sobre livros e a vida

29/10/2016

[Halloween SEA] Tá Na Estante :: Os Pássaros #591

Olá, galerinha. Tudo bem com vocês?

Eu sou a Ana Karina, do Blog Da Literatura, e no post de hoje vou contar mais sobre o livro Os Pássaros. Espero que vocês gostem.

Livro: Os Pássaros
Autor: Frank Baker
Editora: DarkSide Books
Páginas: 304
Compre: AmazonSinopse: Você conhece o filme. É um dos maiores clássicos de Alfred Hitchcock, de 1963. Nos créditos, consta que a história é baseada no conto “Os Pássaros”, de Daphne du Marier, escritora que o mestre do suspense já havia adaptado antes. Quase trinta anos após seu lançamento, o romance de Frank Baker ganharia repercussão quando o autor ameaçou processar Hitchcock e Daphne Du Maurier. Para deixar essa estranha coincidência com ares de plano macabro: Daphne era prima do antigo editor de Frank Baker, o inglês Peter Davies, e chegou a trabalhar com o parente. Pássaros. Milhares, talvez milhões, sobrevoam Londres, de forma aparentemente inexplicável e sem sentido, onde parecem observar os habitantes da capital, que os consideram divertidos, se tanto um pouco estranhos. Enquanto as pessoas ainda tentavam entender o que faziam ali, eles começam a atacar, ferindo e até mesmo matando com tremenda brutalidade e violência. Seriam eles uma força da natureza ou uma manifestação sobrenatural? Ninguém sabe. A única certeza é que o objetivo dos pássaros é a destruição da humanidade e ninguém tem ideia de como impedi-los… No ano em que se celebra os 80 anos da primeira edição, a DarkSide® Books orgulhosamente apresenta o livro Os Pássaros para todos os leitores e cinéfilos brasileiros apaixonados por um bom susto, um retrato sombrio e acurado de uma Londres pré-Guerra, como se Baker conseguisse vislumbrar o futuro próximo de terror e feitos inomináveis apresentado pela Segunda Guerra Mundial.

***

Os Pássaros, livro de Frank Baker publicado em 1936 no Reino Unido, tornou-se famoso após o filme de Alfred Hitchcock, em 1963. No entanto, o grande mestre dos filmes de suspense informou nos créditos que a história era inspirada em um conto de mesmo título da escritora Daphne Du Marier. Baker ameaçou processar tanto Hitchcock quanto Du Marier, porém isso não impediu de que o filme tivesse uma nomeação para o Oscar e uma premiação no Globo de Ouro para a atriz Tippi Hedren, a tão famosa loira do filme. O suspense de Hitchcock é, sem dúvida, um marco na história do cinema. Não é dele, porém, que vou falar hoje, mas da obra de Baker.

Neste mês, a DarkSide Books lançou Os Pássaros, celebrando, justamente, os 80 anos da primeira edição. A narrativa de Os Pássaros é sobre um homem, já idoso, que conta a história do seu passado para a sua filha. O narrador não fala exatamente o ano em que ocorre os acontecimentos retratados no livro, mas através da descrição minuciosa da cidade e das personalidades histórias, o leitor identifica uma Londres pré Segunda Guerra Mundial. Na introdução escrita pelo autor Frank Baker para a edição da Panther, em 1964, consta a informação de que é o ano da narrativa é 1935.

A obra possui um prefácio, narrado em primeira pessoa, por Anna, filha deste homem idoso. Anna lembrava que uma das frases muito usada pelo pai era “Antes da chegada dos pássaros” e quando ela era criança nunca havia dado a devida atenção a estas palavras do pai. Passados alguns anos, ela pedira a este que contasse a história dos pássaros, ele dissera que iria contar e que sua filha deveria anotar o relato porque levaria um bom tempo para lhe narrar tudo.
A partir daí o livro divide-se em três partes, todas narradas por este homem idoso e é realmente quando a história de Os Pássaros começa. O protagonista conta que surgem pássaros sobrevoando Londres. Ninguém sabe ao certo porque eles chegaram à cidade e muito menos o porquê de eles permanecerem ali. Esses pássaros parecem observar os moradores, seus hábitos, seu cotidiano. Os habitantes, inicialmente, consideram o fato como algo divertido e inexplicável. Algumas pessoas consideram-no estranho. Alguns tentam entender as motivações dessas aves.

