopse. E eis que surge o segundo ponto que definitivamente me convenceu a ler o livro: Sarra Manning.
Já tive a oportunidade de ler Os Adoráveis, também da Sarra, e simplesmente me encantei com o jeito único de escrita que a autora tem. Nem preciso dizer que pirei completamente quando a Galera anunciou o lançamento, não é?
Mas vamos ao que interessa. Em Onde Deixarei Meu Coração, entramos na vida de Bea. Ela se imagina como a adolescente mais sem graça e invisível da face da Terra. Bea tem 17 anos e sofre com a proteção exagerada de sua mãe, mora em Londres e trabalha aos sábados na loja mais careta e conservadora de toda a cidade. Resumidamente: o ponto alto de sua semana é praticar pilates com sua avó!
Ao meu ver, Bea está naquela fase de descoberta pela qual todos nós passamos. Ainda não tem seus ideais definidos e se sente totalmente perdida ao pensar no futuro. Seu consolo está no hobby que adquiriu: estudar a França
O interesse de Bea pela França surgiu quando sua mãe lhe contou que seu pai era um francês e que a abandonou logo quando descobriu que a mesma estava grávida. Desde então, Bea tem esse estranho fascínio pela cultura francesa: estuda o cinema, a língua, costumes típicos, culinária, tudo relativo ao país. Para ela, é como um modo de se preparar para quando conhecer seu pai.
Pela descrição, podemos imaginar Bea como a típica nerd que toda escola tem: introvertida e insegura. Porém, tudo isso muda quando, de repente, ela é inserida no reservado mundinho cor-de-rosa das “populares”.
Bea nunca foi acostumada com tanta atenção, então ter sua opinião considerada importante por suas novas “amigas” é uma grande coisa para ela. Ela mal consegue acreditar quando a líder do grupo, Ruby, a convida para passar as férias na Espanha! Como conhece muito bem sua mãe, Bea pensa que ela não a deixará ir na viagem com as meninas. Mas com muitos avisos, e os dois pés atrás, ela acaba concordando.
Porém, quando chegam em Málaga, Bea descobre que foi usada e que tudo fazia parte de um dos planos malignos de Ruby. Humilhada, revoltada e um pouquinho surtada, ela embarca em um trem para Paris, determinada a encontrar seu pai. Mas durante a viagem ela acaba pegando no sono, e quando acorda está em uma cidade completamente desconhecida!
Vagando pela cidade, ela encontra um grupo de mochileiros e vê neles a sua salvação. O grupo é composto por 5 jovens americanos. Eles estão em uma viagem de despedida das aventuras antes de entrarem na faculdade. Dentre o grupo está Christopher, ou Toph, como todos o chamam.
Bea descobre que o próximo destino dos garotos é Paris. Com um pouquinho de dúvidas, ela resolve se juntar a eles em sua viagem. Mal ela sabe que nesse itinerário improvável, ela irá encontrar novos amigos, a si mesma e até terá uma conversinha com o seu passado.
Onde Deixarei Meu Coração é, acima de tudo, um livro sobre amizade, amor e descobertas. Sobre aceitação. Sarra é uma perita no quesito aceitação, já que não segue nenhum padrão imposto pela sociedade. E isso se reflete nos seus livros.
A narrativa começa extremamente monótona. A Bea que encontramos no início é uma personagem totalmente insípida, sem atrativos. Durante o desenvolvimento da trama, presenciamos claramente o crescimento da personagem, bem como o crescimento da narrativa da Sarra.
A Bea tímida do início dá lugar para uma Bea guerreira, que não tem medo de enfrentar qualquer que seja o obstáculo que a vida jogar na sua frente. Juro que no começo da leitura, duvidei seriamente que o livro fosse me agradar. E acho que isso acabou sendo um coisa positiva, pois a história teve a oportunidade de me surpreender.
Onde Deixarei Meu Coração é o típico young adult, afinal, acompanha justamente essa fase de nossas vidas. Um ponto que me agradou imensamente na trama é a mudança de cenário. Nossa personagem principal mora em Londres, mas a trama não fica presa a somente essa cidade. Ela viaja, e nos dá a oportunidade de imaginar os cenários e as locações, conforme Bea explora a Europa.
Poderia comentar os inúmeros pontos positivos da narrativa da Sarra, mas não quero ficar repetitiva. Então vou mudar ligeiramente o assunto para o trabalho da editora. Como já comentei, a capa é magnífica. Depois que passamos a conhecer a história, ela passa a fazer mais sentido ainda. Se encaixa perfeitamente, como um quebra cabeças, e completa a trama criada pela a autora de forma maravilhosa.
A revisão é excelente, só me desapontei um pouquinho com a diagramação. Com uma capa tão maravilhosa dessas, seria de se esperar que a editora dedicasse um tempinho às páginas internas também. Mas tudo o que temos é uma diagramação simples, apenas com letra diferenciada na troca de capítulos.
Para finalizar: recomendo o livro para quem está precisando de uma leitura leve. Não é o tipo de livro que irá te jogar em uma ressaca literária profunda, mas também não é o tipo de livro que irá te atormentar durante a leitura.
E, para não perder o costume, eu vou embora e deixo com vocês um pequeno trechinho do livro de hoje.

– Você não precisa ser nenhuma outra pessoa. Pode ser só você. – Ele esticou o braço para pegar a minha mão e passar os meus dedos pelos dele. – Não sei por que você se diminui tanto.
– Porque não sei se eu sou a Bea que você acha que eu sou ou a Bea que conheço, que é chata e sem graça e passa o tempo todo nesse mundo de sonhos idiota porque não consegue descobrir como fazer com que sua vida de verdade corra como ela quer.

Beijinhos e até a próxima!
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