Em um mundo futurístico, humanos, ciborgues, androides e lunares (habitantes da lua) interagem e compõe a nova sociedade da Terra. Nesse universo distópico em que a quarta guerra mundial aconteceu a mais de cem anos e um surto de letumose – uma doença letal vem massacrando a população, vive Lihn Cinder, uma garota ciborgue que sabe pouco sobre seu passado, pois foi adotada por um misterioso cientista que logo faleceu, deixando-a aos cuidados da madrasta e as duas irmãs.
A madrasta enxerga Cinder como um fardo deixado pelo marido, e não vê outra utilidade para a enteada além da garantia de sustento do próprio lar e das filhas, já que Cinder é considerada a melhor mecânica de Nova Pequim. Por esse motivo Cinder é obrigada a trabalhar para trazer recursos para casa.
E enquanto a madrasta e as irmãs se ocupam com vestidos, bailes e fitas, ela suja as mãos em sua tenda de trabalho e faz os serviços domésticos para se mostrar grata, obediente e garantir um teto sobre a cabeça.
Mas a vida de Cinder muda drasticamente quando o Príncipe Kai, o herdeiro do trono aparece pessoalmente em sua tenda em busca dos melhores serviços de mecânica para seu androide. Cinder jamais sonhou estar frente a frente com o príncipe como acontecia com suas irmãs, mas a presença de Kai a desestabiliza emocionalmente e por esse motivo ela omite sua verdadeira origem e se permite ser tratada como uma jovem humana comum, já que suas partes robóticas não ficam em evidência.
Em contrapartida, Kai se surpreende ao encontrar uma jovem tão bela, simpática e eficiente em seu ofício. Seria possível um romance entre uma humilde mecânica e um Príncipe?
Em Nova Pequim, a letumose vem ganhando mais força e dizimando a população, inclusive o próprio Rei, que fica mais doente a cada dia. Apesar dos esforços de Kai e dos cientistas do reino que trabalham dia e noite para encontrar uma cura, os resultados continuam desanimadores. Toda pessoa contaminada pela doença não sobrevive por muito tempo e ciborgues estão sendo entregues como cobaias para estudo nos laboratórios do palácio.
Como se não bastasse lidar com todo o caos que se transformou a Terra, o príncipe precisa escolher sua pretendente no baile que se aproxima. E embora Cinder queira participar do evento, sabe que sua madrasta jamais permitiria, tampouco lhe compraria um vestido novo.
Tudo piora quando Levana, a cruel e fria Rainha Lunar decidi vir a Terra com a proposta de um acordo de casamento com o príncipe. Tal acordo evitaria um confronto com nosso planeta e garantiria uma possível cura contra a doença que assola a população. Mas será que a Levana realmente tem boas intenções?
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Embora seja uma releitura inspirada na história de Cinderela, Marissa Meyer criou um universo diferente e único para Cinder, usando elementos do clássico que conhecemos desde a infância, mas mudando todo o contexto da trama. O resultado? Uma distopia futurística de tirar o fôlego.
Nessa história, a mocinha não é a típica garota maltratada que encontra libertação somente nos braços de seu amado príncipe. Pelo contrário, Cinder é corajosa, altruísta e fará de tudo o que estiver ao seu alcance por aqueles que ama e por sua própria vida. Kai também não é o príncipe ao qual estamos acostumados nos contos de fada. Ele é leal, cavalheiro e ciente dos seus deveres, foi impossível não me apaixonar por ele.
Com uma narrativa leve e fluída, personagens bem construídos, e uma trama que aborda embates políticos, romance e briga pelo poder, Cinder inicia As Crônicas Lunares com o pé direito, mostrando que ainda é possível inovar quando se trata de releituras.