sobre livros e a vida

16/12/2019

Tá Na Estante :: ‘A Intérprete’

Frankfurt, 1963. Eva Bruhns é uma jovem de pouco mais de vinte anos, que trabalha como interprete em um escritório, além de ajudar seus pais no restaurante sempre que é preciso. Seu namorado, herdeiro de um império das lojas de departamento, está prestes a ser apresentado a sua família. E apesar de amá-los, está esperando que o pedido de casamento aconteça logo. Uma vida de dona do lar, obediente e dedicada é algo que ela pode fazer muito bem.

Quando atendeu um chamado emergencial para traduzir relatos em polonês, não fazia ideia que acabaria atuando no primeiro julgamento contra os responsáveis pelas barbáries de Auschwitz, durante a 2ª Guerra Mundial. Eva não tem lembranças da guerra, era uma criança quando os bombardeios cessaram. Seus pais, como a maioria dos alemães, preferiam deixar esse assunto no passado, de modo que Eva nunca os ouviu falar sobre esse período.

Seus pais, sua irmã, seu namorado… ninguém parecia dar importância ao trabalho que estava executando! A própria equipe no tribunal não levava muita fé de que ela conseguiria, mas Eva sentia que era importante. Era seu dever dar voz aquelas pessoas e mostrar ao mundo o que seus compatriotas preferiam esconder. Ela só não estava preparada para descobrir tanto sobre si mesma e aqueles que ama.

A Intérprete é um livro único e diferente de tudo que já li. Os personagens apresentados são complexos, mas a autora não aprofundou ou sequer respondeu suas questões. O foco está no julgamento, em passar essas informações ao leitor e foi o que me prendeu até o fim. Apesar de ser uma ficção, a autora se inspirou no que realmente aconteceu e algumas declarações do processo oficial foram inseridos nessa narrativa. Eu só fico me perguntando quais… o que parte ainda mais meu coração.

A não profundidade da história, permite que a carga dramática a história não roube a cena. Não gosto muito de histórias de guerra porque elas me fazem sofrer mais do que refletir, então preferi assim, objetivo. Minha única reclamação é a incógnita que são a irmã e o namorado da protagonista. Eles são como uma corda cheia de nós, que aos poucos a autora vai desatando, mas que no fim, são são conectados a lugar nenhum. Eu fiquei muito confusa e instigada com eles… não sei definir.

A estrutura da narrativa também é muito diferente. O livro é dividido em cinco partes, porém não há nenhum capítulo. A história em terceira pessoa é cronológica e contínua, tendo como principal voz a protagonista, mas temos uma nova visão sempre que a autora julgou necessário. E isso é tão aleatório, que as vezes me confundia.

Essa é uma leitura fácil, rápido. Para atingir todo seu potencial, você precisa iniciá-la com o peito aberto. Deixe que os testemunhos atinjam você de todas as maneiras possíveis e no final, seja uma versão melhor de si mesmo. Escolha as batalhas pelas quais você quer lutar, mas acima de tudo, lute. Porquê a omissão é tão ruim quanto praticar o mal.

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