sobre livros e a vida

11/04/2017

Não é uma briga de casal

Heeey, gente. Tudo bem???

Desde muito pequenininha eu sempre achei absurdo um homem bater em uma mulher. Também sempre achei o cúmulo o homem ficar assistindo aos jogos de futebol enquanto a mulher tinha que limpar toda a casa e lavar toda a roupa. Eu nunca quis isso pra mim. Na rua em que eu morava, idealizava como futura família a família do meu melhor amigo. Ele morava com o pai e a mãe, ela era professora e costureira e sempre nos auxiliava com as tarefas de casa e o pai dele trabalhava em uma empresa. Eu achava o máximo a forma como ele ajudava ela nos afazeres domésticos. Ele limpava a casa, lavava a louça, fazia o café; dividiam as funções da casa, como deveria ser feito, mas como eu não via sendo feito em muitos lugares.

Quando eu me casei, sonhei com uma vida assim e não nego o auxílio do meu ex-marido em muitos dos afazeres domésticos, mas ainda não era tanto quanto aquele casal. Como eu não trabalhava fora, entendia até certo ponto, mas algumas situações ainda me deixavam meio desnorteadas. No entanto, apesar de não me sentir muito a vontade com tudo, o que mais me chateava era o fato da forma como eu via a vida não ser aceita pelas mulheres da minha família. Para elas eu deveria cuidar do meu marido como um filho, para mim isso era o maior absurdo da terra.
Mas apesar de todas essas discussões acerca do papel do homem e da mulher dentro de uma casa – seja um casal, irmãos ou filhos -, um fato que eu nunca aceitei foi a agressão. Mas vou confessar que eu, em uma fase muito imatura da vida, já agredi. Já fui pra cima de ex-namorados em meio a uma discussão, já bati, já arranhei e me arrependo profundamente disso. Me arrependo porque sei que era errado e porque não gostaria que ele fizesse o mesmo comigo. 
Hoje, vendo toda a situação em que nos englobamos, onde um caso de abuso e violência física é televisionado e as pessoas dão força ao agressor, dizem ser apenas um ‘briga de namorados’, não entendem que o choro da vítima é devido a sua condição psicológica e, ainda, covardemente apontam o dedo para a vítima impondo-lhe a culpa de uma agressão sofrida, me pergunto em que mundo a gente vive. As pessoas não consideram um roxo no braço como agressão, um encurralamento na parede como acuamento, é uma simples briga de casal. Uma briga onde a histeria da vítima provocou a ira do agressor. 
Eu trabalho com isso. Vejo diversos casos de mulheres que formalizam uma queixa no momento da agressão para logo depois retirá-la mediante um juiz. E não, elas não fazem isso por descaso, fazem isso por medo. Medo do que as pessoas vão pensar, medo de não ter onde viver, medo de não ter como alimentar os filhos, medo de morrer. Também vejo mulheres que enfrentam o agressor de peito aberto e vêem seus familiares sendo mortos, ou são assassinadas covardemente junto com seu novo companheiro. Eu vejo isso todo santo dia e todo santo dia eu não acho que isso seja normal. 
A situação foi nociva para mim de uma forma que eu não esperava. Juntou uma comunhão de coisas que eu vejo nos jornais e na vida. Eu só espero e oro para que o mundo passe a ver essa situação da forma como ela é. Para que as pessoas parem de relacionar agressões domésticas e feminicídios como crimes passionais, para que o assunto seja discutido com frequência, de forma que as pessoas possam compreendê-lo da forma que é. E oro para que a gente fique bem, a salvo e seguras, sempre!

Nos vemos em breve!!!

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