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23/01/2019

Na Telona :: ‘Creed II’ #71

Rocky Balboa (Sylvester Stallone) se eternizou como um dos grandes ícones do cinema por trazer uma história humanizada de um personagem que ia além dos ringues. Suas questões pessoais e familiares criaram uma imensa empatia por parte do público que o eternizou na cultura pop.

Algumas décadas depois chegava a hora de passar o bastão para uma nova geração, com novas histórias e novos personagens. Foi assim que surgiu Creed, filme que nos apresentou Adonis (Michael B. Jordan), filho do lendário Apollo que marcou época como grande rival de Balboa nos primeiros filmes e que agora tem na figura do filho um recomeço nas telas.

Creed 2 é um filme que segue em duas vertentes estabelecidas. Primeiramente ele trata de aprofundar as histórias dos personagens apresentados no primeiro filme e dar ainda mais camadas deslumbrando um futuro para a franquia.

Adonis agora é um personagem que sofre um processo muito significativo de amadurecimento, se estabelecendo como campeão. O personagem tem que lidar com essa sua vida nos ringues e sua relação com Bianca (Tessa Thompson) que também passa por um processo de evolução, se mostrando mais madura e disposta a ser a grande companheira de Adonis, formando ambos um casal que constrói um núcleo familiar muito sólido, passando a real sensação que ambos se complementam e se apoiam acima de tudo.

O roteiro do filme dá uma protagonismo muito forte a Adonis que é o grande foco central da trama, ainda mais do que no primeiro filme, onde ele ainda estava se descobrindo e vivendo na sombra de Rocky Balboa que parece que a cada filme está deixando o seu protagonismo de lado e se tornando praticamente um símbolo.

Ao analisarmos a trama central, percebemos que o filme segue pela outra vertente que é o saudosismo, trazendo dramas do passado que basicamente ditam a narrativa da continuação que traz de volta Ivan Drago (Dolph Lundgren) que para muitos é o grande vilão da saga do Rocky.

O personagem aqui tem um aprofundamento minimamente maior do que apresentado lá em Rocky IV, onde ele era basicamente uma máquina sem nenhum senso de certo ou errado. Sua abordagem é bem superficial, assim como seu relacionamento com seu filho Viktor Drago (Florian Munteanu) que é o grande antagonista do filme. Seus dramas pessoais são subaproveitados na narrativa, onde sua imposição física e seu status de ameaça ao protagonista são suas grandes marcas.

Com toda essa carga do passado e toda a rivalidade construída entre Rocky e Drago, o encontro entre os dois é mostrado numa cena anticlimática, onde o roteiro perde uma chance de ouro de trazer uma cena memorável. Já o encontro de Adonis e Viktor nos ringues é cheio de tensão e totalmente impactante.

O telespectador sente cada golpe deferido pelos lutadores que nos estregam embates de tirar o fôlego, embora o enquadramento e o jogo de câmeras fiquem meio confusos em alguns momentos isso não atrapalha a experiência, mas é inegável dizer que visualmente o primeiro filme é superior, apesar das lutas dessa sequência serem mais marcantes e bem coreografadas.

Creed 2 mescla muito bem essas duas vertentes e consegue transitar muito bem entre o passado e o futuro, deixando todo o legado de Rocky Balboa de lado, mas sempre usando isso para seguir em frente e fazer disso um ponto de partida para algo novo. Vemos muito bem essa mudança de tons, onde os dramas de Balboa tão explorados nos filmes anteriores, ficassem agora em segundo plano para que toda a carga dramática de Adonis tivesse espaço suficiente para serem trabalhadas.

A relação entre os dois segue impecável, as cenas de treinamento e tudo o que é característico da franquia está presente nessa continuação. Me atrevo a dizer que é um dos filmes mais emocionantes, já que lida com a construção do protagonista como uma pessoa com falhas e tendo que lidar com as consequências de seus atos, trazendo à tona uma questão bem particular, na qual Adonis precisa confrontar aquele que foi o grande assassino de seu pai.

Creed 2 é um filme que honra muito bem a obra original, mas tem sua própria identidade. Tem um roteiro muito bem amarrado e uma história cativante sabendo abordar muito bem os dramas característicos de cada personagem, sendo nitidamente um capítulo importante na transição do protagonismo da franquia que vê na figura de Rocky Balboa um passado glorioso e em Adonis Creed um futuro promissor.

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