Oi, gente. Tudo bem?
Livro: Um Dia de Cada Vez
Título Original: Faking Normal
Autora: Courtney C. Stevens
Editora: Suma de Letras
Páginas: 232
Sinopse: Alexi Littrell era uma adolescente normal até que, em uma noite de verão, sua vida é devastada. Envergonhada, a menina começa a se arranhar e a contar compulsivamente uma tentativa de fazer a dor física se sobrepor ao sofrimento que passou a esconder de todos. Ela só consegue sobreviver ao terceiro ano do ensino médio graças às letras de música que um desconhecido escreve em sua carteira. As canções parecem adivinhar o que o coração de Alexi está sentindo. Bodee Lennox nunca foi um adolescente normal, mas agora é o menino que teve a mãe assassinada pelo pai. Em seguida, ele vai morar com os Littrell, e Alexi acaba descobrindo que o Garoto Ki-Suco, o quieto e desajeitado menino de cabelos coloridos, pode ser um ótimo amigo. Em Um dia de cada vez, Alexi e Bodee, ao mesmo tempo em que fingem para o resto do mundo que está tudo bem, passam a apoiar um ao outro, tentando viver um dia de cada vez.
Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler!
Como eu disse lá em cima, fiquei doido por este livro desde que soube do seu lançamento nos EUA. Me encantei pela capa à primeira vista e a sinopse me deu ainda mais vontade de ler. Depois das psicóticas e das sarcásticas, protagonistas depressivas são minhas favoritas. Minha ansiedade pelo livro estava a mil e iniciei a leitura com as expectativas lá no alto. Infelizmente.
A narrativa começou bem devagar, apresentando os fatos e os personagens, algo normal em livros do gênero. Porém, conforme as páginas iam avançando, a monotonia não abandonava o enredo. A escrita de Courtney é ótima, mas encontrei tantos furos na narrativa, tantos fatos sem importância jogados na trama, que não consegui gostar inteiramente.
O livro é narrado em primeira pessoa, sob o ponto de vista de Alexi. Com isso, somos inseridos em sua vida e vamos sabendo aos poucos o que aconteceu há dois meses, enquanto ela vai tendo lembranças do seu passado. Algo que achei bem interessante foi o modo como a autora jogou pistas falsas, fazendo com que criássemos suspeitas erradas. Porém, eu soube logo de cara quem era o culpado e não fui surpreendido ao ser constatado que estava certo.
Os personagens foram bem desenvolvidos, embora suas personalidades beirem ao clichê. Alexi é a garota quietinha, puritana e inteligente. Irritante na maior parte do tempo. Sonsa. E irritante. Chata. E irritante. Já disse que ela é irritante? Bodee é o garoto que é zoado por todos, por usar roupas esfarrapadas e a cada dia ir com uma cor diferente no cabelo, o qual tinge com Ki-Suco, por isso o apelido. A única diferença é que Bodee é meigo, leal e um grande amigo. A cena mais emocionante do livro foi protagonizada por ele e choro só de lembrar.
A relação de Alexi com a família é bem estranha. Sua irmã mais velha, Kayla, é noiva de Craig, com quem namora desde a adolescência. Kayla nunca foi próxima da irmã e morria de ciúmes da amizade dela com Craig, achando que havia algo a mais ali, sendo que ele é 10 anos mais velho que ela. Com isso, ela não hesitava em discutir com a irmã, ou acusá-la diante dos pais. A mãe de Alexi tenta se aproximar da garota constantemente, mas sempre é ignorada. Não há qualquer participação mais profunda do pai.
Heather e Liz também ficam naquela linha tênue entre o clichê e o original. Heather é toda desbocada, mas no fundo tem uma personalidade frágil e insegura. Não gostei nem um pouco dela e de sua mania de querer controlar a vida dos outros e usá-los para seus próprios objetivos. Enquanto isso, Liz é a voz da razão, a menina certinha que aconselha todos, mas vamos descobrindo que não é bem assim também. Aliás, quase nenhum personagem é o que aparenta ser.
Conforme o livro ia chegando em seu clímax, tinha certeza que Courtney C. Stevens havia deixado o melhor para o final. Tivemos muitas cenas intensas e ao descobrirmos o segredo de Alexi, o que mais desejamos é saber quais seriam as consequências e o que acarretariam na vida da menina e de sua família.
E eis que chega o tão esperado final, que é tão rápido e frustrante que chega a ser ridículo. Me colocando naquela situação, eu não consigo sequer cogitar a hipótese de ter a mesma reação dos personagens. Foi algo tão sem sentido e tão grotesco que o livro perdeu todo seu clima. O único ponto positivo foi que descobrimos uma nova faceta de Kayla, uma que eu gostei bastante de conhecer.
A editora Suma de Letras fez um trabalho impecável com o livro. A diagramação é simples, mas a revisão está ótima, não encontrei nenhum erro de digitação. Gostei de terem mantido a capa original, que eu adoro, mas acho que o título americano combina mais com a história.
Eu tenho minhas dúvidas se recomendo este livro ou não. Um Dia de Cada Vez teve tantos altos e baixos (mais baixos que altos) que não tenho certeza se vai agradar até os fãs desse tipo de narrativa. O livro está longe de ser uma leitura 05 estrelas, favoritada ou até mesmo leve, mas com certeza te faz pensar bastante.
Como de praxe, nos despedimos de vocês com uma citação do livro.
Depois de tudo o que passei, sou meio que um bolo queimado e solado que um confeiteiro disfarça com uma cobertura linda. Então, mesmo que ele goste de mim por fora, meu interior é uma porcaria sem gosto.