Na última semana eu fui convidado pela Espaço/Z a participar de mais uma cabine de imprensa aqui em Brasília, dessa vez para assistir o filme mais aguardado do ano (pelo menos aqui em casa), e hoje eu vim contar para vocês o que achei de ‘Wicked’.
Wicked conta a história de Elphaba e Galinda antes de se tornarem respectivamente a bruxa má do oeste e a bruxa boa do norte. Elphaba, que sempre esteve às margens da sociedade devido a cor de sua pele, é enviada por seu pai para acompanhar sua irmã Nessarose no seus primeiro dia de aula na Universidade Shiz.
Após uma incrível, e não intencional, demonstração de poder, Elphaba é convidada a fazer parte do quadro de alunos da universidade e contra a sua vontade acaba virando colega de quarto de Galinda, uma jovem nascida em berço de ouro e que teve uma vida completamente diferente da de Elphaba.
A partir daí, uma inesperada amizade começa a surgir e transforma completamente a vida das duas jovens.
Depois de mais de uma década na gaveta da Universal, trocas de diretores, adiamentos e ameaças de cancelamento, Wicked finalmente chega nessa quinta feira às telonas brasileiras e eu posso garantir que o filme é tudo que uma adaptação de musical precisa ser, sendo quase tudo tão perfeito que eu passei as duas horas e quarenta minutos do longa sorrindo entre lágrimas.
O filme que é dirigido pelo magnífico Jon M. Chu e estrelado por Cynthia Erivo e Ariana Grande-Butera, é uma das mais lindas cartas de amor ao teatro musical já feitas no cinema. Em cada quadro do filme é possível ver o carinho de cada profissional envolvido nesse projeto, desde aos atores, ao figurino que inova sem perder a essência dos originais assinados por Susan Hilferty, até o departamento de cenografia que plantou 9 milhões de tulipas e construiu um trem de 16 toneladas.
Cynthia e Ariana são as atrizes perfeitas para essa versão de Wicked. Erivo que já é um monstro da Broadway mostra em todas as suas cenas o porquê de ser tão amada dentro da comunidade musical. Já Ariana é claramente a maior surpresa do filme, levando em consideração que o anúncio de sua participação no filme lá em 2021 fez muita gente torcer o nariz. A atriz conseguiu manter a essência da personagem ao mesmo tempo que colocava sua própria identidade, trazendo uma Galinda muito mais suave que a do teatro, o que funcionou muito bem nas telonas.
Stephen Schwartz e Jeff Atmajian conseguiram fazer o que muitas adaptações de musicais nos últimos anos tentaram e falharam grandiosamente (Mean Girls eu estou falando de você). Em Wicked houve sim uma popficação das músicas porém de uma forma que mostra o carinho envolvido nessa produção. A adição de 57 novos integrantes a orquestra original que era constituída por apenas 23 deixou os arranjos mais palatáveis para o público geral mas ainda mantém o teatralismo dos arranjos originais tão amados pela legião de fãs do musical.
O filme acerta em tantos aspectos que parece até mesquinho citar o ponto que infelizmente erra, a fotografia. Alice Brooks que assina a direção de fotografia do longa deveria ser proibida de fazer parte da equipe de qualquer outro filme. O filme conta com cenários incríveis, figurinos esplêndidos, repletos de cores vivas e infelizmente isso não é transmitido em grande parte do filme. Embora o início e o final de Wicked conte com cores aceitáveis, tudo que está no meio é uma grande festa de cinza. Um péssimo uso de contra luz, uma falta de contraste preocupante que em 3D deve ficar ainda pior (tive a sorte da cabine ser apresentada em 2D).
O filme em si possui aproximadamente 2h30, o que é o tamanho do musical completo, porém em nenhum momento senti que o filme se arrastava. Tivemos a dição de algumas poucas cenas para contextualização e todas muito bem encaixadas. Jon M Chu, Winnie Holzman e Dana Fox souberam adicionar com muita inteligência ao material que já existia para fazer tudo ser coeso.
Essas alterações foram essenciais para que o filme conseguisse existir como um filme solo, e não a apenas como a primeira parte de uma história que só será concluída em novembro de 2025.
Wicked chega oficialmente aos cinemas brasileiros nesta quinta, dia 21 de Novembro nos cinemas de todo o país.