Lochan Withely tem dezessete anos, mas não leva a vida normal que um garoto da sua idade deveria levar. Ele está no último ano do ensino médio, e a pressão para os exames e admissões de faculdades estão o rondando, só que esse não é seu único problema, tampouco o mais importante.
Lochan é o mais velho de cinco irmãos e viu sua vida virar de cabeça para baixo depois que o pai abandonou a família para casar-se com outra mulher há cinco anos. A mãe, revoltada com a separação e por ter dedicado anos de sua vida a uma família que nunca quis, passou a viver apenas para ela, arrumando um namorado novo toda semana e gastando todo seu dinheiro em bebidas, roupas e cigarros, abrindo mão do seu papel de mãe e deixando os filhos à mercê da própria sorte.
Dessa forma, Lochan, assumiu a função de cuidar dos irmãos. Ele conta apenas com a ajuda da irmã Maya, que é seu porto seguro em meio a esse caos. Os dois juntos se encarregam de manter a casa, fazer as compras, levar os pequenos para a escola e coisas do tipo. Cuidar de Tiffin e Willa, os dois menores, não é fácil, mas a relação com eles é muito mais tranquila do que com Kit, o irmão do meio, que aos treze anos está naquela fase rebelde da adolescência e gosta de questionar a autoridade dos irmãos mais velhos.
Maya tem dezesseis anos, apenas treze meses mais nova que Lochan, e tem no irmão mais velho seu herói. Devido à pouca diferença de idade, os dois sempre viveram juntos e sempre foram melhores amigos. Quando precisaram assumir o cuidado da família, um segurava a barra para o outro, e isso nunca foi visto com outros olhos. Até agora.
Com toda pressão sobre os ombros de Lochan, o garoto está cada vez mais agitado, sem um pingo de sossego em sua vida. Ele quer se mostrar forte, mas as brigas constantes com Kit e a negligência da mãe o afetam demais. Lochie sente que precisa ser o líder para poupar Maya e os menores de tudo que a vida tem de ruim, mas chega um certo momento em que tudo explode e seus sentimentos entram em conflito. Maya está ali ao seu lado, como sempre, e é a partir daí que ele começa a vê-la com outros olhos.
Além disso tudo, Lochan ainda sofre com crises de pânico na escola. Suas notas são impecáveis e ele é querido por todos os professores, mas possui uma dificuldade enorme de se relacionar com os colegas e não consegue falar em público. Apresentações são seu maior tormento, e a única pessoa que consegue entrar em sua concha é Maya.
Depois de tudo que passaram juntos, parece natural que Maya e Lochan se apaixonem um pelo outro. Os dois sabem o quanto isso é errado, mas isso não os impede de tentar viver esse romance e serem felizes após tanto tempo sofrendo. Os problemas continuam, e esconder mais esse segredo pode ser desgastante. Até onde isso vai? E se alguém descobrir, quais serão as consequências? O amor está ali, agora cabe aos dois lutar pra levar isso adiante ou desistir e tentar viver suas vidas sem o outro ao lado. Uma decisão nunca foi tão difícil, e, com tudo que eles conhecem em risco, a situação não será nada fácil.
Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler!
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Lançado em agosto de 2014, Proibido foi um livro que despertou opiniões bem divergentes na blogosfera por lidar com um tema tão polêmico: o incesto. Eu não sabia o que esperar da trama. A cada resenha lida minha visão mudava. Pessoas em quem confio muito no gosto literário me diziam pra me preparar para um rio de lágrimas. Resolvi então solicitar e tirar a prova por mim mesmo. Nada do que me foi dito me preparou para o que encontrei.
A escrita de Tabitha Suzuma é deliciosa. Logo nas primeiras páginas me vi preso à sua narrativa e esperando os próximos acontecimentos. Só que chegou um certo momento da história em que Tabitha deixou de me convencer e eu perdi o foco, procurando explicações plausíveis para os acontecimentos e me decepcionando ao não encontrar. A ideia que ela teve foi ótima, o que faltou foram os argumentos concretos para mantê-la.
