sobre livros e a vida

28/04/2019

Tá Na Estante :: ‘Jane Eyre’

HEY, MATES! TUDO BEM?

Ler Jane Eyre era uma das minhas metas nesse ano e eu me arrependo de não ter investido nessa leitura antes.

O livro conta a história de Jane Eyre – obviamente, haha -, uma jovem órfã que viveu uma infância difícil regada de privações e sem carinho algum de sua tia, sua única parente ainda viva. Após um conflito, ela é enviada para um internato, onde recebe uma educação de primeira e, mais tarde, um emprego.

Suas qualificações são altas e ela não se prende às conveniências da época. Alçando por novos desafios, ela deixa o internato para se tornar governanta de uma menininha, Adèle, protegida de Mr. Rochester. A afeição de Jane pela menina cresce, como também o interesse e paixão arrebatadora entre ela e Mr.Rochester, mas tal amor encontra um empecilho guardado em forma de um segredo.

O romance é impecável. Por muitos momentos, eu me peguei agarrada ao livro em um conflito de amor pela história e ódio por Charlotte colocar Jane nas situações mais odiosas e brutais. O fato de Charlotte ter nascido poucos anos antes da morte de Jane Austen leva os estudiosos a acreditarem que ela pode ter tido a sua escrita influenciada pela conterrânea e isso é perceptível na sua protagonista de caráter marcante, um coração puro e bom e interesse no que há além do que seus olhos podem ver.

Em uma primeira lida, Jane e Elizabeth poderiam ser amigas e compartilhar dos seus sonhos. Por outro lado, suas vidas se separariam brutalmente. Diferente de Lizzie, que lidou com a maldade e intriga humana com sua personalidade já definida, Jane era apenas uma menina quando precisou lidar com a falta dos seus pais e o descaso e inveja da sua única parente viva.

A solidão tornou-se sua amiga e a menina acostumou-se a ela nos anos no internato. Seu desejo por ver o que há além do que seus olhos alcançam não era arrogância, mas nada mais do que o seu desejo de encontrar seu lugar no mundo.

Mr. Rochester é o paralelo dessa trama. Ele é um homem vivido, um tanto entediado e muito rabugento. Ele tem experiências diferentes das vividas por Jane, mas ele pode compreender as suas amarguras e pesares por não serem tão distintas das vividas por ele. Talvez, isso tenha aproximado eles de algum modo. Suas almas se reconheceram em suas cicatrizes. A aproximação deles é calma e contida, por ambos os lados, e implode de um modo que não arrebata apenas Jane, mas também, a nós leitores.

Eu me peguei torcendo por Jane durante toda a sua trajetória. Seu sofrimento e luta eram palpáveis para mim a ponto de eu precisar parar a leitura e lidar com aqueles sentimentos revirando em mim. Eu me reconheci um pouco em suas escolhas e caráter e foi difícil ler a sua história sem me comover.

O enredo tem reviravoltas, por ora esperadas, mas suas consequências e resoluções são pontuais, inesperadas e reveladoras de um modo que eu me peguei bestificada pela construção da história desenvolvida pela autora.

Para a época, ela utilizou de artifícios (reviravoltas, um protagonista dito como velho e feio, clímax, suspense entrelaçado ao romance, o que dava até um tom misterioso) que em um romance não era algo tão comum. Inclusive, Jane Austen, a quem ela é tão comparada, pouco utilizava do clímax e suspense para movimentar seus romances, optando pelo crescimento temporal da narrativa, o que funcionava muito bem com romance romântico.

Os personagens são um diferencial à parte na trama. Todos tem defeitos, falhas, qualidades distintas e histórias marcadas por pesares, perdas e erros. Ninguém tem uma intenção pura e um coração intocado, todos sofreram algum mal que os moldaram para se tornarem a pessoa que eles são, sejam elas boas ou não. Ninguém faz maldade por fazer, existe um motivo que, por muitas vezes, está marcado em seu caráter.

O trabalho da editora Nova Fronteira está incrível. A coleção da Biblioteca Áurea tem clássicos da literatura mundial e cada um se destaca à sua maneira. A qualidade é impecável. A capa é linda e conversa com a narrativa. A revisão está no ponto e casou bem com a linguagem da autora. A tradução de Sodré Viana consegue transmitir bem as palavras de Charlotte sem perder sua voz.

Recomendo Jane Eyre para os amantes de um romance duro, apaixonante e profundamente humano.

Um beijão da Bárbara Herdy.

Comentários

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Ei, eu sou a Barb, tenho 27 anos, sou baiana, estudei Letras e compartilho conteúdo desde 2010 na internet. Por aqui, escrevo sobre tudo que faz meu coração bater mais forte.

Se inscreva no meu canal do youtube

Além do meu amor pela leitura e pelas histórias de romance, eu compartilho vlogs sobre a minha rotina e trabalho, mostrando como é a vida de uma baiana morando em Madrid, na Espanha.

Ei, inscritos no Telegram

Faça parte do nosso grupo aberto e gratuito no Telegram. Lá os inscritos recebem novidades, conteúdos exclusivos, além de um podcast semanal (em áudio) sobre o que se passa na mente da criadora de conteúdo.

Telegram

Quer receber minha newsletter?

Vamos conversar mais de pertinho? Enviamos conteúdos semanais sobre assuntos mais intimistas: reflexões sobre a vida e situações cotidianas.