Sempre acreditei na ideia de que, para ser lido, o livro chama a gente. Mamãe & Eu & Mamãe estava na minha meta de leitura do ano passado, mas ele sumiu completamente da minha cabeça. Apenas quando fui confrontar a lista percebi a presença dele e desde então o título não saia da minha mente.
A primeira leitura do ano é algo que sempre marca e eu fiquei pensando por um tempo sobre qual livro escolheria, com Mamãe & Eu & Mamãe sempre na minha mente. Preciso confessar que estava com um ligeiro medo desse livro, de como seria o desenvolvimento narrativo e de quantos gatilhos ele poderia despertar. Não foi uma leitura fácil, mas também não posso dizer que foi difícil. A minha única certeza é que foi uma excelente escolha.
“Ela havia me libertado de uma sociedade que me teria feito pensar que eu era a ralé da ralé. Ela me libertou para a vida. E, a partir daquele momento, tomei as rédeas da vida e disse: “Estou com você, pequena.”
Maya Angelou nasceu de pais que se apaixonaram à primeira vista, mas que não alimentaram a paixão ao longo dos anos. Ao se separarem, enviaram os filhos ainda crianças para os cuidados da avó paterna. Uma década depois, Maya e seu irmão voltam ao convívio com a mãe, uma mulher sobre a qual eles tinha ouvido falar, mas não conheciam de fato. Se reintegrar nesse convívio não foi fácil, mas eles tentaram.
Para Maya foi particularmente difícil, sua mãe parecia ser tão inteligente, bonita e dona de si e ela, Maya, via-se apenas como uma garota grande demais e indelicada demais. Ao longo dos anos, no entanto, a aproximação com sua mãe foi inevitável, mas deu-se, mais ainda, por perceber que Lady, como ela costumava chamar a mãe, sempre lhe deixou espaço. Maya cresceu sob os olhos atentos de uma mãe cuidadosa, mas com espaço suficiente para se descobrir por si mesma.
“Minha mãe me disse que seus amigos lhe contaram que me viram pulando na rua com meu filho e brincando como se eu fosse uma criança. Ela disse a eles: “Ela não estava brincando. Estava apenas sendo uma boa mãe.”
A gravidez no final da adolescência a paralisou, mas o apoio familiar a fez perceber que nem tudo estava perdido. O começo da vida adulta foi pesado, quando ela queria demonstrar que poderia dar conta por si mesma, e deu. O primeiro casamento foi um turbilhão, os relacionamentos seguintes foram intensos. Maya viveu a vida da maneira mais pura e profunda e deveu a isso a liberdade garantida por uma mãe que sempre esteve por ela, fosse para argumentar ou acalentar.
Ao longo da jornada vemos como Maya e sua mãe se fundem numa mesma história, sendo protagonistas de seus próprios enredos e coadjuvantes no enredo uma da outra. Profundo e libertador, o livro aborda maternidade de maneira tão imersiva que torna o leitor parte da história, mas ao mesmo tempo admirador dela.
“Você está indo longe nessa vida, meu amor, porque ousa se arriscar. É isso o que você tem de fazer. Você está preparada para dar o seu melhor, mas também sabe que, se não der certo, a única coisa a fazer é tentar mais uma vez.”
Mamãe & Eu & Mamãe é uma história sobre como nada na vida é perfeito, nem mesmo a família. Falhas, no entanto, existem para nos ensinar e nos fazer seguir. Tomar uma decisão é seguir nossos instintos e às vezes não existe retorno para eles, só acreditar, em nós mesmos ou em quem nos rodeia. Acreditar e viver.
“Uma mulher precisa ser capaz de resolver as próprias coisas antes de pedir que alguém resolva por ela.”
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