A narrativa é feita em primeira pessoa, alternando-se entre Lochan e Maya a cada capítulo. Essa foi uma boa forma de conhecer os dois lados da história e desvendar os dois irmãos a fundo. O problema é que nenhum deles despertou minha empatia, e em muitos momentos isso me irritava. Como se inserir na trama se você não tem nenhuma identificação com os personagens?
Lochan e eu tivemos aquela típica relação de amor e ódio. Nas primeiras páginas, quando o personagem foi apresentado, gostei bastante dele e vi ali um garoto esforçado e batalhador, e no primeiro capítulo já torcia por seu final feliz. Só que, conforme o livro foi avançando, Lochan foi mostrando um lado amargo, egoísta, e isso foi um balde de água fria. Sua personalidade mudou radicalmente, e eu não conseguia mais suportar os capítulos narrados por ele.
Já Maya foi a mesma do começo ao fim. O único problema é que sua personalidade era um tanto quanto submissa, e eu me irritava demais em vê-la aguentando tanta coisa calada. Acho que a personagem não teve o merecido desenvolvimento, sendo apenas uma bobinha apaixonada quando poderia ser muito mais.
O romance entre eles também não me convenceu. Em alguns momentos eu torcia pelo casal, mas, quando a situação externa era colocada novamente em questão, eu notava que faltava algo. O romance surgiu por um motivo besta e, apesar de ser comovente, não era algo bem estruturado. Suzuma não conseguiu me fazer torcer pelo casal de irmãos, e sim por um casal qualquer. Não que o incesto seja algo que eu concorde, mas, se é um romance sobre incesto, acho que deveria despertar a empatia do leitor.
Os personagens coadjuvantes também não foram bem aproveitados. Kit tinha um potencial imenso, mas foi caracterizado apenas como o adolescente rebelde gerador de conflitos. Ele é uma peça-chave no final da história, mas até isso foi risível. As aparições da mãe eram tão desnecessárias que não entendi por que a autora insistiu em inseri-las várias vezes na trama. Parecia um lembrete constante de que ela era negligente e não prestava, mas isso era possível captar apenas com a visão da vida dos garotos. Somente os doces Tiffin e Willa que me cativaram. Os dois são extremamente fofos e com certeza os que mais sofrem com a ausência da mãe. Era tocante vê-los relacionando-se com os irmãos em busca de atenção e afeto sempre que eram deixados de lado pela matriarca.
Depois de tudo isso vocês devem estar se perguntando o motivo de eu ter dado quatro estrelas para o livro. O fato é que Proibido mexeu com meus sentimentos de tal forma que eu derramei sim algumas lágrimas, e isso não acontece com frequência. Tabitha Suzuma pode não ter deixado todas as pontas fechadas como eu gosto, mas soube me emocionar na medida certa.
O final foi o que mais me decepcionou e me deixou em dúvida sobre ter gostado ou não do livro no geral. Achei que a solução que a autora deu para o conflito foi um tanto covarde, como se ela não soubesse o que fazer pra encerrar a história e essa fosse a única alternativa cabível. Não entendo de jurisdição, mas acredito que havia outra saída para Lochan e Maya.
Quanto à edição física, a Valentina está mais uma vez de parabéns. A capa é linda e reflete muito do livro. A diagramação também está incrível. Nos cantos superiores das páginas temos o desenho do mesmo arame farpado da capa. A revisão está ótima, não lembro de ter encontrado nenhum erro durante a leitura. As páginas são amareladas e a fonte é grande.
Proibido pode não ter sido o melhor livro que li e ter todos os seus defeitos, mas mesmo assim eu recomendo a história pra vocês. Só dou o alerta pra se prepararem para muitas frustrações e deixarem os lencinhos do lado, pois as lágrimas são inevitáveis.