A vida social em Arnhill é como qualquer cidade pequena. Todo mundo se conhece ou conhece alguém que conhece o outro. As famílias importantes perpetuam o seu status. A hierarquia criada na escola tente a se repedir na vida adulta e perpetua a das gerações anteriores. O rei e a rainha do baile provavelmente vão se casar. Os desajustados sempre serão deixados de lado. A vizinhança continua sempre a mesma… Poucas pessoas se mudam para essas cidadezinhas, menos pessoas ainda conseguem ir embora e quem consegue, jamais retorna.
Aos quinze anos, Joe Thorne teve a sua primeira oportunidade de mudar sua posição dentro daquela sociedade. O desajustado, que sempre brincou sozinho, aprendeu a ser invisível no colégio. Era a melhor tática para fugir dos valentões. Mas agora ele era um dos integrantes desse grupo. Ele não era idiota, sabia que não havia nenhuma amizade verdadeira com aqueles garotos, mas o líder gostava de ouvi-lo e estar entre eles lhe dava um pouco de sossego – o que não significa estar em paz.
Certo dia, quando a família acordou, sua irmã caçula havia desaparecido. Ela era tudo pra Joe e ele amaldiçoou sua mania de segui-lo por aí. Annie ficou sumida por dois dias, mas as condições de seu retorno renderiam pesadelos até o seu último dia de vida de Joe. Foi por ela que ele foi embora, e por ela retornou.
Vinte e cindo anos depois, uma mensagem anônima desperta seus instintos. Alguém sabe o que aconteceu com Annie e parece que está acontecendo novamente. É a sua chance de falar algumas verdades ou quem sabe, conseguir quitar uma dívida milionária.
Sendo uma grande história de suspense, tive várias recomendações de amigos sobre a narrativa de C. J. Tudor e já sabia mais ou menos o que esperar. A história se passa no presente, mas o passado surge sempre que precisamos compreender melhor alguma situação. Ele chega sem avisar e prende o leitor que busca por respostas. A narrativa é imersiva, mas eu não esperava a pegada sobrenatural. Isso acaba um pouco com o que mais gosto no gênero, que são as respostas surpreendentes para qualquer situação, até as mais absurdas. Felizmente não fiquei decepcionada no quesito reviravoltas. Não consegui desconfiar de nada. E aquele epílogo? Fiquei até arrepiada.
Um fator engraçado é que nenhum personagem me gerou empatia. Alguns são mais engraçadinhos, outros nos deixam com raiva e o próprio Joe é bem pouco confiável. Annie seria minha aposta, mas ela não é tão explorada. A ambientação é bem sinistra e não consigo imaginar essa cidade como algo alegre. Sempre me fazia pensar em filmes de terror de baixa qualidade.
A edição do livro é feita para encantar qualquer leitor. Capa dura e pintura trilateral já viraram um padrão para a autora, e quem comprou a edição nº 6 do intrínsecos também se deu bem. As duas estão lindas!
O que aconteceu com Annie é um thriller sobrenatural com capacidade para te fazer esquecer o mundo durante a leitura, mas também para te fazer passar um pouquinho de raiva com a falta de algumas respostas.