No verão de 2013, o avião que levaria Edward e sua família de Nova York a Los Angeles caiu, matando centenas de pessoas que voavam rumo a novos planos, sonhos, reencontros e recomeços. Em meio à catástrofe, por um milagre Edward sobreviveu. Ele tinha apenas doze anos quando viu a vida daqueles que amava ser interrompida de forma abrupta.
Todo o país se comoveu com a história do pequeno Edward. Alguns invejavam os benefícios financeiros de sua perda, outros queriam apenas tocar no menino milagroso. Mas para Edward, sobreviver era um fardo difícil de suportar. A culpa o consumiria por anos e a adaptação em uma pequena cidadezinha de Nova Jersey ao lado dos tios, únicos parentes vivos que lhe restou, seria dolorosamente lenta.
Narrado em terceira pessoa, o livro intercala entre os acontecimentos dentro do avião, nos dando um panorama do que ocorreu naquele fatídico dia, e nos apresentando a história de vida dos passageiros que interagiram ou não com Edward durante o voo. Conhecer essas histórias e vê-las findar tão precocemente nos traz uma verdadeira reflexão sobre a nossa própria vida. Será que estamos aproveitando nosso tempo? Será que ainda teremos tempo para fazer o que sempre deixamos para amanhã?
Quando a narrativa muda, mergulhamos nas dificuldades do processo de recuperação interno e externo de Edward. Ele agora vive com os tios e conhecerá Shay, a vizinha de mesma idade que será sua companheira fiel durante esse momento tão conturbado.
“Vivemos em comunidade para nossa própria saúde emocional. Precisamos estabelecer relações para ter uma sensação de pertencimento. Não fomos feitos para viver isolados.”
Por ser ainda muito jovem, Edward não consegue externar suas dores, nem compreender todas as mudanças e consequências do que aconteceu. Até que, cartas de parentes das vítimas do acidente começam a chegar. E com elas, algo muda dentro de Edward.
Querido Edward não foi tão dramático como eu imaginei que seria. A leitura seguiu um ritmo mais lento até metade do livro, no entanto, muito mais do que falar de uma tragédia, a história de Edward nos faz pensar nos motivos para continuarmos em frente, mesmo quando nosso mundo literalmente desmorona. Esse é um livro que fala sobre luto, pertencimento, cura e recomeço. Uma história que certamente arrancará lágrimas de muitos leitores.
“[…]não há motivo para sofrer. Não é uma tragédia. Morrer vendo TV sozinho no sofá é uma tragédia. Morrer fazendo o que se ama com todas as partes do corpo é algo mágico. Te desejo algo mágico, Edward.”