Feitos de Sol nos apresenta a história de Cícero e Vicente, dois adolescentes de 15 anos. Cícero vive com a mãe e os dois tem uma relação de intensa parceria e confiança, sendo como melhores amigos. O menino também mantém uma amizade – um pouco mais colorida – com Karol, mas nada além disso. Apesar de transarem com certa frequência, não há rótulos para definir essa relação, porque não existe sentimento a mais ali além de uma bela amizade com benefícios.
Já Vicente é um pouco diferente. Filho de pais extremamente religiosos, o garoto vive em constante turbulência, tendo que cuidar cada passo que dá para não sofrer represálias do pai, que não aceita suas escolhas e é muito rígido em suas atitudes.
O caminho dos dois se cruza quando eles se encontram em frente à Taverna do Dragão. Cícero e Vicente são grandes fãs da história em quadrinhos Under Hero, que terá a edição 35 – a última – lançada naquela noite. Os dois estão extremamente empolgados, mas a decepção chega quando encontram uma placa dizendo que a Taverna fechou permanentemente por falta de recursos. E agora? Como vão saber o final desta história que tanto gostam?
A partir daí, um belo laço de amizade nasce entre os dois. Aos poucos, Cícero e Vicente descobrem que tem muito em comum um com o outro, como por exemplo a crença de que o fim do mundo chegará na virada do milênio. O ano é 1999 e Cícero acredita que quando virar para 2000, os computadores não irão entender essa nova data e irão ter um bug, disparando mísseis e tudo mais. Já Vicente, que é cristão, acredita que acontecerá o arrebatamento, onde os dignos serão levados ao reino dos céus.
A cada dia, Cícero e Vicente vão passando mais tempo juntos e essa amizade vai trazendo novas descobertas para Cícero. Ele quer passar mais e mais tempo com Vicente, mas o que isso significa? Estará ele se apaixonando pelo novo melhor amigo? Em uma jornada de autodescoberta, esses dois garotos se unirão para encontrarem seus propósitos e desbravarem o mundo, rumo ao sol. Mas estarão eles preparados para as consequências?
Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler!
Vinícius Grossos é meu pastor e nada me faltará! Conheci a escrita do autor em 2016, quando li 1 + 1, escrito em parceria com o fofíssimo Augusto Alvarenga. Desde então me apaixonei por suas histórias e li tudo que ele publicou. Quando a Faro anunciou o lançamento de Feitos de Sol, eu confesso que dei aquela surtada básica. Já estava em abstinência de livros de um dos meus autores favoritos e precisava desse livro pra ontem! E que livro, meus amigos. Que livro!
A escrita de Vini é simplesmente maravilhosa. Quando meu exemplar chegou aqui em casa eu estava a poucos dias de apresentar meu TCC, dando os ajustes finais ao meu trabalho. Pra relaxar um pouco a mente, fui ler as primeiras páginas dessa história e quando me dei por conta já tinha passado da metade, tamanha a fluidez. A cada dia mais tenho a certeza de que quando eu estiver em uma ressaca literária, é só pegar um livro do Sr. Grossos para essa maldita ir embora.
Feitos de Sol é narrado em primeira pessoa, pela perspectiva do Cícero. Amei a forma como Vini desenvolveu o personagem. Ele é bastante centrado para um menino de 15 anos e tem ideias muito reais sobre o mundo. Depois que conhece Vicente, ele só vai ficando mais fofo. Cícero desenvolve um instinto de proteção para com o outro garoto e é tão lindo de ver esses dois juntos. Era um ataque de fofura a cada palavra que eles trocavam.
Vicente é meu favorito – sorry, Cícero – por sua força. Ser gay dentro de uma família intolerante não é fácil, ainda mais quando essa família é religiosa ao extremo. O menino sofre constantemente com isso, mas, apesar de tudo, ele é um garoto iluminado, que tenta ver a parte boa de todas as situações e viver a vida praticando o bem. É cada frase maravilhosa sobre aceitação que ele solta na história, que eu tinha vontade de entrar no livro e abraçá-lo pra nunca mais soltar e dizer que ficaria tudo bem.
Amei a forma como Vinícius foi desenvolvendo o romance entre os dois protagonista, de forma gradual e convincente. Afinal, Cícero tinha um caso com Karol e sempre acreditou ser hétero, não seria muito verossímil ele simplesmente aceitar que estava apaixonado por outro menino. Pode-se dizer que os dois foram se descobrindo juntos e a cada novo passo nessa relação, o romântico incorrigível dentro de mim dava pulinhos de felicidade, lembrando do seu eu passado, de uns 5 anos atrás, que viveu situação parecida.
Os personagens secundários também foram muito bem construídos, mas o destaque maior foi a dona Emir, a avó do Vicente. Ela é uma senhora super descolada, alto astral e mente aberta. Ela é a maior apoiadora do neto e faz o que pode para vê-lo feliz. Dona Emir sabe que seu filho não é a melhor das pessoas e não tem problemas em ficar contra ele quando o assunto é Vicente. O período que Cícero e Vicente passam com ela, aprendendo um pouco mais sobre a vida, foi verdadeiramente inspirador. Que o mundo tenha mais senhoras como essa!
Quando o clímax do livro se apresentou, meu coração foi despedaçado em mil partes – e Vinícius ainda pisou nelas várias vezes. Eu chorava copiosamente com o rumo dos acontecimentos e só queria abraçar o autor e perguntar por que ele era tão mal assim. Pensei de verdade que as coisas continuariam sem resolução, mas então veio o capítulo final, que foi colando meus pedacinhos aos poucos e deixando aquele quentinho dentro de mim, com esperanças de que tudo ficaria bem. E daí então eu chorei de novo, haha.
Feitos de Sol é, de longe, o melhor trabalho de Vinícius Grossos e eu preciso que o MUNDO INTEIRO leia essa história. Meus parabéns ao autor e à Faro Editorial por trazerem essa belíssima história para a minha vida. Mesmo depois de meses da leitura finalizada, ainda lembro de cada detalhe e sigo apaixonado. Deixo aqui minha recomendação a todos. Se joguem nessa história e se encantem por esses dois meninos feitos de sol.