Na cidade interiorana de Lagoa Pequena, mais especificamente na Rua Girassol, número 8, existe uma casa. Desde sua construção, ao longo de muitos anos, ela foi o lar de muitas famílias. E no novo livro do autor Vitor Martins vamos conhecer três delas, separadas por algumas décadas, mas com muito em comum.
Na virada do século, Ana vive com seu pai na casa 8. A mãe morreu em seu parto e desde então tem sido só os dois. Apesar de gostar muito do pai, Ana não se sente pronta pra contar algumas coisas da sua vida para ele. A menina é lésbica e sua melhor amiga, Letícia, na verdade é sua namorada. Quando Celso surge com a notícia de que ele e Ana irão se mudar para o Rio de Janeiro em duas semanas, a vida da garota vira de cabeça para baixo. Como ficará seu namoro com essa distância? E será este o melhor momento de revelar para o pai sua sexualidade?
Em 2010 quem vive na casa é Catarina, junto de seu cachorro de três pernas, o fofíssimo Keanu Reeves. A mulher mantém uma locadora de filmes funcionando na garagem e o negócio vai de mal a pior, ainda mais depois que a internet facilitou o contato cinematográfico. Gregório é o sobrinho de Catarina e vai passar uns tempos na casa da tia que mal conhece por conta da separação iminente dos seus pais. O que Greg jamais imaginou é que construiria um laço muito forte com a casa e com sua tia, além de, talvez, ter encontrado seu primeiro amor e o garoto que lhe daria seu primeiro beijo. Mas no meio de tudo isso, Greg ainda tentará salvar a locadora da tia da falência. Será que isso é possível?
Já em 2020, Beto está vivendo no meio da pandemia em um lockdown total. Sua mãe, que é psicóloga, está atendendo remotamente durante o dia, o que faz com que Beto fique mais sozinho do que nunca, apenas postando fotos aleatórias em seu Twitter. O único amigo do garoto é Nico, que ele conheceu na internet e com quem troca mensagens todos os dias. No fundo, Beto sabe que sente um forte crush pelo amigo, mas não quer estragar as coisas. A vida na casa 8 vai sofrer um baque quando a irmã de Beto aparece. A garota, que morava em São Paulo, estava se sentindo triste longe da família e resolveu cumprir o isolamento com a mãe e o irmão. Essa é a grande chance de Beto se aproximar da irmã e os dois se conhecerem melhor, além de ter alguns bons conselhos sobre como lidar com Nico. Mas como reaprender a conviver com uma pessoa tão diferente em tão pouco tempo?
Vitor Martins é um autor sensacional que vem ganhando cada vez mais destaque com suas obras. Quinze Dias é um dos meus livros favoritos da vida e não canso de elogiar a escrita de Vitor, que é sempre fluida e envolvente, com personagens reais e muito romance fofinho e apaixonante. Se a Casa 8 Falasse não foi diferente e já entrou pro meu hall de queridinhos.
O livro é narrado pela própria casa e achei essa jogada sensacional. É muito estranho imaginar uma casa com vida e sentimentos, mas dentro da história pareceu algo bem natural. A casa acompanha a evolução de seus moradores apenas no período que ali vivem e só consegue saber o que acontece entre suas paredes. Ao longo de décadas várias famílias ali viveram e a casa guardou um pedacinho de cada, se importando sempre com a felicidade deles.
Como cada um dos personagens vive em uma década, num primeiro momento parecia que eles não teriam nada em comum além da casa. Mas me surpreendi conforme Vitor foi inserindo fatos de uma história na outra e as interligando. Cada vez que eu percebia isso, ficava muito contente, já que era uma forma de saber um pouco mais sobre o futuro dos personagens.
Se a Casa 8 Falasse é um livro envolvente e reflexivo, com personagens bem construídos, romances de tirar o fôlego e construção de novos laços. Estou completamente apaixonado por essa história, tendo finalizado a leitura com um quentinho enorme no coração. Sem sombra de dúvidas recomendo essa história, assim como todas as outras do autor. Tenho certeza que vão se encantar assim como eu.