Thad Beaumont é um escritor que vive com a família – esposa e filhos gêmeos – na cidade de Castle Rock. O homem ainda busca o sucesso, mas seus livros não tem o destaque e reconhecimento que ele tenta alcançar quando escreve suas histórias.
Por outro lado, George Stark é um fenômeno de vendas. Seus livros, com uma pegada mais violenta, cenas regadas a muito sangue e personagens controversos, fazem um enorme sucesso com os leitores, que anseiam cada dia por uma nova obra do autor.
Justamente por serem tão opostos que a notícia de que Beaumont e Stark são a mesma pessoa deixa a comunidade literária em polvorosa. Como é possível que livros tão diferentes, com mensagens tão contrárias, podem ter sido escritos pela mesma pessoa?
Após essa grande revelação, Thad vai se ver em meio ao destaque que tanto sonhou, dando inúmeras entrevistas para explicar o porquê dessa ideia de usar um pseudônimo e de como isso afetou sua carreira. E quando ele sente que chegou o seu momento, está mais do que na hora de enterrar Stark para sempre – literalmente.
Usando uma lápide falsa e toda uma grande comoção em um cemitério, Beaumont fará um velório e enterro para seu alter-ego, mostrando que George Stark se foi para nunca mais voltar. No túmulo, Thad ainda escreve “um cara não muito legal”, para descrever a personalidade de sua metade abandonada.
O que Thad não esperava ao voltar a escrever com seu verdadeiro nome é que um enorme bloqueio criativo se apossaria dele. Não fosse o bastante, alguns assassinatos começaram a acontecer na região, todos de pessoas próximas ao autor, que logo torna-se o principal suspeito dos crimes. Mas logo Thad tem a certeza de quem é o culpado: George Stark está de volta em busca de vingança!
Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler!
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Uma das minhas metas fixas todo ano é ler pelo menos uma obra de Stephen King e em 2019 eu escolhi A Metade Sombria, que é eleito pelos fãs, junto de Misery, como um dos melhores trabalhos do autor. O livro estava esgotado há anos, mas a Suma nos trouxe esta nova edição em capa dura, pelo selo Biblioteca Stephen King, que está cada dia maior.
A Metade Sombria não deixa de ser uma metáfora a vida do próprio King, que durante anos também escreveu sob um pseudônimo, Richard Bachmann, que usava para saber se seus livros eram realmente bons e por isso faziam tanto sucesso ou se era o seu nome que já tinha atingido tal status. Quando descobriram o nome verdadeiro por trás de Bachmann, King também o matou.
O início do livro nos apresenta a infância de Thad Beaumont, que já foi bastante incomum. Não posso entrar em detalhes para evitar spoilers, mas acreditem quando eu digo que tudo vai fazer sentido no final.
No começo, confesso que fiquei bem desanimado com a leitura. Por ser um livro antigo de King, publicado originalmente na década de 80, ainda temos aquela narrativa bastante prolixa do autor, que foi se adaptando nos lançamentos mais recentes. Então, eu senti que o começo foi bastante lento, até tudo finalmente começar a andar, rumo ao clímax.
“Quando ele começava a escrever, muitas vezes era assim: um exercício seco e estéril. Não, era pior que isso. Começar sempre parecia meio obsceno, como beijar de língua um cadáver.”
Enquanto Thad é descrito como um bom homem, pai de família e com livros mais ‘calmos’, Stark é a personificação da maldade e se mostra tudo aquilo que mais desprezamos. Contudo, ele não deixa de ser uma criação de Thad, então certas diferenças logo podem se tornar semelhanças. E isso, é claro, só gera problemas, pois um sabe exatamente o que o outro vai fazer e pensar.
O final do livro me agradou, mas eu confesso que esperava um pouco mais – como a grande maioria dos livros de King que eu leio. Assim como seu personagem Bill Denbrough, de IT – A Coisa, King é ótimo na construção dos livros e péssimo nos seus desfechos (o que só prova que todos os livros de King tem pelo menos um pedacinho dele).
No geral, A Metade Sombria é um livro muito bom, que mostra o melhor momento de King como autor. O livro já foi adaptado para as telonas em 1993 e já estou super curioso para conferir o filme. Sendo assim, deixo aqui minha recomendação a todos vocês. Só por ser King já valeria a pena, mas esta obra tem um quê a mais. Se joguem!