Desde que sua curta jornada como super-heroína terminou em tragédia, Jessica Jones (Krysten Ritter) tem reconstruído sua vida pessoal e carreira como uma detetive particular em Hell’s Kitchen, bairro de Nova York, conhecido por ser o bairro do Demolidor (Charlie Cox). Atormentada por autodepreciação e um forte caso de estresse pós-traumático, Jessica luta contra demônios que vem de dentro de si e os de fora, usando suas habilidades para aqueles que precisam… Principalmente se eles estão dispostos a pagar a conta.
Jessica Jones não é uma personagem conhecida amplamente pelo público, o que pode ser um grande risco para um eminente sucesso. Todavia, essa também pode ser a grande carta na manga da Netflix/Marvel: uma personagem desconhecida, jovem no universo dos quadrinhos e extremamente humana, o que traz empatia dos olhos do público. Num período em que o emponderamento feminino e o movimento feminista estão em alto e até a CBS arriscou numa série sobre a Supergirl (a qual anda capengando na opinião publica) Jessica Jones vem para apresentar um universo soturno, depressivo e nostálgico, onde uma mulher busca seu lugar no mundo, através do seu trabalho, como também busca tranquilidade na sua consciência pesada. O Girl Power estará presente na série através do faro investigativo de Jones, como também da sua independência e os seus super poderes (Vocês sabiam que Jones tem super força e consegue quase voar?), quanto também na presença de sua melhor amiga Trish Walker, a qual eu não sei qual será o seu futuro e desenvolvimento na série, mas nos quadrinhos também se torna uma super heroína conhecida como Hellcat.
Por mais que seja muito bom conhecer o passado e a origem de um herói, todavia em
alguns casos é interessante reinventar a forma de apresentar isso ou talvez seja mais atraente usar o recurso dos flashbacks para garantir um novo tipo de dinamismo, como
ocorreu em Daredevil. Assim não teremos sempre uma história de origem por trás
do personagem titulo, assim não teremos uma repetição de segmento série após série, como também assistiremos o surgimento de camadas daquele
herói e vilão, consequentes de quem eles foram em seus passados. Em Daredevil isso ocorre três vezes ao longo de sua primeira temporada, quando vemos o surgimento
do Demônio de Hell’s Kitchen, Fisk e sua ideologia e por fim o Daredevil.
Nos quadrinhos Jessica Jones raramente usa
os seus poderes e mesmo não tendo lá muitos dons, a grande sacada da
personagem é a sua personalidade e noção de certo e errado, vez ou outra deturpados pelo espectro de Kilgrave. Jones não quer ser
uma vigilante, muito menos busca ser uma justiceira ou quisá uma heroína, mesmo que essa seja a frase da chamada da série. Jessica trabalha como detetive apenas
como seu ganha pão, se ela vai conseguir justiça, esses são outros
quinhentos… Ela faz o melhor que pode para merecer aquele dinheiro no final do dia e nem sempre isso é o bastante e essas consequências
lhe afetam emocionalmente.
3. Se você espera um Matt Murdock de saia, nem assista a série. Ela não é uma vigilante, muito menos uma heroína.
Diferente da maioria dos heróis apresentados até hoje
pelo Universo Cinematográfico da Marvel, Jessica não tem o menor ímpeto de ser
uma vigilante e heroína. Além do mais, ela abandonou a vida de heroína após uma
experiência traumática e só de pensar nisso ela é jogada num espectro depressivo regado de bebidas e sexo violento. Como a série irá abordar isso, eu não sei, mas posso
garantir que será muito interessante ver uma nova abordagem no Universo dos Super Heróis,
fugindo da velha receita de anti-herói ou anti-herói buscando vingança e acabando por gostar do papel de Justiceiro.
Jessica é solitária, com isso não é de admirar que ela tenha poucos amigos,
desconfie até da própria sombra e tem um dedo podre para relacionamentos. Nos
quadrinhos suas relações são marcadas por problemas de relacionamentos, brigas
e desentendimento, mas mesmo através de sua depressão e vícios, Jessica busca com
dificuldade se reconectar com aqueles que amam e tentar consertar os seus erros. Sua humanidade é tão marcante
quanto a sua vontade de fazer o que é certo e ganhar um dinheirinho para pagar
suas contas e uísque.
4. Nós somos humanos, antes de heróis.
Fugindo da temática: pessoa com superpoderes e uma enorme responsabilidade com o mundo,
Jessica Jones apresenta em primeiro lugar uma mulher depressiva, traumatizada e
solitária. Seus poderes são parte de si, mas eles demarcam uma mulher que não
existe mais e a qual Jessica não quer também mais ser. Esses dons não lhe dão
nada mais do que um peso em sua consciência. De qualquer modo, os seus dons
serão mostrados na série, em poucos momentos, mas eles estarão lá para demarcar quem Jones foi e é.
Kilgrave é o vilão de Jessica Jones e o cara não é humanizado em nenhum momento nos quadrinhos e duvido muito que isso acontecerá na série. Diferente do que aconteceu com Fisk, em Daredevil Kilgrave não será descamado aos olhos dos telespectadores para eles se questionarem do porquê dele ter se tornado aquilo ou até mesmo criar uma duvida na mente do telespectador de acreditar em seus
motivos perversos como consequência do seu passado negro ou crer que isso não explica o que ele se tornou? Como aconteceu com Wilson Fisk. Ele apenas aparece em Daredevil no 1×04 e sua presença é quase fantasmagórica,
mas quando ele chega definitivamente na série, se torna uma oposição marcante a ideologia de Murdock.
Contudo, diferente do esperado, Fisk não é só o cara ruim tornando a vida de
Murdock difícil. Ele tem uma crença, uma ideologia e um passado negro e marcado por violência e perdas. Quando Fisk é humanizado, ganhamos uma comparação tendenciosa, onde podemos analisar as dificuldades vividas por Murdock e Fisk e o que essas experiências serviram
como molde para os seus caracteres. Dificilmente você terminará a temporada torcendo cegamente por Murdock. Você irá se questionar: Será que Matt tem razão, será que Fisk está realmente errado?
A primeira coisa que você precisa saber sobre Kilgrave é que ele teve uma vida
normal. Sem traumas, sem dramas, sem doenças e muito menos perdas. Ele é ruim,
por ter nascido com essa índole em sua alma. Ele não quer poder, ele é poder. Ele é arrogante, sádico, um estuprador
e sem limites. Com o particular dom de controlar mentes, Kilgrave é
incontrolável e perigoso. Ele usa os seus dons desregradamente por seus motivos
pessoais ou simplesmente por diversão e ele não poupa ninguém. Se ele quiser
você morto, só por querer, ele irá matá-lo com apenas uma frase.
E aí, pipoca pronta, refrigerante geladinhos e chocolate a disposição? É só apertar o play, mates e curtir uma maratona de treze episódios do próximo hit da Netflix, Marvel’s Jessica Jones. Assista em primeira mão exclusivamente pelo Netflix.