O tempo vai passando e as pessoas começam a se acostumar com a presença dos pássaros. No entanto, muitas delas incomodam-se com eles e tentam afastá-los de suas vidas, nem que seja fechando as janelas das casas. A situação torna-se insustentável para alguns: esses pássaros aproximam-se mais dos seres humanos. Alguns, ficam à espreita, próximos às janelas, bicando o vidro. Muitas pessoas têm pesadelos com os pássaros. Muitas começam a atacar os pássaros, tentando afugentá-los. Porém, esses atacam as pessoas, ferindo-as e até matando-as. E o mais estranho: nunca é encontrada uma pena sequer no chão. Nunca um pássaro foi encontrado morto.
O livro possui uma sinopse aparentemente simples. Pois é, mas a história não é muito. Comecei a leitura muito empolgada, achando que leria aquelas histórias cheias de cenas sangrentas de pássaros arranhando a galera, furando os olhos das pessoas e carregando partes do corpo para alimentar a ninhada. Ok, ok, sou exagerada! Estava com essa expectativa e me deparei com um romance de introspecção repleto de divagações sobre a existência e o absurdo da realidade. Os Pássaros possui uma narrativa bastante lenta. Em alguns momentos eu a considerei bem maçante até, mas após “o sofrimento” que passei ao ler algumas partes, comecei a refletir melhor e me dei conta de que existe uma crítica bem interessante à sociedade da época. Talvez tenha sido essa a grande ideia de Frank Baker já que ele comenta sobre vários acontecimentos históricos do período entre as guerras mundiais. Baker menciona Hitler, por exemplo, de uma forma bastante cômica até, fazendo um dos pássaros defecar na cabeça dele durante um de seus discursos.

Paralelamente ao aparecimento dos pássaros, temos este narrador, cheio de questionamentos sobre a própria vida, uma pessoa inquieta, ansiosa por conhecer o mundo e por compreender esse cenário todo. Este indivíduo – cujo nome não é mencionado – vive com a mãe, Lillian, uma senhora de idade, e Anne, uma espécie de cuidadora pelo que entendi, e, um dia, resolve passar as férias no país de Gales. Um dia antes de viajar, depara-se com uma mulher e apaixona-se por ela, no entanto, não consegue sequer conversar com ela. Após quase duas semanas em Gales e uma espécie de epifania em um passeio nas montanhas, nosso protagonista resolve retornar a Londres e tomar uma atitude em relação à vida, ao amor e aos pássaros.

A partir daí a história toma um rumo bem diferente pois o personagem acaba se deparando com um verdadeiro massacre e o terror que eu buscava através da leitura ocorre, mas de maneira totalmente diferente do que eu pensava…
Para mim, Os Pássaros não é, necessariamente, uma obra de suspense ou terror. O sentimento do medo existe em alguns aspectos, no entanto, ele não predomina na narrativa. As divagações do personagem principal e os questionamentos sobre a vida parecem ocupar a maior parte do texto do que os próprios pássaros. Algumas reflexões do protagonista aproximam-se de ensinamentos e símbolos cristãos, o que era bastante comum na escrita dos romances de introspecção da década de 1930. O nome da mulher pela qual ele se apaixona, por exemplo, chama-se Olga que, em russo, quer dizer “santa” ou “sagrada”. Além disso, este nome dizem ser característico de mulher de personalidade marcante, que domina as situações. Bom, duvido que Baker tenha escolhido esse nome ao acaso, pois a Olga do livro possui um papel fundamental para que o protagonista descubra algo sobre os pássaros. Além disso, Baker usa algumas palavras como Alma e Catedral com letra maiúscula, assim como a religião escreve alguns termos considerados sagrados da mesma forma. Em um momento decisivo da história, o personagem se alimenta de pão e vinho (alguém lembra quem se alimenta disso?) e, por último, o desfecho do texto depende de uma situação que vai ocorrer em três dias (o que confesso, lembrou-me da morte de Cristo e da ressurreição no terceiro dia). Apesar dessa relação, que pode ser totalmente algo bizarro criado pela minha mente de uma pessoa que estudou em colégio católico, as reflexões sobre a existência humana existem no livro e são bastante pertinentes.
Talvez seja loucura da minha cabeça, mas criei tantas teorias lendo Os Pássaros que ainda não sei o que pensar sobre eles! De uma forma geral, recomendo o livro. Mas não vá achando que o sangue escorrerá pelas páginas. Longe disso. É um texto para refletir. Algumas partes podem dar até um soninho, mas a edição é maravilhosa (como todas as da Darkside), a história é instigante, o protagonista é curioso, os acontecimentos são estranhos e os pássaros são realmente perturbadores! Vale, ao menos, conhecer a obra.

Um beijo e até a próxima.

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