Em O livro do cemitério – volume 2, continuamos a acompanhar o crescimento do menino Ninguém Owens. Ele agora tem 11 anos, compreende mais o ambiente ao seu redor e desenvolveu gosto por novos hábitos, sendo o primeiro o amor pela leitura.
Sua sede por conhecimento e pelo novo não deixará saída para seu guardião Silas, que sabe que é chegada a hora de revelar a Nin detalhes da morte de sua família e dos perigos existentes fora dos muros do cemitério.
A verdade é que o misterioso assassino chamado Jack ainda está à procura do garoto para concluir sua missão a muito fracassada. E Nin precisa aprender mais sobre as ameaças que o cercam no mundo dos mortos e no mundo dos vivos.
Por esse motivo, Silas aceita quando Nin manifesta insistentemente seu desejo de frequentar a escola e interagir com os humanos, mas não sem antes garantir que qualquer informação sobre o garoto seja uma pista para o assassino à espreita.
O problema é que nem mesmo todos os cuidados de seu guardião e do povo do cemitério serão suficientes para garantir proteção eterna ao garoto vivo. Seu destino é estar cara a cara com o homem chamado Jack, e, é nesse encontro de tirar o fôlego que Nin e o leitor terão as respostas sobre o fatídico dia em que a vida de um bebê e toda a sua família foi brutalmente alterada.
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Após ler O livro do cemitério – volume 1 e me encantar pela história do garoto que cresceu dentro de um cemitério aos cuidados de almas que ali jaziam enterradas, minha ansiedade por uma continuação foi quase que insuportável. Então, quando a Editora Rocco anunciou esse novo lançamento, imediatamente garanti meu exemplar para leitura. E não poderia estar mais satisfeito com o desfecho dessa história.
Embora criado em meio aos mortos, é evidente que Nin, como qualquer jovem de sua idade possui muitos conflitos interiores. Seus interesses mudaram, as crianças que antes lhe faziam companhia nas brincadeiras já não o satisfazem mais, afinal elas permanecem congelas no tempo, enquanto Nin continua a crescer e enxergar o mundo com outros olhos. Seu desejo por explorar o novo, por se sentir incluído e por fazer parte de algo maior são completamente justificáveis e pertinentes.
Nesse segundo volume, temos mais cenas recheadas de tensão e ação. E questões relacionadas ao desenvolvimento do personagem, seus anseios e inseguranças ganham maior foco na trama, mostrando que mesmo criado em um ambiente tão distinto, as necessidades humanas de Nin se fizeram presentes.
Em relação à arte gráfica, a obra é visualmente linda e rica de detalhes e cores que nos permitem transitar entre o mundo dos mortos e dos vivos através de suas páginas. Me vi imerso a cada momento da narrativa fluída e envolvente de Neil Gaiman e me apaixonei pela ilustrações e traços únicos de cada artista que deu vida a essa graphic novel.
Em suma, O livro do cemitério – volume 2 me emocionou e superou minhas expectativas. O final, embora coerente com toda a jornada de Nin, foi de partir o coração, mas também deixou aquela sensação de orgulhoso. Deixo aqui novamente a minha recomendação para os amantes de GN e para os fãs de Neil Gaiman.