Oi, gente. Tudo bem?
Estou de volta com mais uma resenha para vocês. O livro escolhido de hoje é a estreia da autora Gillian Flynn, a mesma de Garota Exemplar. Vamos conferir?!
Livro: Objetos Cortantes
Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Páginas: 256
Sinopse: Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida. Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado. Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas.
Camille Preaker é uma jornalista na faixa dos trinta anos de um jornal decadente de Chicago, o Daily Post. Numa certa tarde, enquanto redigia uma matéria, o chefe de Camille, Frank Curry, lhe chama em sua sala para uma conversa. A mulher tem em mente diversas situações que o chefe possa querer debater, mas nenhuma chega perto da realidade.
Curry deseja que Camille retorne a Wind Gap, cidadezinha localizada no Missouri, onde ela cresceu. Lá, algum tempo antes, uma menina havia sido assassinada e agora outra havia desaparecido misteriosamente e o editor deseja que Camille, por ser de lá, faça a cobertura dos acontecimentos enquanto ainda são de exclusividade do jornal, para que tenham algum destaque.
Receosa, Camille se vê obrigada a aceitar, já que seus últimos trabalhos não foram nada bons e Curry estava apostando suas fichas nela. Porém, a última coisa que a jornalista deseja é retornar à Wind Gap, lugar onde sofreu muito nas mãos da mãe desnaturada.
Quando tinha treze anos, a irmã mais nova de Camille, Marian, morreu e isso transformou a mãe. Adora nunca foi uma boa mãe para a filha mais velha, mas após a morte de Marian as coisas se complicaram. Camille, desolada com a perda, passou a se cortar, arranhando palavras por todo seu corpo.
Há pouco tempo ela saiu de uma clínica psiquiátrica onde se tratou e conseguiu parar com os cortes, mas tem medo de que o retorno à cidade onde tudo começou faça com que tudo volte. Sem condições de se hospedar em um hotel, ela precisa passar o tempo em que está atrás de informações dormindo na casa da mãe, junto com sua meia-irmã Amma, que é praticamente uma desconhecida, e o padrasto esquisito, Alan.
Camille inicia suas investigações fazendo perguntas aos policiais e equipes de busca que estão atrás da menina desaparecida, Nathalie, tentando entender se há alguma relação entre ela e a menina que foi encontrada morta meses antes, Ann. Camille também deseja saber se há indícios por trás do crime que apontem para o verdadeiro culpado.
Porém, a polícia local não sabe de nada. Tanto que precisaram enviar um detetive de Kansas City para ajudar no caso. Richard Willis não é o melhor detetive do mundo, mas esse é seu primeiro caso grande e ele quer impressionar seus superiores a todo custo. Logo Camille vê em Willis um aliado, ajudando-o a entender as mentes de Wind Gap enquanto ele lhe dá, em troca, declarações para sua matéria.
Algum tempo depois da chegada de Camille à cidade, o corpo de Nathalie é encontrado em um beco na rua principal da cidade. As condições do cadáver são praticamente as mesmas encontradas em Ann. Nathalie havia sido estrangulada e todos os seus dentes arrancados e o mais curioso é que não havia indícios de abuso sexual, o que é incomum nesse tipo de assassinato.
Agora, mais do que nunca, Camille precisa de sua matéria pronta antes que os holofotes caiam sobre Wind Gap. Quando o irmão de Nathalie é apontado como suspeito dos crimes, ela se vê tentando provar a inocência do rapaz enquanto tenta descobrir quem é o verdadeiro culpado.
Além disso tudo, como se não fosse suficiente, Camille precisa lidar com a mãe atrapalhando seus planos e tentar se aproximar da meia-irmã, que apesar de ser uma piranha aos treze anos de idade, também tem um lado frágil e necessitado de atenção, assim como Marian era e Camille sente a necessidade de protegê-la das garras de Adora.
Mas será que Camille conseguirá aguentar tamanha pressão? E se o assassino for alguém que ela conhece, qual seria sua reação? E o mais importante, conseguiria ela sobreviver aos tormentos do passado enquanto vive na cidade?
Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler!
Eu não li Garota Exemplar, mas assisti o filme e achei a trama muito bem elaborada. Quando soube do lançamento de Objetos Cortantes, tratei de ir atrás do e-book e me aventurar nessas páginas. Eu esperava que houvesse o mesmo brilhantismo do outro livro, mas meio que me decepcionei.
Como esse é o livro de estreia de Gillian Flynn, sua escrita não é aquela maravilha que ouço falarem quando se trata de Garota Exemplar. Achei que a autora soube desenvolver muito bem o enredo, construindo uma história tensa. Além disso, Gillian não tem medo de chocar o leitor e abusa de temas pesados e polêmicos, como a própria automutilação da protagonista.
Os personagens foram muito bem construídos. Camille foi uma excelente protagonista. Ela não se deixa abalar por pouco e move mundos e fundos pra conseguir o que quer. Sua carga emocional é enorme e mesmo assim ela consegue seguir e encarar o mundo de frente, como se nada mais pudesse atingi-la, apesar de abusar um pouco das bebidas, dos palavrões e de insinuações sexuais.
Amma foi outra que foi muito bem desenvolvida. A garota tinha dupla personalidade, uma que usava só com sua mãe, de menina doce, meiga e completamente amável e outra para o resto da cidade, de vadia, arrogante e cruel. Achei ela a personagem mais controversa do livro, ora amando, ora odiando. Gillian soube usar cada nuance de Amma para nos contar sua história, achei isso sensacional.
Agora, falemos de Adora. Vocês não tem noção do ódio que senti dessa mulher. Não sei como Camille conseguia aguentar tamanha prepotência e arrogância da mãe sem enchê-la de desaforos ou dar uns bons sopapos. Adora é a personificação de tudo que existe de ruim em alguém e culpava a filha mais velha por tudo que dava de errado em sua vida. Ela não era mãe, era um monstro que se preocupava apenas em se satisfazer.
Há uma enorme quantidade de personagens, poucos realmente relevantes para a história. Gillian até começou a desenvolver um romance entre Willis e Camille, mas não foi para frente. Camille tem traumas e não gosta de ser tocada, tendo vergonha das cicatrizes em seu corpo. Entretanto, ela deseja que alguém a toque, deseja ser desejada. Essa peculiaridade da personagem pode irritar alguns, mas eu acho que isso a tornou mais humana.
Sobre o desfecho, eu preciso dizer que me decepcionei um pouco. Gillian conseguiu dar um final convincente e depois que todas as provas são apresentadas, você percebe que tudo faz sentido. O problema é que ela foi um pouco previsível e eu descobri quem era o assassino antes da metade do livro e isso acabou sendo frustrante.
Quanto ao trabalho gráfico, mais uma vez a Editora Intrínseca deu um show. A capa segue o padrão da de Garota Exemplar (nossas estantes organizadas por autor agradecem, hahah) e o título foi traduzido fielmente do original. Falando em tradução, achei que ficou impecável, assim como a revisão. Não percebi nenhum erro durante a leitura.
Objetos Cortantes pode não ter sido minha melhor leitura do mês, mas com certeza foi um excelente passatempo. Também pode não ter ganho as cinco estrelas, mas entrou pra minha lista de favoritos e não vejo a hora de ter meu livro físico em mãos. Super recomendo a leitura para vocês!
Beijos e até a próxima!
